Novos formatos de pirâmides financeiras com criptomoedas
Existe uma mentalidade de que para um negócio ser pirâmide financeira é necessário bonificação por indicação, binários, promessas de retorno garantido ou similares. Antes de mais nada é importante lembrar que já existiram grandes pirâmides de cupons postais, produtos de beleza, ouro, avestruz, formigas, boi gordo, telefonia VOIP, dentre várias outras. Há registros de pirâmides há mais de 200 anos, embora seja provável que charlatões sempre existiram.
A medida que o sistema financeiro e de comunicação evoluiu, as pirâmides também. No passado era necessário que cada “cliente” indicasse outras pessoas pois as opções disponíveis para marketing eram muito custosas ou ineficientes. Atualmente é possível comprar listas de e-mail gigantescas por valores irrisórios, colocar banners em grandes portais, além da abertura de empresas e contas bancárias poder ser realizada de forma 100% online.
Para completar o quadro endêmico, novas ferramentas como plataformas que simulam o ambiente de corretoras foram desenvolvidas especificamente para golpistas. Ou seja, é possível filmar ou gravar alguém operando numa exchange em tempo real realizando vários trades com ganhos, quando na verdade tudo não passa de uma simulação. Da mesma maneira é possível criar plataformas “estilo cassino”, nas quais usuários ganham a maioria das vezes no início, estimulando depósitos maiores, para então aumentar a dificuldade, causando grandes perdas.
Tivemos recentemente no Brasil 2 pirâmides de criptomoedas que inovaram completamente no formato. Uma delas permitia que o próprio usuário arbitrasse o valor do suposto “Bitcoin” na exchange, mantendo uma margem que fosse vantajosa. Similar a “estratégia cassino”, neste caso é necessário um aporte por parte do piramideiro para sustentar estas perdas iniciais. A idéia é que o próprio usuário indique amigos e familiares, além de aumentar cada vez mais seus depósitos. Ao chegar no tamanho desejado, basta dar algum tipo de “exit scam”, um golpe para anunciar o fim da empresa, sumindo com os valores depositados.
Outra pirâmide de criptomoedas que também atingiu um valor astronômico operava de forma mais tradicional, oferecendo altos rendimentos mensais. A inovação deu-se no sentido de criar uma estrutura física impressionante com 300 funcionários, laje corporativa enorme numa região nobre de São Paulo, escritórios de representação em diversas cidades e acima de tudo um corpo técnico de excelência em diversas áreas. Ou seja, o apelo não era apenas a promessa de retorno ou marketing com atores globais, mas incluía diversas figuras renomadas nas áreas de blockchain, segurança de informação, análise de dados, inteligência artificial e investimentos.
Nada impede novos formatos de pirâmides surgirem, especialmente numa área como criptomoedas, que além de apresentar grande volatilidade a vasta maioria da população não tem o menor entendimento. Pra piorar as coisas a rastreabilidade destes valores torna-se bem complexa uma vez que passa por exchanges estrangeiras não reguladas. Desta forma seria impossível redigir alguma espécie de manual de instruções pra evitar pirâmides.
Invista em educação: estude bastante sobre wallets (carteiras), exchanges e p2p antes de iniciar seus investimentos em criptos. Tente fazer besteira e errar com R$ 50 antes de estar confortável pra fazer aportes maiores.
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