Sem argumentos? Atlas Quantum não apresenta defesa em processos e é declarada culpada à revelia
Em caso citando Atlas Quantum e Matheus Grijó como réus, empresa sequer apresentou defesa à Justiça.
Suspeita de ser das maiores pirâmides financeiras do Brasil, a empresa que ofertava investimentos em Bitcoin Atlas Quantum deixou de apresentar defesas em processos judiciais que acusam a empresa de fraude, sendo julgada à revelia. A matéria é do LiveCoins.
Em um processo de junho de 2020, Atlas e o empresário Matheus Grijó, fundador da Anubis Trade (vendida para a Atlas em agosto de 2019) são citados em processo que envolve dois clientes que tiveram seus fundos bloqueados na Atlas.
A Justiça deu um prazo de 15 dias para a empresa e Grijó apresentarem suas defesas, depois de serem citados judicialmente. Nenhum dos dois, porém, apresentou argumentos no período estipulado: Matheus Grijó apresentou sua defesa depois do prazo vencido e a Atlas nunca apareceu, sendo julgada e considerada culpada à revelia.
Em sua defesa, apresentada com o prazo expirado, o ex-dono da Anubis Trade afirma não ter relação com os investidores, que a Atlas Quantum e Rodrigo Marques (CEO da Atlas) eram responsáveis pela Anubis e que vendeu a empresa “solvente” a eles. O juiz do caso não acatou o argumento:
“Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão inicial, tornando definitiva a tutela de urgência de fls. 191/192, para CONDENAR a parte ré, solidariamente, a disponibilizar os saques solicitados pelos autores, no valor de R$ 186.338,53, com correção monetária, a contar da data da ordem do saque (19 de abril de 2020 fls. 5) e juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação.”
Os clientes que abriram o processo contra a Atlas depositou 1,36456618 BTC, valor que hoje valeria cerca de R$ 130.000.
Tanto Atlas quanto Matheus Grijó já foram responsabilizados pela Justiça em casos abertos por clientes que tiveram os fundos na Anubis e da Atlas Quantum retidos sem autorização.
A Atlas começou sua derrocada em agosto de 2019, quando a Comissão de Valores Mobiliários proibiu a Atlas de oferecer seus produtos de investimento. Logo depois, a empresa passou a bloquear os saques de todos os clientes e o CEO, Rodrigo Marques, é acusado de estelionato e lavagem de dinheiro, mas não foi mais visto. A sede da empresa
Surpreendentemente, no mesmo mês de agosto de 2021, a Atlas comprou a Anubis Trade de Grijó, quando os atrasos nos saques já começavam na plataforma da Atlas. Não demorou muito para a plataforma da Anubis também bloquear os fundos de seus clientes.
Hoje, a Justiça tenta bloquear R$ 65 milhões em Bitcoin da Atlas Quantum retidos em exchanges internacionais. Em 2020, a empresa transferiu 49 BTCs para uma carteira focada em anonimato.
A exchange brasileira Stratum listou recentementeo token BTCQ, que foi lançado pela Atlas para tentar pagar parte dos clientes, em sua plataforma. A iniciativa foi vista com estranheza pelo mercado cripto nacional.
Segundo informações apuradas pelo Cointelegraph Brasil, este não seria o primeiro caso em que a Atlas Quantum não apresenta defesa à Justiça. Em março e em abril, houve outros dois casos em que a empresa foi condenada à revelia, o que pode indicar uma nova tendência de posicionamento dos acusados pelos crimes da empresa.
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