NFTs fecham 2022 em baixa, mas alguns setores apontam novos rumos para retomada de alta do mercado
Volume de negociação de tokens não fungíveis chega ao final de 2022 próximo de suas mínimas históricas após ter atingido o topo em janeiro.
O inverno cripto começou mais tarde para os tokens não fungíveis (NFTs), mas à medida que o mercado de criptomoedas foi sendo abalado por sucessivos golpes seguidos por fortes desvalorizações, os cripto-colecionáveis acabaram se tornando uma das maiores vítimas do declínio da indústria em 2022.
Depois de atingir sua máxima histórica em janeiro, o volume negociado de NFTs caiu 97%, de acordo com dados da Dune Analytics compilados pela Bloomberg. Atualmente, as transações de NFTs sequer chegam a US$ 500 milhões, quando em janeiro totalizaram US$ 17 bilhões nos marketplaces OpenSea, Rarible, NFTX, LarvaLabs, Foundation e SuperRare.
A primeira onda de NFTs foi marcada pelo sucesso de coleções de fotos de perfil (PFP), como Bored Ape Yacht Club (BAYC) e CryptoPunks. No entanto, mesmo os considerados NFTs blue-chips não resistiram à queda do mercado e o preço-base de itens de suas coleções desvalorizaram significativamente.
Em 30 de abril, o preço-base de um BAYC atingiu a máxima de US$ 420.000. Ao final de 2022 é possível comprar um item da coleção por pouco mais de US$ 80.000 – uma depreciação de 80%, de acordo com dados do CoinGecko.
No que diz respeito ao preço-base dos NFTs da CryptoPunks, o declínio foi um pouco menor. A máxima de 2022 foi registrada em 29 de março – US$ 241.000 – e atualmente o preço mínimo de um Crypto Punk é de aproximadamente US$ 77.000, de acordo com dados do CoinGecko.
No entanto, nem tudo é desolação para os criadores e colecionadores de tokens não fungíveis. Alguns pontos positivos podem ser destacados ao final deste ano, apontando os caminhos que podem contribuir para a retomada do interesse e da alta do setor em 2023.
Tendências para 2023
O padrão ERC-721 dos tokens não-fungíveis foi originalmente desenvolvido para aplicações da blockchain da Ethereum (ETH), mas a partir da segunda metade de 2022 um novo ecossistema de NFTs emergiu na Polygon (MATIC), aproveitando-se das taxas de transação mais baixas da rede.
Dados compilados pela Nansen mostram que o número de traders de tokens não fungíveis da Polygon atingiram novas máximas históricas em dezembro, em oposição ao declínio do número de usuários ativos em redes cujos ecossistema de NFTs estão consolidados há mais tempo, como a própria Ethereum e a Solana (SOL).
Os usuários ativos de NFTs da Solana, por exemplo, caíram de mais de 160.000 por semana no final de setembro para menos de 60.000 atualmente. Já os usuários da Ethereum caíram cerca de 250.000 por semana para cerca de 183.000 no mesmo período.
Considerando apenas lançamentos de projetos de NFTs no OpenSea, os dados da Nansen mostram o crescimento do ecossistema de NFTs da Polygon em paralelo ao declínio das líderes do mercado.
Entre 5 de outubro e 11 de dezembro, o número de usuários que realizou sua primeira compra de NFT na rede subiu de 1.858 para 43.761, enquanto número de compradores recorrentes cresceu de 8.739 para 81.317.
A popularização da Polygon como um hub alternativo de NFTs teve início a partir do lançamento de coleções do Reddit em agosto. Elas foram capazes de atrair usuários não familiarizados com o universo de criptoativos para o espaço. Das dez principais coleções de NFTs baseadas na Polygon, quatro são vinculadas ao Reddit.
Além disso, grandes marcas também elegeram a Polygon para hospedar suas coleções, contribuindo para aumentar o número de usuários ativos vinculados ao ecossistema de NFTs da rede. Entre elas, a rede global de cafeterias Starbucks e a gigante de material esportivo Nike.
De acordo com o CEO do Polygon Studios, Ryan Watt, atribui à infraestrutura e às soluções oferecidas pela blockchain pela conquista da preferência destes e outros players de peso:
“Construímos um ótimo funil para que os parceiros passem e tornem a integração no Polygon realmente perfeita.”
No entanto, apesar do crescimento da atividade relacionada a NFTs na rede tenha crescido, o volume de negociação ainda é baixo, refletindo a tendência dominante atualmente no setor.
Embora diversas métricas estejam em alta no ecossistema de NFTs da rede, o volume de negociação semanal nos últimos meses está próxima das mínimas históricas.
Como destacou Martin Lee, analista de dados da Nansen em uma thread publicada recentemente no Twitter, o aumento na adoção ainda não se traduziu em um aumento no volume transacionado, “sugerindo que a maioria das atividades vem de mintagens gratuitas ou negociações de baixo valor”.
Nichos em alta
Nichos da indústria do esporte e do entretenimento têm apresentado novos casos de uso e soluções interessantes para o futuro dos tokens não fungíveis, como destacou Adam Da Cata, fundador e CEO do estúdio de desenvolvimento de blockchain, metaverso e NFT, Run It Wild em uma reportagem da Forbes:
“Ainda acho que o setor está apenas arranhando a superfície do seu potencial. A mídia e o entretenimento têm as maiores oportunidades, desde esportes até grandes marcas com grandes bases de fãs. Os NFTs desbloqueiam outras maneiras pelas quais essas marcas podem interagir com seus fãs, proporcionando formas adicionais de monetização.”
O executivo reconheceu que o estado atual do mercado talvez não seja o mais atrativo para aqueles em busca das somas estratosféricas que até pouco tempo eram associadas às criptomoedas. No entanto, é ótimo para a experimentação de novos formatos e oportunidades.
Os pioneiros costumam levar vantagem sobre os seus competidores uma vez que o mercado se estabeleça entre um público mais amplo:
Acreditamos que os NFTs e a web3 transformarão a indústria da mesma forma que a internet e os serviços de streaming. Os NFTs permitem que os fãs acessem e possuam conteúdo exclusivo ao mesmo tempo que artistas e criadores estabelecem as regras sobre como esse conteúdo exclusivo é consumido e de que forma ele gera receita. Já estamos vendo como os criadores estão adotando a tecnologia e a utilidade que ela traz para a propriedade intelectual, o licenciamento de marcas e produtos e a criação de comunidades engajadas.”
Música
Praticamente ignorados pelos artistas brasileiros até o momento, os NFTs de música estão em sua primavera no exterior. Desde Grandes gravadoras como a Warner Music, passando por nomes populares como Steve Aoki e 3LAU e músicos e bandas independentes, a indústria da música está desenvolvendo novas experiências via Web3 para alavancar a distribuição, a monetização e a relação entre fãs e artistas.
Recentemente, o Warner Music Group anunciou uma parceria de vários anos com a startup LGND.io para lançar um marketplace de NFTs baseado na Polygon.
Artistas e criadores selecionados do WMG poderão lançar colecionáveis digitais a partir de janeiro de 2023. Intitulada LGND Music, a plataforma será um aplicativo acessível via dispositivos móveis e desktops compatível com NFTs de música de outras blockchains, além de ter suas próprias coleções originais, inicialmente chamadas de “Virtual Vinyls” (Vinis Virtuais, em tradução livre).
Ícones da cena eletrônica contemporânea, Steve Aoki e Justin “3LAU” Blau anunciaram em 6 de dezembro a formação de um novo duo, intitulado Punx, em que ambos utilizarão seus NFTs CryptoPunks como alter egos.
We bring to you: PUNX
10 years of friendship has led to this moment. We are excited to introduce a conceptual music/art project partly inspired by our own @cryptopunksnfts.
the sound of @itsthepunx will be different from either of our current sounds, in fact… pic.twitter.com/mNlogCLmCz
— 3LAU (@3LAU) December 6, 2022
Apresentamos a vocês: PUNX
10 anos de amizade nos trazem a este momento. Temos o prazer de apresentar um projeto conceitual de música/arte parcialmente inspirado em nossos próprios @cryptopunksnfts.
o som de @itsthepunx será diferente de qualquer um dos nossos sons atuais, na verdade…
— 3LAU (@3LAU)
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Depois do site de compartilhamento de arquivos em mp3 Limewire ter ensaiado um retorno ao mercado através da Web3, agora é a vez do player Winamp seguir um caminho semelhante.
A mais recente atualização para desktop do popular aplicativo dos anos 1990 permite que seus 83 milhões de usuários reproduzam arquivos de áudio incorporados em NFTs. Os usuários do Winamp que possuam NFTs musicais em sua MetaMask devem conectar suas carteiras de desktop ao aplicativo para importar os arquivos como uma lista de reprodução no formato .m3u.
Por fim, o marketplace de NFTs musicais Sound.xyz vem registrando uma aceleração da adoção desde novembro. Dados da Dune Analytics mostram que 12.000 de um total de 30.000 NFTs cunhados na plataforma foram criados no mês passado. Apenas na primeira semana de dezembro, outros 7.400 NFTs foram disponibilizados, sinalizando no mínimo a manutenção da tendência de crescimento.
A plataforma Web3 permite que criadores de NFTs, sejam musicais ou de arte digital, permitem que os criadores estabeleçam os casos de uso e os benefícios proporcionados aos fãs por seus ativos digitais.
Por exemplo, os artistas podem determinar o pagamento de royalties sempre que os NFTs são comercializados, enquanto os colecionadores também podem receber uma participação sobre as receitas de vendas, ganhar acesso exclusivo a shows, produtos de merchandising, encontros e outros benefícios.
Esportes
A Copa do Mundo do Catar renovou a inteseção entre NFTs, Web3 e o futebol. A própria FIFA lançou colecionáveis digitais a preços populares com grandes momentos da história das copas, enquanto os patrocinadores oficiais do torneio investiram em diversas iniciativas baseadas em NFTs, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
Na esteira do mundial, o astro argentino Lionel Messi, que disputará a final da Copa do Mundo no próximo domingo, tornou-se embaixador global e sócio do fantasy game em NFT Sorare.
Agora, a One Fottoball, em parcerica com a Animoca Brands e o Dapper Labs, anunciou o lançamento de uma coleção de tokens não fungíveis Intitulada “Footballer’s Journey”. A coleção está sendo comercializada desde a quinta-feira, 15, ao preço de US$ 29 a unidade, e pretende abordar em histórias em quadrinhos a trajetória de grandes nomes do futebol mundial.
Cada NFT traz quatro “painéis”. Combinadas, as imagens vão contando a história de craques como o brasileiro Vini Jr., o senegalês Sadio Mané, e o francês Raphaël Varane, entre outros.
Ao completar os quadrinhos completos, os usuários ganharão recompensas exclusivas, entre as quais a oportunidade de conhecer os jogadores pessoalmente, informou o comunicado distribuído à imprensa.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, os registros de marcas para NFTs, metaverso e criptomoedas cresceram significativamente em 2022 apesar do esfriamente do mercado, em mais um sinal que aponta para dias melhores para os traders e criados do espaço.
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