‘Novas formas de dinheiro digital têm o potencial de tornar os pagamentos mais rápidos e baratos’, destaca analista da Skilling sobre o Real Digital
“Parece-me um passo natural para cada país ter a sua própria moeda digital”, afirmou José Giraz, analista de mercado financeiro na Skilling e diretor da empresa para a LATAM
O Banco Central do Brasil, BC, vem estudando desde 2016 os impactos da criação de uma Moeda Digital de Banco Central, (CBDC) para o Brasil e, desde o ano passado, o regulador confirmou que a instituição está trabalhando no Real Digital que deve ter seus testes iniciado em 2022.
Segundo Fábio Araújo, coordenador do Real Digital dentro do BC, a proposta é que a moeda digital brasileira seja uma espécie de token nativo de um ecossistema de inovação que habilitam smart contracts, finanças descentralizadas (DeFi), tokenização de ativos, aplicações em Internet das Coisas, entre outros.
Ainda segundo o BC, os testes, via provas de conceito, devem iniciar em 2002 e, embora a tecnologia do Real Digital ainda não esteja definida, o regulador também incluirá uma plataforma blockchain entre as tecnologias que podem dar vida ao Real Digital.
Para entender como as empresas vem avaliando esta inovação proposta pelo BC o Cointelegraph Brasil conversou com José Giraz, analista de mercado financeiro na Skilling e diretor da empresa para a LATAM.
De acordo com Giraz é inevitável que os Bancos Centrais criem e emitam versões digitais de suas moedas nacionais para não perderem o timing da digitalização da economia.
“Parece-me um passo natural para cada país ter a sua própria moeda digital, a tecnologia é criada, é segura e o hacking é muito improvável, visto que é constantemente validado e auditado por todos os nós”, disse.
Não pode dar costas a inovação
No entanto, segundo destacou o executivo, processo de criação de uma CBDC, pelos Bancos Centrais não será fácil e seu caminho será repleto de obstáculos pois os reguladores precisam entender o funcionamento da economia digital e como a emissão desta moeda digital será fiscalizada e regulada para evitar uma emissão desenfreada da moeda.
“Como mencionei, o processo será longo, mas eventualmente o objetivo de criar uma moeda virtual será alcançado. Agora, em termos de serviços financeiros, será uma grande ferramenta de integração. Este tipo de instrumento dirige-se também às novas gerações, ávidas por este tipo de tecnologia, e será certamente uma moeda de troca no pagamento de bens e serviços”, disse.
Giraz destaca que além do Brasil outros países estão trabalhando na emissão de sua própria moeda digital, como é o caso do México, que atualmente é o país com maior demanda por criptomoedas na região e está entre os 5 primeiros países do mundo em termos de comercialização.
“O importante a se notar é que a maioria dos Bancos Centrais do mundo está analisando a possibilidade de criar sua própria moeda virtual, confirmando que não podem dar as costas às novas tecnologias e que todos os países devem se adaptar e buscar a digitalização da economia”, afirmou.
Mais eficiência para o sistema
Para o analista os bancos centrais precisam trabalhar em como será feita a integração de uma CBDC junto ao sistema financeiro atual e incluir nesta integração os participantes do setor privado.
“Cada país define suas políticas macroeconômicas por meio dos Bancos Centrais e essas entidades são as primeiras a se interessar pela criação de sua própria moeda virtual (CBDC). Novas formas de dinheiro digital têm o potencial de tornar os pagamentos mais rápidos e baratos, melhorar a inclusão financeira e facilitar as transferências internacionais”, afirmou.
Giraz também destacou que o desafio para os Bancos Centrais será as regras do mercado, pois tanto a CBDC como as criptomoedas serão integradas no novo sistema neste momento de transição onde a população terá à sua disposição tanto moedas digitais como moedas físicas.
“Outro exemplo seria como os criptoativos serão usados no futuro. Você poderia comprar uma casa ou um serviço com dinheiro físico e dinheiro virtual ao mesmo tempo? Eles pagariam os mesmos impostos? Acho que há muito trabalho a ser feito em termos macroeconômicos no mercado de criptoativos. Hoje, há pouca regulamentação e mais questões do que certezas sobre como as políticas monetárias devem regulá-los”, finalizou.
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