Maioria dos brasileiros aprova real digital, mas 40% querem criptoativo como moeda oficial do país

Pesquisa realizada pela plataforma de comparação de softwares Capterra mostra que os brasileiros são receptivos à modernização do sistema monetário do país.

O acesso a serviços bancários através de fintechs, a popularização do Pix como instrumento preferencial para transferências de dinheiro e o aumento de investimentos em criptomoedas prepararam a população brasileira para a implantação do real digital.

Pesquisa recém divulgada pela plataforma de comparação de softwares Capterra a que o Cointelegraph Brasil teve acesso revelou que para uma amostra de 66% dos brasileiros o real digital será algo positivo tanto para em nível individual quanto para o desenvolvimento econômico do país de uma forma geral.

Atualmente em desenvolvimento, a moeda digital do Banco Central (CBDC) brasileira deverá ser implementada em fase de testes já a partir do ano que vem, de acordo com reiteradas declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Apesar de serem receptivos a uma moeda 100% digital, 70% dos entrevistados manifestaram algum tipo de receio em relação ao real digital. Roubos e ataques hackers são a principal fonte de preocupação, com 27%, seguidos por perda da privacidade, com 22%, e pelo controle estatal sobre os fundos e movimentações financeiras dos cidadãos, com 21%.

Outros 20% disseram não ter nenhum tipo de preocupação em relação à adoção da CBDC nacional.

CBDC ou criptomoedas?

Parte das questões que causam desconfiança aos brasileiros poderiam ser minimizadas no caso da adoção de uma criptomoeda como o Bitcoin (BTC) como moeda oficial do país. E a disposição dos brasileiros para adotá-las é até maior do que a receptividade ao real digital. Desde que oficialmente regulamentadas pelo governo, 75% dos entrevistados declarou ter total ou muito interesse em criptomoedas.

As criptomoedas não são intermediadas por instituições financeiras tradicionais, não são reconhecidas como moeda pelo Banco Central nem são reguladas por órgãos governamentais de fiscalização, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Diante da ausência de uma legislação específica sobre o setor, as garantias jurídicas de seus proprietários são bastante limitadas.

A CBDC, por sua vez, manteria todas as propriedades e atribuições do real, mudando apenas a sua forma de emissão. Um sistema monetário totalmente digital pode contribuir para dinamizar a economia brasileira, até mesmo incorporando algumas funcionalidades até hoje exclusivas das criptomoedas, como a tokenização de ativos e instrumentos de finanças descentralizadas (DeFi).

Mesmo expostos aos riscos de um mercado sem regulação, 71% dos entrevistados afirmaram confiar nas criptomoedas como meio de pagamento de transações realizadas on-line, e 62% disseram que as utlizariam para realização de transferências nacionais e internacionais de valor.

Nestes quesitos também é interessante notar que a credibilidade das criptomoedas é apenas um pouco inferior à confiança dos brasileiros em instituições bancárias tradicionais.

Enquanto os bancos têm a confiança de 76% dos entrevistados para realização de transferências nacionais de valores, as criptomoedas têm 63%. Para transferências internacionais, os números são 71% e 62%, para pagamentos on-line, 80% e 71% e para garantia de empréstimos, 68% e 53%, respectivamente.

Ao mesmo tempo, há um grau considerável de desconfiança em relação ao uso de criptomoedas em atividades ilegais – 54% revelaram-se totalmente ou muito preocupados com crimes envolvendo ativos digitais.

Este ano, dois casos de fraude financeira e formação de organização criminosa relacionados a investimentos em criptomoedas despertaram a atenção do público: o caso das GAS Consultoria Bitcoin, que teria movimentado R$ 38 bilhões, e o caso do Bitcoin Banco, cujo líder teria montado um esquema que movimentou R$ 1,5 bilhão.

Padrão monetário preferencial

Na conclusão da pesquisa, houve um questionamento sobre qual seria o sistema monetário mais adquado ao Brasil dentro de um período de cinco anos. As criptomoedas foram eleitas o padrão preferencial para 40% dos entrevistados, seguidas pela CBDC, com 29%, e pela manutenção do sistema atual, com 17%.

A pesquisa da Capterra foi realizada entre os dias 4 e 5 de outubro, e ouviu 999 pessoas de ambos os sexos, acima de 18 anos, de todas as regiões do país.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o interesse crescente da população brasileira pelo mercado de criptomoedas motivou o Mercado Livre e a 99 a incorporarem a compra e venda de Bitcoin através dos aplicativos móveis de seus serviços de pagamentos digitais.

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