Ministério da Saúde usa Blockchain para integrar dados de exames da COVID -19
“O paciente vai ter acesso às suas informações de saúde e isso também vai evitar fraudes”, foi assim que o Coordenador de Desenvolvimento de Sistemas do Ministério da Saúde Elmo Raposo Oliveira apresentou o projeto de Blockchain no SUS, na segunda-feira (21), durante o webinário Blockchain e o Setor Público no Brasil, promovido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo Oliveira, o projeto Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) já está em funcionamento e tem servido para contabilizar os resultados dos testes de COVID-19.
“O primeiro a subir foi o de exames do Covid. Tem uma nova portaria do Ministério que todos os laboratórios públicos e privados têm de enviar os resultados do Covid para a rede RNDS”
Ele mencionou que leva dois a três dias para que esse resultado seja enviado por laboratórios como Sabin e Fleury que já estão trabalhando no sistema.
Oliveira apontou que hoje há um conjunto mínimo de dados com o resumo do atendimento, sumário de alta, imunização, medicamentos dispensados e exames realizados.
Blockchain na Saúde
A ideia de usar a Blockchain não foi apenas para esse momento da epidemia do Coronavírus. Oliveira mencionou que hospitais e laboratórios não compartilham os dados entre si.
“A gente tem 5 bilhões de registros por ano de informações clínicas, mais de 150 mil estabelecimentos de saúde e mais de 5 mil hospitais. Toda essa estrutura não troca informações. As informações não interagem. Fica cada um no seu lugar.”
De acordo com Oliveira, isso não é nada legal tendo o cenário que é de aumento de uma população de pessoas mais velhas o que demanda “assistência de saúde mais efetiva e eficiente”.
Ele disse que o custo de atendimento em 2023 será mais alto e que havia a necessidade de se ter a integração das informações de saúde nas mãos do paciente que é o dono desses dados, o que ajudaria até mesmo evitar fraudes.
“O paciente sabendo o que está acontecendo com ele é bom para que possa acompanhar sua saúde e evita também as fraudes, pois o paciente saberá que ele não fez tal procedimento. Há casos de fraudes com os dados dos pacientes. Esse é um ponto muito importante que o Ministério da Saúde vem trabalhando”.
Connect SUS
Com isso, ele anunciou a criação do projeto Connect SUS que irá compartilhar informações sobre pacientes aos profissionais de saúde e ao mesmo tempo levará ao cidadão, por meio do aplicativo Connect SUS Mobile, o histórico de sua saúde registrado na RNDS bem como informações de estrutura do SUS.
Oliveira explicou que as informações dos pacientes somente serão disponibilizadas aos profissionais de saúde com o consentimento desses pacientes.
Para que não haja qualquer tipo de fraude nas informações, o Ministério da Saúde elegeu a Blockchain. Isso se deu após conversa com outros países como Inglaterra, Estados Unidos, Rússia e com empresas de tecnologia como Amazon, Google e Microsoft.
A Blockchain na visão de Oliveira é a ferramenta perfeita uma vez os seus blocos não podem ser alterados e a “distribuição das informações são registradas em cadeia e por isso é rastreável”. Ele mencionou que ser confiável, distribuído e rastreável “faz parte da natureza da Blockchain”.
Tecnologias associadas
O governo, no entanto, não adotou apenas a Blockchain. Segundo Oliveira ela será apenas uma das ferramentas.
“A gente não usou só a Blockchain. A gente usou várias tecnologias. A gente tem o data center com a maioria de nossas informações, a Cloud e as nossas APIs. O blockchain é só uma das ferramentas”.
A preocupação, segundo o especialista do Ministério da Saúde, era de não deixar a Blockchain pesada porque são bilhões de informações que poderiam prejudicar a performance da rede. A solução foi a de deixar apenas o Timeline na Blockchain.
Ele mencionou, por outro lado, que está criando um data lake com a estrutura da Rede RNDS, integrada à Blockchain.
“Toda informação que chega, bate no data lake, vai também para a Blockchain. Toda essa estrutura é nossa. Tem alguns ajustes. Mas é tudo nosso”.
O uso da Blockchain, portanto, seria apenas o pontapé inicial para um objetivo maior para integrar as informações ligadas a Saúde. Já trabalhando com o padrão FHIR (Fast Healthcare Interoperability Resources), o qual é adotado no mundo da saúde, o Ministério da Saúde anunciou que visa futuramente atuar com inteligência artificial, IOT (sigla em inglês para internet das coisas), Biotech.
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