Minerworld acusa imprensa de sensacionalismo por reportagens sobre Cícero Saad

A defesa da Minerworld considerou exageradas as informações na mídia sobre um vídeo divulgado no final dezembro onde um dos líderes do grupo, Cícero Saad, reapareceu convidando clientes para uma plataforma de criptomoedas. A empresa está sendo processada por crime contra a economia popular pela Justiça de Campo Grande (MS).

Por meio de uma petição no domingo (06), a defesa disse que o vídeo em que Saad convida pessoas para uma plataforma foi repercutido com distorções e deu a entender que o empresário estaria iniciando uma nova empresa, reportou o Midiamax.

Os advogados afirmaram que o vídeo que circulou entre associados teve como objetivo de trazer novas informações a respeito da ação.

Disseram também que a intenção era de convidar parceiros comerciais para aceitarem a criptomoeda Mcash, lançada pela empresa no ano passado. Afirmaram, ainda, que a plataforma já existia antes do processo.

No entanto, o referido vídeo foi publicado no Youtube, uma plataforma pública. Nele, Saad apresenta o ‘m360.exchange’ como a exchange da Mineworld e, de fato, ele não destaca que a exchange seja novidade.

O empresário, contudo, reforça que está “trabalhando há meses gerando um sistema” para que seus clientes possam migrar as criptomoedas de um antiga plataforma para esta ‘nova’. Ou seja, na prática, o sistema de exchange da Mcash não estaria, ainda, funcional, diz a reportagem.

A defesa reforçou que a criação e a divulgação do vídeo que traz o réu não teria como objetivo obter qualquer ganho, mas de fomentar um mercado para utilização da Mcash e fortalecer sua adoção pela comunidade de criptomoedas.

Criptomoeda da Minerworld

Anunciada pela empresa em 2017 e lançada mundialmente em março de 2018 em Zurique, na Suíça, a Mcash não foi vista com bons olhos pela comunidade de criptomoedas.

Segundo o site, o projeto foi considerado polêmico, pois além de não haver divulgação acerca da segurança dos códigos da Mcash, a estratégia também é apontada por especialistas como possível tentativa de golpe.

Após um mês do lançamento, aconteceu a deflagração da ‘Lucro Fácil’, uma operação policial que cumpriu mandados de busca e apreensão na Minerworld, Bitofertas e BitPago e juntou peças que incriminou as empresas e mais 16 pessoas.

A operação foi solicitada pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul após uma ação cível pública proposta pela 43ª Promotoria de Justiça e denúncia da Comissão de Valores Mobiliários.

Por que o líder reapareceu

No final de dezembro, Saad, que vai ficar cara a cara com a Justiça de Campo Grande no final deste mês, veio público convidar pessoas para a plataforma ‘m360.exchange’.

O investigado disse que desde o início eles estão colaborando com a Justiça e com o Ministério Público e apresentou o site como “um sistema” para “um plano de pagamento” para quem está “com as contas abertas”.

Segundo ele, somente desta forma o detentor das moedas vão poder utilizá-las. Mas faltou explicar quem as aceita e como trocá-la por fiat ou btc, por exemplo, pois a Mcash não está listada em nenhuma corretora de criptomoedas.

Ele apenas disse que as moedas poderiam ser usadas nos comércios, mas não citou nenhum e diz que ainda está procurando parceiros, convidando comerciantes a entrarem em contato.

O caso Minerworld

A primeira pessoa do alto escalão da Minerworld a depor na Justiça foi a empresária Rosineide Pinto de Lima que depôs, por vontade própria, no dia 17 de maio.

Lima fazia parte de um grupo criado dentro da Minerworld especificamente para responder pela diretoria e também coordenar grupos de recrutamento.

Este grupo era chamado internamente de G10. Eles que faziam a rede crescer por meio de reuniões e vídeos na internet.

Na ocasião, a empresária — que também recebeu intimação para depor no dia 24 de janeiro — disse ao MPMS que emprestou 47 bitcoins (na época avaliados em R$ 1,5 milhão).

De volta, ela alegou ter recebido cerca de R$ 300 mil de bônus e premiações entre maio de 2016 e fevereiro de 2018 e que se desligou da empresa ainda em 2017.

Sócios no banco dos réus

Na semana passada, a Justiça de Campo Grande (MS) marcou para o dia 24 de janeiro de 2019 o início do julgamento dos acusados de crime contra a economia popular que envolve as empresas Minerworld, BitOfertas, Bitpago e mais 16 réus.

A primeira audiência foi marcada pelo juiz titular da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Comarca de Campo Grande, David de Oliveira Gomes Filho, que definiu o horário das 14h para o início da “audiência de instrução e julgamento”.

Todos os envolvidos receberam intimação. São eles: Cícero Saad Cruz, Johnes de Carvalho Nunes e Hércules Franco Gobbi, sócios da Minerworld.

Ivan Felix de Lima, Maykon Voltaire Grisoste Barbosa, Maiko Alessandro Cunha Franceschi e Rosineide Pinto de Lima também receberam a intimação e são tratados como sendo do ‘G10’, um ‘grupo de elite’ da empresa.

Em um outro grupo intimado, consta a esposa de Gobbi, Patrícia da Silva Beraldo, os pais de Saad, Raimundo Olegário Cruz e Mirna Saad Cruz, além de Edenil Neiva das Graças, Jeová das Graças Silva e Thayane Mayara Almeida Correia.

O esquema de pirâmide financeira

A empresas investigadas se apresentavam como plataformas de criptomoedas focadas no comércio de produtos usando o bitcoin como meio de pagamento e prometiam lucros exorbitantes em cima da criptomoeda.

Em 17 de abril deste ano, a BitOfertas, a Bitpago e a MinerWorld foram alvos do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Os agentes deflagram, então, operações nas cidades de Campo Grande (MS) e São Paulo, cumprindo mandados de busca e apreensão em suas sedes.

Segundo a polícia, o esquema tinha como seus principais dirigentes Cícero Saad, Hércules Gobbi e Johnnes Carvalho, que recrutavam pessoas para fazer parte do grupo que, segundo eles, era uma mineradora de bitcoin.

A Minerworld, que no final do ano passado já recebia várias reclamações sobre pagamentos não realizados (dos lucros prometidos na pirâmide) anunciou, então, o roubo dos bitcoins que a empresa sofreu na Poloniex.

A exchange, que tem sede em Delaware (EUA), não se manifestou sobre o caso e tudo passou a ser investigado como suposta formação fraudulenta de pirâmide financeira, o que gerou o processo na Justiça do Mato Grosso do Sul.


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