‘Países me procuram todo dia para criar wallets de Bitcoin’, diz criador da Chivo Wallet carteira oficial de El Salvador

Criador da Chivo Wallet revela que outros países já estão desenvolvendo uma wallet nacional de Bitcoin como fez El Salvador e que, em breve, outra nação irá declarar o BTC como moeda de curso legal

O criador da Chivo Wallet, Arley Lozano, revelou ao correspondente do Cointelegraph no México, João Lyra, que diversos países têm lhe procurado, quase que diariamente, para entender como funciona uma carteira de Bitcoin (BTC) e com uma nação pode criar uma para todo seu povo, assim como conduziu El Salvador.

Lozano declarou, durante o evento Blockchain Land, que outros países já o contactaram para a criação de wallet de criptomoedas e que os projetos atrasaram um pouco devido à queda do Bitcoin. Mas mesmo assim afirma que muito em breve uma nova wallet estatal será lançada em algum país da Europa ou da América Latina.

Devido a contrato de confidencialidade, há apenas 2 meses que o nome de Ariel Lozano foi divulgado como criador da wallet de El Salvador, se consolidando como um dos principais nomes de cripto no mundo. Lozano é desenvolvedor venezuelano e um dos fundadores do grupo Panda. Em El Salvador, sua equipe desenvolveu a Chivo Wallet em apenas 45 dias e em meses de dois meses mais de 4,5 milhões de pessoas já estava usando a wallet estatal.

Lozano também afirmou haver uma dificuldade de infraestrutura técnica para a implementação do uso de Bitcoin em El Salvador: a baixa velocidade da internet. Além disso, apontou que no país há uma diversidade muito grande de aparelhos celulares, muitos com versões de software desatualizadas ou que não permitem atualização mais devido a configurações de hardware.

“Isso nos obrigou a fazer uma enorme quantidade de atualizações para o aplicativo da Chivo Wallet e nesse processo houve muitos golpistas que se aproveitaram da situação e criarm links maliciosos com atualizações falsas, entre outros, gerando uma onda de hacking social”, afirmou.

Ao Cointelegraph o desenvolvedor também destacou que o projeto em El Salvador só alcançou os resultados esperados com a instalação de mais de 300 caixas automáticos de Bitcoin, onde os salvadorenhos podiam trocar seus bitcoins depositado pelo governo por dinheiro, revelando que a moeda digital ainda tem um longo caminho a percorrer no país.

Questionado se atualmente preferiria fechar contratos com governo para criptowalltet ou de CBDC, Lozano disse que buscaria priorizar projetos em CBDC e que já conversou com Banco de la República de Colômbia para o desenvolvimento de possível solução.

Bitcoin criou empregos

Mesmo perante as dificuldades expostas por Lozano, a decisão de El Salvador de declarar o Bitcoin moeda de curso legal no país, vem ajudando a mudar a vida das pessoas na nação, segundo Mónica Taher, Diretora de Tecnologia e Inovação Empresarial do Governo de El Salvador.

Taher afirmou que após a aprovação da Lei Bitcoin no país, um grupo de empresas de criptomoedas e fintechs comelou a procurar a nação para criar sua sede e expandir seus negócios, com isso, segundo a diretora, o setor de tecnologia do país registrou um crescimento de 7% em 2021.

Ainda de acordo com Taher esse crescimento também refletiu em um aumento na oferta de emprego em El Salvador que registrou um crescimento de dois dígitos.

“Recomendo que os países que pretendem transformar o Bitcoin como moeda nacional invistam na educação. Em El Salvador entendemos ser preciso ensinar ao povo sobre criptoativos e agora o tema será inserido na grande curricular das escolas primárias do país. Também haverá cursos profissionalizantes para gerar mão de obra local para atender a demanda de trabalhadores no setor de tecnologia que vem crescendo no país”, disse.

A diretora revelou que El Salvador criou toda uma infraestrutura para atrair investimentos de empresas de criptomoedas. Foi lançado o projeto “Bitcoin City”, que visa criar um bairro futurista e paraíso fiscal para empresas de blockchain.

“Não teremos imposto de renda. E isso é para sempre. Sem imposto de renda, sem imposto de propriedade, sem imposto de aluguel, sem imposto municipal e sem emissões de CO₂. Os únicos impostos que teremos em ‘Bitcoin City’ são o IVA, metade será usado para pagar os títulos municipais e o restante para a infraestrutura pública e manutenção da cidade”, assegurou o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, durante a apresentação do projeto em novembro.

El Salvador inspirou outras nações

Inspirado em como a tecnologia vem ajudando a desenvolver El Salvador, o governador do estado de Nuevo Léon, Mexico, Samuel Garcia, afirmou que, para além do Bitcoin e das formas de pagamento digital com criptoativos, o uso de blockchain pode melhorar os processos estatais e combater a corrupção.

“Com o uso de blockchain o cidadão pode pagar seus impostos e rastrear a utilização dele sabendo como é gasto seu dinheiro em prol a sociedade”, disse Samuel Garcia em entrevista ao Cointelegraph.

Samuel acrescentou que países como El Salvador já utilizam criptomoedas e que a Dinamarca já usa a tecnologia para facilitar uma democracia mais participativa. Disse que Nuevo Léon não pode ficar para atrás e que tecnologia e blockchain devem entrar nas grades curriculares das escolas secundarias e universidades do Estado.

Presente também na abertura do Blockchain Land, o prefeito de Monterrey, Luis Donaldo Colosio, afirmou que a cidade tem que usar a tecnologia blockchain e apoiar a adoção de criptomoedas, transparentes, eficazes e que atendem os não bancarizados. Pesquisas dizem que no México mais de 50% da população não é bancarizada.

No México, além das ações de Colosio e Garcia, a senadora Indira Kempes, apresentou um projeto de lei no congresso para a legalização do Bitcoin e introduzir o BTC como moeda de curso legal no país. Atualmente o projeto aguarda análise dos demais senadores.

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