Mercado Bitcoin, Bitso, OKEx e mais exchanges se mexem para tentar desbancar Binance no Brasil

O Mercado Bitcoin pode abrir capital em breve na bolsa em mais um movimento que deve acirrar a competição no mercado de exchanges de criptomoedas no Brasil – na mira estão, principalmente, as corretoras internacionais.

Oficialmente, a corretora diz que “não comenta rumores de mercado”. Mas, segundo o Valor, a maior exchange nacional pretende captar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões em IPO na Bovespa e já teria contratado JPMorgan, BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos para coordenar a oferta enquanto aguarda os resultados do IPO da Coinbase nos EUA, que pode levantar pelo menos US$ 100 bilhões na quarta-feira (14).

A oferta pública de ações do Mercado Bitcoin seria mais o maior passo da corretora após o investimento de “centenas de milhões de dólares” liderado pelos Fundos da GP Investments e da Parallax Ventures em janeiro. Desde então, a empresa já selou a compra da Blockchain Academy como parte de um plano de expansão em meio à chegada de exchanges estrangeiras no mercado nacional.

A principal delas é a Binance, que assumiu a dianteira no ranking de volume de Bitcoin transacionado no país, com 22,92%, segundo um levantamento do Cointrader Monitor. A exchange obteve a liderança poucos meses após liberar depósitos em reais e por Pix, além de compras no cartão.

Mais corretoras estrangeiras

No entanto, outras estrangeiras que buscam reforçar a presença no Brasil tentarão abocanhar uma parcela desse mercado em breve. Uma delas é a chinesa OKEx, corretora que lançou recentemente aplicativo em português e já aceita depósitos via Pix por intermédio de parceiros.

James Jiang, VP da OKEx, contou à reportagem que a empresa aposta, entre outras coisas, na oferta de muitos pares de negociação, muita liquidez e taxas “abaixo da média do mercado”, em linha com o que já vêm fazendo exchanges nacionais como a BitcoinTrade, adquirida pela argentina Ripio no começo do ano, que padronizou taxas de saque a R$ 4,90 em abril.

Além disso, assim como o Mercado Bitcoin, a OKEx quer apostar em conteúdo educacional trazendo para o Brasil a plataforma Free Academy, com cursos gratuitos sobre criptomoedas. Por outro lado, o executivo garante que o forte negócio de derivativos da empresa ficará de fora porque “a OKEx se preocupa em não oferecer ao brasileiro nenhum produto que ele não esteja autorizado a negociar”.

Tapetão

justiça

A oferta de produtos sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a principal reclamação de empresas nacionais contra a Binance. A suposta oferta de derivativos de maneira irregular por meses foi a motivação da denúncia da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) a autoridades no começo de março.

No entanto, as reclamações com a empresa partem de grupos que vão além de Mercado Bitcoin, Foxbit, NovaDAX e Bitblue, as únicas remanescentes da Associação.

Nos bastidores, executivos de outras empresas nacionais se queixam a cada novo lançamento da corretora fundada pelo sino-canadense Changpeng Zhao. O último foi a oferta de ações tokenizadas, vista como mais uma solução que pode ser acessada no Brasil apesar de a legislação não permitir.

Exchange de nicho

Esse não é o caso, no entanto, de André Horta, CEO da Bitcointoyou. Especulando inclusive que a americana Kraken também já estaria a caminho do Brasil, o executivo diz que vê a concorrência com bons olhos.

“São grandes players que mostram que o mercado de criptomoedas não é mais algo que a gente tinha lá em 2013, com startups pequenas. São empresas consolidadas, que vieram para ficar.”

Para se manter relevante nesse novo cenário, a Bitcointoyou está se posicionando como uma plataforma de fácil operação focada no usuário sem interesse em trade.

A empresa pretende lançar cartão de criptomoedas com conta digital, além de expandir sua máquina de cartão, em movimento que ajuda a borrar a linha entre exchange e bancos digitais como Alter e Zro Bank, por exemplo. “Esse é o nicho que encontramos”, explica Horta.

Além disso, a Bitcointoyou tem pretensão de abrir capital no futuro. Horta reconhece que o caminho é longo, mas um IPO já estaria no horizonte para 2023: “Os exemplos que a gente tem são de outras startups que recentemente foram listadas na bolsa com valuation de R$ 1 bilhão, caso da Meliuz e Enjoei”.

Enquanto isso, a exchange aposta na oferta de 16% da empresa por meio de notas conversíveis, em um total de R$ 5 milhões a serem captados – em cerca de duas semanas, a iniciativa levantou R$ 1 milhão.

Já a mexicana Bitso, que anunciou um novo country manager para comandar a expansão no Brasil, planeja oferecer soluções focadas em segurança, incluindo produtos consolidados em outros países, como um seguro para criptomoedas.

A corretora opera no Brasil desde dezembro de 2020 para institucionais e market makers, mas pretende lançar um produto de varejo ainda no primeiro semestre de 2021.

Em entrevista ao BeInCrypto, o executivo Marcos Jarne conta que a empresa, que já recebeu investimentos de Ripple e Coinbase, por ora quer “construir um DNA brasileiro” e não tem planos de adquirir startups nacionais.

Liderança ameaçada?

Outra que pode estrear no país é a Bitpanda, bolsa de criptomoedas austríaca que finalizou seu registro de marca junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no fim de março. Perguntada se a iniciativa está ligada a uma possível chegada ao Brasil, a assessoria de imprensa da corretora disse que não comentaria o assunto.

A movimentação pinta um cenário competitivo no setor em 2021. Atual líder em volume de Bitcoin transacionado no país, a Binance, no entanto, não parece ver sua posição ameaçada.

“Vemos com bons olhos a chegada desses outros grandes players internacionais no Brasil” diz a empresa em nota, ressaltando que já concorre com algumas delas em importantes mercados e que teriam contribuído para o crescimento da corretora.

“Só a concorrência faz com que uma empresa se sinta desafiada para melhorar o seu produto e o seu serviço. Quem ganhará com esse acirramento da concorrência é o usuário brasileiro”, avalia a exchange.

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