Marina Abramovic lança performance clássica em NFT e diz que Web3 ‘sem dúvida é o futuro’

A artista sérvia está preparando o lançamento da performance “The Hero” (2001) em NFT, utilizando a blockchain da Tezos (XTZ).

A artista performática sérvia Marina Abramovic está lançando pela primeira vez uma obra de sua autoria em NFT (tokens não fungíveis), informou reportagem da ArtNews. Idealizada em homenagem ao avô da artista, que morreu lutando pela ex-Iugoslávia durante a 2ª Guerra Mundial, a performance “The Hero” foi originalmente lançada como um filme em 2001 e agora virou uma coleção de NFTs baseados na blockchain da Tezos (XTZ).

A ideia de adaptar a obra para o formato de NFT surgiu quando a artista estava trabalhando na restauração das imagens originalmente captadas em vídeo. Em “The Hero”, Abramovic está  montada em um cavalo branco, carregando uma bandeira branca que balança ao vento, em uma paisagem bucólica captada no interior da Espanha.

Ao rever a obra meticulosamente, quadro a quadro, Abramovic disse que “algo novo surgiu das imagens estáticas e silenciosas”, conforme explicou em uma entrevista à ArtNews: 

“Nós descobrimos que o movimento da bandeira ao vento ganhava uma beleza própria e um novo significado a cada quadro. Não há dois quadros iguais. O vento, a bandeira – eles dançavam juntos, movendo-se como um organismo que respira. A partir daquele trabalho, estamos agora dando origem a milhares de NFTs exclusivos. Isso é muito moderno. Esta é uma era muito aquariana.”

Junto com o lançamento de “The Hero” em NFT, emerge uma nova perspectiva da artista com relação aos tokens não fungíveis e às novas tecnologias digitais enquanto meio de expressão. Em uma declaração ao jornal britânico The Guardian em fevereiro deste ano, Abramovic havia declarado que não conseguia vislumbrar algo realmente inovador na cena de NFTs:

“Não gosto de ser uma artista antiquada que critica tudo que é novo. Adoro tudo que é novo. Sou curiosa. Mas com este meio, não vi boas ideias. Não vi bons conteúdos. Eu só vejo todo mundo falando sobre quanto dinheiro é possível ganhar. Eu nunca fiz arte por dinheiro. Todos os dias me pedem para fazer alguma coisa, dizendo: ‘Seu trabalho é perfeito para NFTs. Por que você não está fazendo alguma coisa?’ Alguém perguntou se eu poderia vender minha alma como um NFT”.

Desde então, afirmou a artista, ela tem procurado se informar a respeito da Web3 e acabou se identificando com os criadores do espaço cripto, especialmente pela capacidade de mobilização em benefícios de causas nobres, como a proteção ao meio ambiente, por exemplo:

“Eles são heróis. Eles são pioneiros de uma maneira semelhante a como eu estava ultrapassando os limites nos anos 70 com minha arte performática. Todos me chamavam de louca. Poucas pessoas acreditavam no que eu estava fazendo na época.”

Segundo ela, o lançamento de “The Hero” em NFT surge como uma forma de se comunicar com as novas gerações, pois o fazer artístico está diretamente ligado à imaginação de cenários futuros. “A arte deve olhar para frente”, disse Abramovic, acrescentando em seguida que a Web3 “sem dúvida nenhuma é o futuro”.

Abramovic disse ainda que suas performances possuem um elemento de risco envolvido no que diz respeito à recepção do público. O lançamento de “The Hero” em NFT é mais um salto no vazio do desconhecido, algo característico da obra da artista. Testar novos territórios é sempre uma abertura ao fracasso, diz a artista.

Abramovic decidiu utilizar os recursos obtidos com a comercialização dos NFTs de “The Hero” para conceder bolsas a criadores que atuam no espaço com os quais se identifica, ressaltando que seu objetivo é contribuir para o estabelecimento de uma nova comunidade com ideais e propósitos comuns.

Como inspiração, a artista cita as iniciativas da artista e ativista russa Nadya Tolokonnikova, do coletivo Pussy Riot. Em março, Tolokonnikova arrecadou US$ 6,7 milhões destinados à ajuda humanitária para cidadãos ucranianos afetados pela guerra. Para Abramovic, a iniciativa foi a prova de que os NFTs e a Web3 podem contribuir para que a humanidade encontre soluções para “a catástrofe em curso” nos dias de hoje:

“Quero ver outras ideias que as pessoas têm neste espaço da Web3 para ajudar a salvar o planeta. As doações que concederemos a partir do projeto The Hero NFT são minha pequena maneira de contribuir para este futuro.”

A artista afirmou que uma condição imprescindível para viabilizar a transposição de “The Hero” para o formato de NFTs foi causar o menor impacto ambiental possível. Daí a escolha da blockchain da Tezos para o lançamento da coleção.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, uma escola portuguesa está promovendo cursos sobre NFTs e blockchain para crianças e adolescentes.

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