Não se iluda, Axie Infinity, Decentraland e The Sandbox não são metaversos, diz especialista
‘O que eles têm em comum? São aleatórios, têm começo e fim, e uma atuação limitada do usuário. Todos são experiências virtuais, isso não podemos negar. Mas não são o Metaverso. O Metaverso é uma realidade paralela’ destaca analista sobre games que apontam ser um metaverso.
O termo metaverso ganhou imensa popularidade em todo o mundo após o Facebook anunciar que mudaria o nome de todo o seu conglomerado de empresas para Meta, com planos de voltar todos os serviços da companhia para o metaverso.
No entanto, embora o Facebook tenha sido responsável por popularizar o termo, desde 1999, Philip Rosedale, criador do SecondLife, busca criar uma “nova vida” no ambiente digital.
Já para os investidores de criptomoedas, plataformas como Decentraland e The Sandbox, metaversos habilitados por NFTs, também já eram conhecidos antes do anúncio da Meta.
Contudo, para Guilherme Stella, fundador da TrackFY, empresa especializada em soluções de mapeamento digital, ainda temos pouca noção do que é o metaverso. Ele aponta que já existem vários conceitos formados sobre o tema e, para complicar, também existem milhares de definições e descrições muito distintas umas das outras.
“O Facebook deu um passo à frente ao jogar luz sobre tema e popularizar o assunto, mas “por ser uma ferramenta ainda em estágio embrionário de desenvolvimento, seu conceito e sua usabilidade estão longe de uma definição conclusiva”, lembra Stella.
Na mesma linha, Daniil Fisina, fundador do Nomad Exiles, destaca que o truque de toda tecnologia novata é que, apesar de todas as previsões, o impacto real geralmente se torna surpreendentemente inesperado.
“Eu gostaria de citar o físico Michael Faraday do século XIX dizendo que as leis de eletricidade que ele descobriu permitiriam fazer brinquedos infantis mais engraçados. Seu gênio que nos deu as leis da indução eletromagnética, diamagnetismo e eletrólise não foi capaz de conceber o que um arco-íris de “brinquedos” a humanidade está jogando 150 anos depois”, aponta.
Axie Infinity, Decentraland e The Sandbox não são metaversos
No entanto, embora Stella e Fisina concordem que ainda é dificil definir o que é metaverso. Para Stella já é possível saber o que não é metaverso e, para ele, games como Axie Infinity, Decentraland e The Sandbox são apenas jogos e não metaversos.
“É difícil, ainda, definir o que o Metaverso é. Mais fácil, nesse sentido, seria dizer o que ele NÃO é. E aí, sim, podemos começar a desenhar um universo mais próximo do que efetivamente já existe”.
Para ele, games e conteúdos tridimensionais como Second Life, Minecraft, CS ou qualquer MMO, não podem ser chamados de metaverso, assim como experiências virtuais em realidade aumentada, virtual ou mista e mesmo streaming de eventos virtual são qualquer outra coisa, menos metaverso.
“O que os três têm em comum? São aleatórios, têm começo e fim, e uma atuação limitada do usuário. Todos são experiências virtuais, isso não podemos negar. Mas não são o Metaverso. O Metaverso é uma realidade paralela. A autonomia e a amplitude de ação do usuário dentro do Metaverso podem ser infinitas, assim como no mundo real e não limitada a um universo com começo e fim como acontece em games e experiências virtuais pontuais”, aponta.
Contudo ele aponta que apesar desses elementos e experiências não representarem por completo o Metaverso, não significa que não estarão presentes no mesmo, que será um streaming contínuo, de ambientes virtuais cheios de conteúdos tridimensionais.
Games são metaverso
Já Daniil Fisina discorda de seu colega empresário e aponta que os jogos são uma boa réplica da sociedade e ajudam a testar quais mecanismos descentralizados funcionam melhor para diversão, reputação e ganhos. Neles, as pessoas representadas por avatares podem ficar mais diversos e sofisticados.
Fisina argumenta nesta linha que os marketplaces de jogos aprendem a implantar modelos de negócios mais sustentáveis e serviços avançados, tal qual ocorre no mundo físico.
“Jogos como Nomad Exiles estão construindo interconexões ativas entre humanos digitalizados atráves da jogabilidade. Estamos sentados nessa grande plataforma de testes atual tentando e aprendendo a lidar com identificação, segurança, ganhar, criar, trocar opiniões, encontrar “suas” pessoas para socializar, etc. Portanto, acredito que um dos métodos para acelerar essa transformação é jogar no metaverso”, afirma.
O executivo afirma que os jogos em metaverso devem evoluir para a criação de um mundo sintético onde as pessoas possam consumir e compartilhar experiências físicas digitalmente de forma gratuita e no qual entretenimento, trabalho, treinamento, educação, socialização, experiência na construção de economias e planejamento de recursos, habilidades de sobrevivência, entre outros sejam, no metaverso, uma combinação com a experiência física por meio de ferramentas digitais.
Ele destaca que entusiastas estão trabalhando em mais de 30 grupos de tecnologias para construir o que será reconhecido como “O Metaverso”, e, atualmente, figurinos que proporcionam experiências bioquímicas eletronicamente aos indivíduos, ainda são irreais mas experiências físicas como socialização em viagens pelas florestas tropicais, treinamento esportivo, aulas de culinária, jogos, já são realidade.
“Essas coisas compreensivelmente limitam a nós e nossa percepção, e até mesmo uma definição unificada dos fenômenos do metaverso, mas dada a velocidade do progresso da tecnologia todos os insights sociais adquiridos através da experiência atual devem levar a melhores decisões para regras integrais no Metaverso, onde apenas o céu é o limite”, finaliza.
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