Maior hub de inovação de criptomoedas e blockchain do mundo é construído no Nordeste no Brasil
Quando vislumbramos o desenvolvimento do ecossistema de criptomoedas e blockchain, os primeiros países que vêm à mente são Suíça, Japão, Malta, Estônia, EUA, entre outras nações que, publicamente, ao longo dos anos, têm anunciado e buscado desenvolver esta nova indústria. Enquanto isso, o cenário no Brasil não é dos melhores, exchanges brigam com bancos por fechamento de contas, criptoativos aguardam segurança jurídica que permita mínima estabilidade para empreendedores e investidores, entre outros fatores que dificultam o desenvolvimento da indústria de criptomoedas em território nacional.
No entanto, apesar de todos estes desafios e buscando ser um dos melhores hubs de inovação do mundo, um grupo de empresários construiu na região de São Gonçalo do Amarante, perto do Porto do Pecém, no Ceará, há 60 Km de Fortaleza, o Polo Pecem Multimodal, que ao todo tem uma área de 20 milhões de metros quadrados e já possui cerca de 27 empresas instaladas, de 10 países diferentes, gerando em torno de 50 mil empregos. A área do empreendimento é estratégica e pretende unir o Polo, o Porto do Pecém e a Zona de Processamento e Exportação – ZPE, criando assim uma verdadeira cadeia de inovação que envolve diversas indústrias.
Tivemos acesso exclusivo ao projeto, que, em busca de criar este verdadeiro ecossistema de inovação, planeja integrar todo este potencial estratégico da região com blockchain e tokens. Para este propósito, um dos passos é criar um meio de troca que seja comum a todos esses mercados e, neste sentido, os empreendedores (o capital do Polo é 100% privado) estão desenvolvendo um token próprio, o Polocoin, que pretende ser o token nativo de todo o ecossistema que envolve o Polo, o Porto e a ZPE.
Novo paradigma econômico
A empreitada está unindo continentes e o projeto conta com paceiros no Brasil e na Europa. A Suíça Dynasty Global Investments está firmando parceria com o Polo Multimodal do Pecém para o desenvolvimento de projetos de mineração verde na região da SmartChain City, interligando o ecossistema no pilar da sustentabilidade ambiental e blockchain, e está buscando parceiros para que todo Polo tenha energia renovável sendo “transacionada” por meio da Polocoin e de um sistema de tokenização de ativos.
“O que esta sendo desenvolvido no Polo Pecem Multimodal é um projeto totalmente novo e único em todo o mundo. Não estamos falando apenas de um token ou de usar blockchain para rastrear uma cadeia de produção ou cargas que viajam pelo oceano. Estamos falando da criação de um verdadeiro ecossistema de inovação que vai unir empresas e sociedade; produtores e consumidores; empresários e profissionais; governos e iniciativa privada; industria e pequenas empresas; entre outros, tudo em um pilar de sustentabilidade e distribuição, operando um blockchain, para garantir a transparência e com um token próprio, nativo, que vai permitir transações mais rápidas, eliminar burocracias, inaugurando de vez uma nova economia digital, que envolve desde transações maquina-a-maquina, Internet das Coisas (IoT), Machine Learning, Big Data e outras tecnologias, à preservação ambiental e maximilização de recursos renováveis, como energia”, disse Evandro Camilo, advogado especialista em tokenomics e um dos sócios fundadores da CY²LAW, escritório responsável pela estruturação do tokenomics e da internacionalização do Polo Multimodal do Pecém.
Ingrid Barth, uma das consultoras do projeto, destaca que o Porto do Pecem abriu uma nova rota para a Ásia e Europa, e atualmente possui a única rota marítima da Maersk (lider global em transporte ultramarino que já trabalha com blockchain), ligando o porto de Singapura ao Brasil, e que representa uma economia média de 31 dias de transporte em relação à rota tradicional que contorna a África. Além disso, Barth reforça que o Porto também busca aproximação e inspiração com o Porto de Roterdã, o maior pólo portuário europeu. Para a empresária, todo o potencial unido é uma oportunidade única para o desenvolvimento de um hub de inovação que tenha criptoativos e blockchain como ‘base’ de desenvolvimento.
“Estamos construindo aqui, junto com todos os parceiros envolvidos no projeto, não apenas o maior hub de inovação do mundo, mas o primeiro centro global que irá implementar os padrões da nova economia, que será digital, compartilhada e terá tecnologias como blockchain, IA e IoT como base. O Brasil esta liderando um processo global de transição de um sistema financeiro central, construindo com moedas fiduciárias e controle totalmente estatal, para um novo sistema, antes de tudo, digital e que, embora seja ainda regulado pelos agentes do Estado, é muito mais distribuído e eficiente quebrando a ultima barreira para um mercado multilateral e globalizado. Aliado a esta nova economia, esta a base de uma nova era social, que será baseada na eficiência energética e isso não envolve apenas energia enquanto kilowatts que abastecem tomadas, mas energia no sentido mais amplo do termo, que envolve desde burocracia até qualidade de vida. Para nós o Polo tem um propósito maior, que é simplesmente beneficiar o setor produtivo e a sociedade”, destacou Barth.
Blockchain
O projeto todo envolve também três eixos principais de inovação e interconecção, Smart Chain Industry, Smart Chain Building e Smart Chain Factory, que vão atuar como ponto de intersecção de tecnologias, de blockchain a Inteligência Artificial; de 3D a Smart Contracts, tudo para tornar os processos cada vez mais automatizados, inteligentes e integrados com a Industria e a Logistica 4.0, visando eficiência e qualidade e integração com os Desafios Globais de Sustentabilidade da ONU.
“A estratégia de internacionalização do Polo Multimodal Pecém se baseia na metodologia de internacionalização de empresas blockchain em ambientes regulatórios favoráveis e na adoção de mecanismos de sustentabilidade estabelecidos pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que compõem uma agenda global adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que devem ser alcançadas até 2030. O Polo Multimodal do Pecém pretende atrair o mercado marítimo mundial para o Brasil se utilizando da tecnologia blockchain para criação de ambientes seguros para transações internacionais e redes inteligentes para manutenção da microeconomia da região. Em virtude disso, a empresa vem sendo internacionalizada pela Holanda e pela Suíça, em virtude da força tecnológica e marítima da Holanda e do ambiente financeiro e blockchain seguro e estável da Suíça. A operação deve ocorrer em conformidade com as melhores práticas de sustentabilidade ambiental, e, para isso, vem se aproximando de agentes relevantes do comércio internacional, do ecossistema blockchain e de Organizações Internacionais para proteção do meio ambiente. A estratégia vem se mostrando frutífera, tendo, inclusive, atraído a empresa suiça de blockchain, Dynasty Global, que deve iniciar a operação de mineração verde no perímetro do Polo, utilizando a energia dos ventos”, destaca Yulgan Lira, advogado especialista em internacionalização de empresas blockchain e um dos sócios fundadores da CY2LAW.
Conforme apurado pelo Criptomoedas Fácil, já em novembro de 2017, o Polo Multimodal formalizou sua adesão ao pacto, visando contribuir para a implementação do ODS e cooperar em conjunto com os parceiros e outras partes interessadas.
Recentemente, Lira e Barth, entre outros empresários, estiveram na Europa conectando outras pontas do projeto, que envolvem parcerias, que ainda não podem ser reveladas, na Suíça, Holanda, EUA e Malta. No Brasil, também estão sendo feitas outras parcerias e conversas com reguladores estatais e operadores de concessões, além de empresas logísticas, startups, fintechs e até com empresas de criptoeconomia, no entanto, os detalhes permanecem em sigilo por conta de acordos e memorandos de entendimento entre as partes.
Um interlocutor ligado ao Ministério da Ind´Ustria e Comércio Exterior e Serviços, que pediu para não ser identificado, revelou ao Criptomoedas Fácil, que o Ministério tem acompanhado o desenvolvimento da proposta em torno da área que envolve o Porto de Pecem, assim como outro projeto, de menor escala, que pretende implementar blockchain em procedimentos em outro porto, na outra ponta do Brasil, em Itajaí, Santa Catarina. Ambas as propostas estão sendo acompanhas com certo entusiasmo perante a inovação e a liderança que o Brasil pode obter no cenário internacional com a implementação das propostas. Atualmente, no Brasil, somente na área de logística, segundo Luiz Gustavo Ferreira, consultor da IBM, cerca de 90 empresas estão implementando blockchain.
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