Maior criptomoeda do Brasil criada por uma mulher explora a tecnologia à serviço dos pequenos produtores
O projeto Moeda Semente desenvolvido pela brasileira Taynaah Reis foi a primeira fintech de impacto social do país que encontrou nas criptomoedas, a forma mais eficiente de oferecer crédito ao pequeno produtor.
Aos 12 anos de idade, a jovem Taynaah começou a aprender programação por conta própria. Autodidata, ela viu na tecnologia a forma de criar inovações para se conectar com a sua segunda paixão: a agricultura familiar.
A sua inspiração veio do próprio pai, que trabalhou no governo federal em projetos de apoio aos pequenos agricultores. Aliás, foi um dos desenvolvedores do PRONAF, um dos maiores programas de crédito para o pequeno produtor no Brasil.
Em conversa com o BeInCrypto, Taynaah conta que cresceu nas cooperativas, vendo de perto a realidade das famílias do campo e consumindo produtos da agricultura familiar. “Eu vi essa missão em mim de continuar o trabalho que o meu pai construiu e me deixou como legado”.
Em 2017, ela fundou a Moeda Semente. Muito mais do que apenas um ativo digital, a Moeda veio para financiar projetos sociais e facilitar o acesso de pequenas cooperativas ao microcrédito.
“A Moeda começou como um simples fundo de crédito e hoje se transformou em um ecossistema que a gente mal esperava, sendo utilizado como meio de pagamento e e-commerce. Firmamos parcerias com o cooperativismo no Brasil e com empresas como Mastercard e Cielo.”
Hoje, a criptomoeda criada para o ecossistema do projeto é a única iniciativa brasileira listada na Binance, a maior exchange do mundo. Entre os outros projetos nacionais, a Moeda (MDA) também é o ativo que tem maior liquidez no mercado.
BeInCrypto: A Binance listou a Moeda em 2017, no mesmo ano do lançamento da criptomoeda. Como foi essa relação com a exchange?
Taynaah: Eu conheci o CZ e toda a equipe de impacto da Binance lá nas Nações Unidas em Genebra. Desde então, a gente tem muito apoio e colaboração mútua entre os dois projetos. Listamos a Moeda quando a Binance ainda não era a exchange número um do mundo, então ficamos muito orgulhosos de ter caminhado junto e ver que a Binance estourou do jeito que estourou.
A Moeda ajuda iniciativas a conseguir microcrédito de maneira mais prática, ao eliminar as barreiras financeiras tradicionais. Como isso acontece de fato?
R: Quando selecionamos um projeto, fazemos todo o plano do negócio, análise de risco e sustentabilidade financeira. A gente acompanha e flexibiliza no que for preciso para que o crédito chegue e o projeto tenha sucesso.
Um dos projetos que a gente tem é com a Aliança Internacional das Mulheres do Café. Além do crédito, o apoio da parceria se estende em estar ali no dia a dia ajudando para aumentar a qualidade do produto, tudo é pensado com muito carinho. A parceria foi crucial para alavancar o projeto.
Dá pra perceber que a Moeda é um projeto que enaltece o poder feminino até mesmo no logo. Como é para você ser mulher, CEO, num setor ainda muito dominado pelos homens? Você acha que está surgindo mais espaço para as mulheres na tecnologia?
R: A Moeda é o símbolo do feminino com o da igualdade. O que eu vejo é que sempre foi muito difícil, até mesmo na minha própria carreira, obter financiamento e apoio necessário para construir novas ideias.
Na área rural o que eu acompanhei que o caminho da mulher é sempre mais árduo do que o do homem. Especialmente no Brasil, um país onde a cultura machista ainda é muito predominante.
Mas sim, está tendo mais abertura agora, com fundos de impacto social para mulheres. Na Moeda, sempre damos preferência a projetos que venham de mulheres, e vemos que elas administram muito melhor os recursos. As finanças comandadas pelas mulheres têm um futuro mais promissor.
Aliás, o mundo das criptomoedas abre muito espaço para as mulheres. Aqui, muitas fundadoras de tokens tiveram uma abertura que não encontraram no mercado financeiro tradicional. Eu vejo que essa nova economia vem cada vez mais aberta para as mulheres nas finanças.
Como é construir um projeto de criptomoeda aqui no Brasil? A falta de regulação no país é um empecilho?
R: Construir algo fora do Brasil foi um pouco mais fácil do que construir aqui dentro, porque há 3 anos atrás estávamos num limbo mesmo. Eu participei de todas os encontros que tiveram, até mesmo na Câmera de discussão das criptomoedas e fui a primeira a levantar a bandeira de e falar ‘eu quero ser regulada’, para sair desse limbo.
A gente precisa de mais regulação, não no sentido punitivo, mas para guiar as pessoas e distanciar projetos sérios de coisas como pirâmides financeiras e golpes, que mancharam muito o nome das criptomoedas no país.
Mas agora as coisas estão caminhando.Os órgãos estão vendo os avanços em outros países também, e isso reverbera no mercado para dar mais credibilidade.
Vocês lançaram em 2020 o aplicativo MoedaPay. O plano para 2021 é focar no app? O que esperar para o futuro da Moeda?
R: O plano agora é expandir para que os pequenos e grandes negócios possam usar a Moeda no dia a dia. A gente vê a implementação do QR Code e a nova parceria com a Cielo sendo crucial para isso. Estamos fazendo uma força-tarefa para incentivar restaurantes, bares e pousadas a aceitar pagamentos com criptomoedas através do MoedaPay, que também oferece cashback de impacto, então o retorno vai direto para algum projeto social local.
Qual é a sua expectativa para o mercado cripto em 2021?
R: Vai virar mainstream. Estamos vendo o boom do bitcoin crescendo com cada vez mais força, com grandes nomes investindo na criptomoeda e a tornando reserva de valor. Não tem mais volta, o blockchain vai estar em tudo porque são tecnologias que estão amadurecendo, e seus valores de transparência são necessários para qualquer atividade do governo ou atividade financeira.
Daqui a pouco a gente vai realmente conseguir usar as criptomoedas no dia a dia com muito mais facilidade.
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