Lucrando com o lixo: startup brasileira utiliza blockchain para possibilitar a compra e venda de resíduos
O que antes era encarado como um problema, hoje pode ser visto como uma oportunidade de negócio para empresas de diversos setores e tamanhos, graças à iniciativa de uma startup brasileira que vem conectando o setor empresarial visando diminuir a quantidade de resíduos descartados em diferentes processos da cadeia de produção.
De acordo com estimativas, o Brasil recicla apenas 3% de todo o material que poderia ter um destino diferente dos lixos e aterros, uma conta que custa mais de R$120 bilhões e envolve materiais que poderiam ser reinseridos em cadeias produtivas, (dados da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
De olho neste importante nicho de mercado, Renato Paquet, formado em ecologia, com ênfase em ecologia industrial e gestão, criou a Polen, uma espécie de Mercado Livre de “lixo” empresarial.
“Percebemos, olhando para o mercado, que o que era resíduo para uma empresa poderia ser matéria-prima para outra. Por meio de nossa plataforma, unimos as duas pontas e transformamos os resíduos em oportunidades de negócio”, conta Paquet.
O empresário destaca que, a limalha de latão que sai de uma indústria de cadeados, por exemplo, pode transformar-se em acessórios e bijuterias, ou então, resíduos de produção siderúrgica podem ser empregados na construção civil e assim por diante, criando um grande marketplace online voltado à compra e venda de resíduos de empresas.
A plataforma funciona com um time mais “agressivo” que o de outros marketplaces como Mercado Livre, e, no caso da Polen, depois que o vendedor ou o comprador cadastram sua demanda, um time de vendedores internos busca encontrar um comprador ou vendedor qualificado para a empresa, não somente na plataforma, mas em toda rede de contatos offline da Polen.
Além da diminuição de custos, o impacto ambiental no aproveitamento dos resíduos é outro aspecto essencial do negócio criado pela Polen: o produto gerado a partir de matéria-prima reciclada vem com a quantidade reduzida de carbono. Sendo assim, a Polen emite um certificado ambiental e um relatório de sustentabilidade para o comprador e para o vendedor.
Paquet destaca também que a startup, graduada no Founder Institute (maior pré-aceleradora de startups do mundo), também é uma solução para ajudar as indústrias a se adequarem à Lei de Logística Reversa (Lei 12.305/10). De acordo com a lei, a indústria passa a responder, no exercício de 2018, pela reinserção em cadeias produtivas de 22% dos resíduos de embalagem que leva ao mercado – até outubro de 2020, este percentual se estenderá a 50%. Além de facilitar a reinserção através de uma vasta gama de compradores de resíduos cadastrados na plataforma, é possível comprar créditos de logística reversa e é justamente aqui que entra a EOS, uma das principais blockchains do mercado de criptomoedas.
“A exemplo do que se faz com o crédito de carbono, criamos na plataforma a compra e venda de créditos de logística reversa: se a indústria não conseguiu recuperar as embalagens no percentual indicado pela lei, ela pode adquirir créditos de alguma outra que os tenha de sobra ou de cooperativas de reciclagem, que, apesar de não fornecerem produtos embalados ao consumidor final, fazem uma boa parte do trabalho de reinserção de resíduo pós-consumo em novos processos produtivos”, conta o CEO da Polen.
Atualmente, a indústria recorre à uma cooperativa de reciclagem e compra notas fiscais que atestavam que ela venderia seus resíduos a um reciclador – que, por sua vez, teria feito o trabalho de retornar a embalagem ou outro tipo de resíduo a um destino eficiente. A Polen percebeu, no entanto, que este modelo não trazia segurança à operação. Existe o risco de a mesma nota ser comprada por duas ou mais empresas. A solução, conta Renato Paquet, foi encontrada na blockchain.
“Estudamos muito o sistema e criamos, junto à EOS Rio a nossa própria aplicação que funciona sobre a blockchain da EOS. A Polen é capaz, agora, de criar um registro único da operação de compra de créditos de logística reversa, criptografando e ‘tokenizando’ a nota fiscal. O que vendemos à indústria é apenas o token, a parte criptográfica que representa a nota. É impossível haver duplicidade do token”, garante.
Embora trabalhe com a EOS, não é possível ainda comprar resíduos no portal da Polen com o uso de criptomoedas. Para utilizar a Polen é muito simples: basta entrar no site, efetuar o cadastro e anunciar a venda do resíduo em “Anuncie -> Oferta de Resíduos“. Assim que o anúncio for aprovado, o anunciante será avisado e já poderá encontrá-lo na plataforma. Também é possível encontrar e/ou cadastrar anúncios de demanda, possibilitando encontrar resíduos no site. Para este serviço, a plataforma cobra apenas uma comissão de 10% na venda do resíduo.
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Fonte: Criptomoedas Fácil