Lidar com bitcoin e outros criptoativos é caminho sem volta, aponta economista

Pouco a pouco, grandes nomes do mercado financeiro e de pagamentos se abrem para o bitcoin e outras criptomoedas. Ainda que numa velocidade menor, governos e seus organismos reguladores também começam a ter uma postura menos hostil em relação a tais ativos. Uma situação que, segundo o economista Gustavo Cunha, que acompanha fintechs, criptoativos e DeFi (sigla para finanças descentralizadas), chegou para ficar.

“Vejo o aumento do interesse das empresas para os criptoativos como um caminho sem volta. Os reguladores já perceberam isso e estão se adaptando para melhor atender às demandas sem se descuidar do controle, segurança e estabilidade necessários ao sistema financeiro”.

O economista pondera que, apesar de alguns obstáculos enfrentados pelo bitcoin quanto a processamento de transações, diversas empresas estão firmando parcerias com atores do mercado cripto. Outras ainda optam por colocar de pé ou ao menos testar suas próprias soluções para esse setor.

“Já está claro a essa altura a potência da tecnologia criada pelo Bitcoin, e todas empresas do mercado financeiro, de uma forma ou de outra, estão se aproximando dela”, complementa Cunha.

Empresas e reguladores de olho

Exemplos recentes dessa convergência não faltam mundo afora. Nas últimas semanas, as gigantes do setor de cartões Visa e Mastercard, além da fintech PayPal, deram sinalizações simpáticas ao bitcoin e outros criptoativos, conforme reportagem da revista Forbes.

No caso do PayPal, no último dia 20 o site Decrypt (cujo texto foi traduzido pelo Portal do Bitcoin) noticiou que a fintech estaria firmando parceria com a empresa Paxos para lançar seu serviço de pagamentos focado em criptomoedas. Um negócio que aproximaria o mercado cripto de uma base de clientes estimada em 325 milhões de pessoas em todo o mundo.

Já a Visa, segundo a Forbes, se aproximou da Coinbase, uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo. A ideia, segundo a gigante do setor de cartões, é “fornecer uma ponte entre as moedas digitais e nossa rede global existente de 61 milhões de comerciantes”.

A rival Mastercard não fica atrás e está estendendo seu programa de criptomoedas para facilitar às empresas do setor a emissão de seus próprios cartões de pagamento. Entre elas está a britânica Wirex, que passa a poder emitir cartões diretamente na rede da Mastercard.

Ao mesmo tempo, governos de diferentes países estudam, cada qual a seu modo, mecanismos para regulamentar o uso desses ativos digitais. Outros já vão mais adiante e desenvolvem suas próprias moedas digitais — como é o caso da China com o yuan digital, considerado por determinados especialistas um potencial adversário do dólar.

E o Brasil?

Embora o Brasil ainda não conte com uma legislação específica para criptoativos, organismos de regulação já fazem seus movimentos no sentido de entender esse mercado — um passo que colaborara para sua normatização futura.

O próprio Banco Central brasileiro está entre as entidades governamentais que começam a flexibilizar a visão sobre cripto. Um exemplo recente veio do diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, que confirmou durante uma live no último dia 20 de julho que a instituição está estudando uma regulamentação para criptomoedas.

“A gente tá estudando sim. Inclusive, no âmbito do Gafi (Grupo da Ação Financeira Internacional) é uma necessidade para enquadramento internacional”.

Há discussões ainda em atividade sobre cripto no âmbito do Sandbox Regulatório da CVM. A implementação pelo BC do PIX e do Open Banking, ainda que indiretamente, podem também criar caminhos que facilitem o desenvolvimento desse mercado.

Cunha aponta que tal visão dialoga com o fato de o Brasil tradicionalmente estar na fronteira do desenvolvimento do mercado financeiro.

“Fico feliz em perceber que a visão do regulador brasileiro está alinhada com isso. Agora é questão de moldarmos juntos (iniciativa privada e reguladores) a melhor forma de fazer isso para toda a sociedade”, finaliza o economista.

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