Lei Bitcoin completa seis meses em El Salvador
Desde a aprovação da Lei Bitcoin em El Salvador, o número de usuários da Chivo Wallet chegou a 4 milhões. No entanto, isso não significou uma adoção em massa da criptomoeda como um método de pagamento.
Quando o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou a legislação da Lei Bitcoin, que fez da criptomoeda um ativo legal, o mundo financeiro e político ficou surpreso.
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Esta foi uma medida única na história, pois poderia representar o primeiro caso de adoção em massa e legal do Bitcoin (BTC) no mundo.
Mas também houve críticas. Muitos economistas e opositores políticos colocam como principal desvantagem a volatilidade que esta moeda traz consigo. E, em um país onde o dólar é a moeda legal desde 2001, a chegada de um ativo tão volátil quanto o Bitcoin traria dúvidas.
O governo de Bukele continua apostando em seu projeto cripto. Para incentivar a adoção, ele lançou a Chivo Wallet, carteira digital voltada para salvadorenhos e que, segundo dados oficiais, já atingiu 4 milhões de usuários ou o que é o mesmo, que 61% do país.
O país também vem implementando medidas nacionais e regionais para a adoção dessa tecnologia. O gabinete de um prefeito já começou a receber pagamentos de impostos em Bitcoin, um bônus de US$ 30 foi distribuído para quem entrou na Chivo Wallet e eles têm um projeto de 500 milhões de dólares para fazer a Bitcoin City.
A cidade será focada em investidores nessa tecnologia e, segundo Bukele, não haverá impostos sobre imóveis, contratações ou impostos municipais.
Além disso, eles trouxeram ao mercado um título soberano de US$ 1 milhão citado em Bitcoin (BTC), por isso fizeram várias medidas para promover a criptomoeda.
Mas depois de seis meses, El Salvador ainda não adota totalmente o Bitcoin.
Uma adoção que vem desaparecendo
Os números não mentem e, se os números do governo são reais, a adoção dessa criptomoeda que aconteceu no início desta lei foi importante. Se 61% do país decidir aceitar essa tecnologia já será uma grande conquista, mas essa ascensão parou.
Primeiro, temos um fato revelador que é o uso do BTC como meio de pagamento, o que diminuiu nos últimos meses. Em novembro de 2021, 22% das empresas do país receberam pagamentos em Bitcoin.
No entanto, esse número caiu para 14% em fevereiro e se juntou à pesquisa na qual 92% dos comerciantes pesquisados consideram que o Bitcoin tem sido irrelevante para a sua economia.
E as remessas?
Mensalmente, El Salvador recebe milhões de dólares em remessas. Algo que o governo e muitos analistas esperavam é que eles seriam feitos através de criptomoedas, mas os dados mostram que este não tem sido o caso.
De acordo com o Banco Nacional de Reserva, banco central do país, o percentual de remessas enviadas pela Chivo Wallet é de cerca de 2%. Na verdade, apenas em janeiro foram enviados cerca de US$ 552 milhões em remessas, dos quais apenas US$ 10 milhões estavam em Bitcoin. Este, sem dúvida, é um percentual bastante baixo para o que se espera.
Como explicado na Bloomberg, a adoção dessa medida encontrou vários problemas desde o início. Primeiro, a plataforma Chivo Wallet teve muitas falhas que dificultaram a operação. Segundo, a volatilidade assustou muitas pessoas.
Deve-se lembrar que, quando esta lei foi aprovada, o preço do Bitcoin estava em US$ 48.000. Desde então, atingiu US $ 67.000 em um teto notável, e então começou a cair para uma baixa de US$ 36.000, o que significa uma queda de quase 50% de seu pico, e uma queda de 26% desde a aprovação da Lei do Bitcoin.
Problemas com a Carteira Chivo
Essas duas coisas mancharam a imagem geral do Bitcoin e sua carteira salvadorenho. O aplicativo tem gerado controvérsia no país. Críticos no Twitter denunciaram as falhas nas transferências e, como explica Jorge Habúl, presidente da Camarasal, Chivo Wallet só teve uma atração que foi o bônus de US$ 30 e já acabou.
“Ninguém pode dizer que o lançamento da Chivo Wallet foi bem sucedido, foi um lançamento com muitos problemas e, em vez de dar à população mais confiança sobre o uso de criptomoedas e dinheiro digital, gerou mais desconfiança.”
O salvadorenho comum não tem a capacidade de investir suas reservas em Bitcoin, muito menos usá-lo como um método de pagamento. O medo da volatilidade e a confiança generalizada com o dólar impedem isso.
Esse é um caso contrário ao que acontece em países como Venezuela e Argentina que, diante da perda do valor de sua moeda local, muitos preferem Bitcoin e outras criptomoedas para as suas economias.
Ainda assim, Bukele se recusa a desistir. No Twitter, ele disse repetidamente que o Bitcoin atingirá preços históricos e começou a resolver os problemas de seu aplicativo assinando um acordo com a AlphaPoint.
“Um aumento gigantesco de preços é apenas uma questão de tempo.”
Apesar das falhas, muitos analistas salvadorenhos concordam que a criptomoeda veio para ficar.
A Lei do Bitcoin: uma gama de novas oportunidades
A Lei do Bitcoin abriu uma nova janela de oportunidade para muitos investidores internacionais, que hoje veem o país da América Central como um bom ponto de investimento.
Um exemplo disso é a Paxful, uma exchange que cresceu 400% no número de usuários desde a chegada do Bitcoin, e está estudando investidores que consideram o país como um ponto de entrada.
O mesmo vale para o turismo. De acordo com o governo, o turismo cresceu 30% no último trimestre do ano motivado por criptomoedas, e 20% das transações relacionadas ao turismo foram feitas nessa moeda.
Veremos como essa lei se desenvolve e como o governo consegue implementar mais incentivos para pagamento com criptomoedas. O que é certo é que El Salvador fez algo histórico e, com todas as críticas e dúvidas que pode gerar, no mundo cripto isso é importante.
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