Marco Legal das Criptomoedas: ABCripto se reúne com novo diretor do Banco Central indicado por Lula

ABCripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia) irá se reunir com Renato Dias de Brito Gomes, novo ​​Diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC

A ABCripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia) irá se reunir nesta terça, 11, com Renato Dias de Brito Gomes, novo ​​Diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, indicado pelo Presidete Lula. A reunião também contará com a presença da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).

Embora o Banco Central não tenha especificado qual será a pauta da reunião, o Cointelegraph apurou que será debatido o Marco Legal das Criptomoedas (Lei 14.478/22), no qual ficou estipulado o BC como regulador do mercado de criptoativos. O BC por sua vez já declarou que não deve definir as regras do mercado de maneira unilateral mas realizar uma consulta pública sobre o tema.

Na pauta ABCripto e ABFintechs devem abordar também os aspectos da consulta pública a ser realizada pelo BC e que ainda não tem data para ocorrer. Outro ponto a ser abordado na reunião diz respeito ao serviço de cripto-as-a-service já que diversos bancos no Brasil adotaram este modelo para sua entrada no merado de criptomoedas.

Também deve ser debatido a segregação patrimonial e custódia de criptomoedas que, segundo apurou o Cointelegraph com diversos players do setor, é o principal ponto que chama a atenção dos Bancos no mercado cripto. Haveria uma certa ‘divisão’ com os bancos querendo focar em oferecer custódia de criptoativos deixando o trade para as exchanges.

A reunião será realizada por videoconferência já que o diretor do BC está na França participando de um evento do BIS.

Banco Central como regulador cripto

De acordo com Jean-Michel Guillot, executivo sênior em tecnologia da DINAMO Networks, em um artigo encaminhado ao Cointelegraph, essa colocação do Banco Central como regulador é vista com otimismo pelo mercado.

“O Bacen já mostrou ter experiência com ativos virtuais e com a tecnologia de blockchain, inclusive conduzindo o projeto piloto para implementação do Real Digital. Ter um órgão regulador familiarizado com o mercado é um ponto positivo”, destaca Guillot.

Ele aponta que a nova lei chega para regulamentar um mercado que há tempos sofre com má reputação, devido a casos de golpes, fraudes e pirâmides. Estima-se que mais de 9 bilhões de dólares tenham sido roubados do setor desde 2011, o que gerou desconfiança e receio por parte dos investidores.

Guillot destaca que com o Marco Legal das Criptomoedas, as prestadoras de ativos virtuais agora precisam estar listadas e autorizadas pelo órgão regulador, oferecendo atendimento no Brasil.

“Além disso, crimes e fraudes envolvendo criptoativos passam a ter tipificação específica, permitindo a aplicação de multas e penas de prisão. Isso traz mais segurança para os investidores, que agora podem cobrar diretamente das prestadoras em caso de problemas”, afirma.

Guillot ressalta que a nova regulamentação também auxilia na prevenção à lavagem de dinheiro, aumentando a confiança dos usuários finais para investir em ativos virtuais. “O fato de as prestadoras estarem sendo reguladas e fiscalizadas traz mais transparência e confiabilidade ao mercado”, afirma o especialista.

Ele também aponta que o mercado de ativos virtuais está em crescimento no Brasil, com mais de 1.6 milhões de pessoas declarando possuir criptoativos e mais de 60 mil empresas investindo nesse mercado.

“Estima-se que cerca de 15% da população esteja envolvida de alguma forma com ativos virtuais. Com o Marco Legal, espera-se que mais pessoas sejam incluídas nesse mercado e que haja mais eficiência nas transações, com menor custo para os usuários finais”, destaca.

O Banco Central tem até seis meses para normatizar e definir regras para o mercado de criptoativos. Temas como segurança tecnológica e organizacional, segregação patrimonial e custódia dos ativos estão em discussão. Guillot destaca a importância de garantir a proteção das chaves privadas dos ativos virtuais, utilizando mecanismos de segurança adequados, como hardwares criptográficos certificados.

“Com o novo Marco Legal das Criptomoedas, o Brasil se posiciona de forma acolhedora às inovações trazidas pela tecnologia blockchain e busca estabelecer um ambiente claro e transparente para o mercado de ativos virtuais. Essa regulamentação é histórica para o país e permite a entrada de novos players e instituições financeiras tradicionais nesse setor em constante evolução”, finaliza.

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