JP Morgan Aponta Selic a Zero, mas XP defende piso em 2%
Enquanto os membros do Copom estão reunidos para discutir as diretrizes da política monetária e o valor da taxa básica de juros do Brasil, muitos economistas estão debatendo até que ponto a Selic pode reduzir e o que será mais benéfico para o país neste momento.
O caos que se instalou no mundo com o coronavírus e a abrupta paralisação do mercado fez com que os Bancos Centrais de quase todos os países tivessem que agir e implementar uma política monetária mais agressiva, a fim de garantir que a economia continuasse aquecida.
Além de grandes injeções de liquidez no mercado, os Bancos Centrais cortaram as taxas de juros. Nos EUA, por exemplo, o Federal Reserve (FED) reduziu os juros à faixa entre 0% e 0,25%.
E o mesmo está acontecendo aqui. A discussão entre os economistas não é mais sobre quantos pontos percentuais a Selic reduzirá, e sim até que ponto nós podemos chegar. Será que o Brasil pode ter juro zero?
Com a palavra: XP Asset
Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Asset Management diz que os juros nominais em zero ou em nível negativos não podem ser aplicados no Brasil. Por sermos um país emergente, com uma trajetória fiscal preocupante e uma dívida bem alta, precisamos ter um nível de juro acima dos países desenvolvidos.
Ter o mesmo nível de juros que os EUA fará com que a dívida cresça, as pessoas vão preferir investir em dólar, e não em real.
Para Bruno, o Banco Central deve ser cauteloso, seguir com a estratégia de redução nos juros e deixar que o mercado sinalize se existir algum problema. E, quando chegarmos a esse ponto, o Banco Central precisa parar o afrouxamento.
Ele acredita que até o final do ano a Selic pode chegar a 2,5% ou 2%, mas alerta que, para isso, o comportamento do mercado precisa ser levado em consideração.
Com a palavra: Bernardo Guimarães
O economista e professor da FGV defende que o Banco Central precisa colocar juros a zero. Na crise que estamos vivendo, onde várias pessoas perderam o emprego e empresas correm um sério risco de falência, derrubar as taxas de juros irá beneficiar a todos.
Guimarães disse que derrubar os juros agora é importante para salvar aqueles que “estão com a corda no pescoço”. Além disso, a inflação esperada está muito baixa, portanto, ele não acredita que vá acontecer uma pressão inflacionária. Porém, se isso acontecer, vale a pena baixar os juros agora e apertar depois.
Os perigos do juro zero
Uma das maiores preocupações dos economistas é que a taxa de juros zero ou muito reduzida pode estimular e muito a valorização do dólar, que já vem em forte alta frente ao real e chegou a bater os R$ 5,72 no mês passado. O UBS já previu que o dólar pode chegar a R$ 7,35 em 2021.
Além disso, outro grande perigo é a falta de margem para resolver problemas de uma possível recessão profunda. Se a crise continuar forte no próximo ano, não haverá espaço para cortes e o Banco Central pode ficar extremamente vulnerável.
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