Jovem perde senha e fica sem acesso a carteira com US$ 220 milhões em bitcoin

O programador Stefan Thomas só tem mais duas tentativas para acertar a senha e acessar sua carteira onde guarda 7.002 bitcoins, avaliados atualmente em mais de 220 milhões de dólares. Se falhar, perderá os fundos para sempre. A história foi divulgada pelo jornal “The New York Times” nesta terça-feira (12) e chama a atenção porque, além do drama pessoal e das altas cifras, mostra como a tecnologia de custódia de criptoativos evoluiu desde então.

Stefan Thomas é usuário dos primeiros sistemas de armazenamento de bitcoin da história. Em 2011, quando o ativo ainda estava “engatinhando”, ele produziu uma animação chamada “O que é Bitcoin” e, como pagamento, recebeu 7.002 unidades do ativo digital.

O pagamento foi feito para uma hardware wallet, uma carteira física específica para armazenar criptoativos. Anotou a chave de acesso em um papel e logo o perdeu. Desde então, viu os altos e baixos do criptoativo — a alta recorde em 2017, queda para 20% do valor em 2018, a nova alta de 2020… tudo isso sem poder mexer nos seus bitcoins.

Neste período, ele já fez oito tentativas de acesso, deixando apenas duas restantes — o sistema dá aos usuário 10 tentativas de acesso, ou os fundos são encriptados e bloqueados para sempre — e os atuais mais de 220 milhões de dólares inacessíveis. Como a maioria desses ativos são descentralizados, isto é, não têm uma entidade, empresa ou pessoa controladora, caso o investidor opte por fazer ele próprio a custódia dos seus ativos, a chave de acesso não fica armazenada em nenhum outro lugar senão na própria carteira. Assim, não existe possibilidade de recuperá-la ou pedir ajuda a um serviço de suporte. Isso, claro, exige mais organização com o armazenamento das chaves de acesso por parte do usuário, o que não foi o caso de Thomas.

“Eu simplesmente ficava deitado na cama e pensava a respeito”, disse Thomas. “Então, eu ia para o computador com alguma estratégia nova, que não funcionava, e eu me desesperava de novo”, disse o alemão, que vive em São Francisco (EUA).

Apesar da situação desgradável, Thomas dificilmente teria o mesmo problema atualmente. Com a evolução do mercado de criptoativos, diversas empresas e serviços surgiram para resolver esse tipo de problema. Desde carteiras digitais com segurança elevada, até as diversas exchanges bilionárias que investem grande parte de seus esforços em segurança, passando por serviços de custódia específicos para grandes quantidades de ativos e, claro, serviços de recuperação de chaves privadas de acesso a endereços de carteiras registrados em blockchain

Se em 2011 havia poucas empresas no mercado de criptoativos, e essas tinham interfaces pouco amigáveis e nada intuitivas, hoje o cenário é completamente diferente. As exchanges são fáceis de usar e muito mais seguras e uma série de serviços relacionados à negociação e custódia de criptoativos deixa a vida dos investidores muito mais fácil — e os seus fundos mais seguros.

Casos de investidores que perderam acesso aos seus criptoativos são bastante comuns, especialmente daqueles que adquiriram os ativos digitais logo após o surgimento do bitcoin, em 2008. Outro caso citado pelo “NYT” é o de Gabriel Abed, de Barbados, que perdeu 800 bitcoins quando um amigo formatou seu laptop onde estavam as chaves de acesso para sua carteira, em 2011.

Apesar do drama que, assim como no caso de Thomas, foi causado por erro humano e não do sistema, Abed segue entusiasmado com a ideia do bitcoin e dos criptoativos. Segundo ele, antes do bitcoin não havia opções economicamente acessíveis em seu país para serviços financeiros como cartão de crédito e contas bancárias. Segundo ele, até conta no Paypal era algo difícil para os barbadianos. Foi o bitcoin que lhe garantiu acesso ao mundo das finanças. “O risco de ser meu próprio banco vem com a recompensa de acessar meu dinheiro livremente e ser um cidadão do mundo — e isso vale a pena”, disse.

Mesmo com o prejuízo milionário, Gabriel Abed ainda tinha muitos outros bitcoins, em outras carteiras, que não foram perdidos. Com a negociação de parte deles, comprou um terreno de 40 hectares de frente para o mar, avaliado em 25 milhões de dólares.

Thomas também não tem muito do que reclamar: além de ter guardado outros bitcoins, em outras carteiras — das quais ele não perdeu a chave de acesso — que, segundo o próprio, “o deixaram com mais dinheiro do que ele poderia gastar”, ele foi trabalhar, em 2012, na Ripple, então uma startup cripto dando seus primeiros passos. Recebeu enormes quantias do token nativo do projeto, que se tornou o quarto maior criptoativo do mundo, com valor de mercado superior a 30 bilhões de dólares no final de 2020.

No curso “Decifrando as Criptomoedas” da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. O especialista usa como exemplo o jogo Monopoly para mostrar quem são as empresas que estão atentas a essa tecnologia, além de ensinar como comprar criptoativos. Confira.

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