Economista-chefe do Itaú não acredita que o Bitcoin vença o dólar como reserva de valor

Em podcast do Itaú, Mário Mesquita diz que não existem adversários para o dólar como reserva de valor

O economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, disse durante o podcast Itaú Views que o Bitcoin não deve vencer o dólar como reserva de valor.

No podcast publicado na última terça-feira, com participação do diretor-executivo do Eurasia Group Christopher Garman, Mesquita destacou que a resistência dos governos e investidores para o Bitcoin e outras criptomoedas é o maior obstáculo para eles serem aceitos como reserva de valor:

“Se você olhar o Bitcoin, grande parte da população e das autoridades ainda não se sentem plenamente confortáveis. É difícil ver um banco central ou um fundo soberano fazendo grandes investimentos em Bitcoin. Então, o dólar continua sendo a maior moeda de reserva.”

Além do Bitcoin, o economista também rechaçou que outras moedas nacionais possam enfrentar o status do dólar, citando ainda o euro e o renmibi, moeda chinesa que se prepara para se tornar uma moeda digital de banco central. “A melhor ajuda [para o dólar] é a falta de substitutos óbvios”, complementou.

Além do dólar, outro ponto central do podcast foi o real, que se desvalorizou muito em 2020 e já beira os R$ 6,00 contra o dólar. Mesquita colocou este valor – que seria novamente o maior da história da moeda brasileira – como “limite”:

“O nosso limite é R$ 6. Se o dólar ficar acima de R$ 6, com inflação esse ano terminando em torno de 3%, geraria pressões inflacionárias já em 2021, o que exigiria uma resposta quase que imediata de política monetária no primeiro trimestre do ano que vem”

O economista-chefe do Itaú também disse que o Brasil agora enfrenta um “dilema fiscal”, com pressões por mais investimentos sociais para aplacar as consequências da recessão econômica e o limite de teto de gastos. Segundo ele, se a questão fiscal piorar antes do fim de 2021, os juros devem aumentar já nos primeiros trimestres do ano que vem:

“O grande divisor de águas da política e da economia brasileira nos próximos meses e até o final de 2021 é o encaminhamento da questão fiscal.”

Nesta quarta-feira, o Itaú Unibanco confirmou que está disposto a adquirir mais participações na XP Inc em 2022. O banco anunciou a venda de parte de suas participações atuais na corretora através de seu presidente, Candido Bracher. O Itaú detém atualmente 46% das ações da XP, mas a compra de novas participações faz parte de um acordo de 2019, que ainda depende da aprovação do Banco Central.

Como noticiou o Cointelegraph Brasil ontem, o ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros disse que o Banco Central e o mercado financeiro erraram nas respostas à crise financeira brasileira durante a pandemia de coronavírus.

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