Vale a pena comprar criptomoedas nas plataformas de Nubank, XP e BTG Pactual?

O Cointelegraph Brasil avaliou os serviços da Xtage, da Mynt e do Nubank para entender de que forma elas se posicionam no mercado extremamente competitivo e aquecido das plataformas de negociação de criptomoedas no Brasil.

A adoção das criptomoedas no Brasil cresceu aceleradamente no ano passado em função do ciclo de alta do mercado que levou o Bitcoin (BTC) a ser cotado a US$ 69.000 em 10 de novembro – aproximadamente R$ 380.000 na cotação da época.

A busca dos investidores brasileiros por exposição a esta classe de ativos emergentes de forma, simples, segura e descomplicada fez com que players não criptonativos integrassem a negociação de criptomoedas em suas plataformas.

O Mercado Livre e a 99, através de seus aplicativos de pagamento, passaram a oferecer a compra e venda de Bitcoins ainda no final do ano passado, a partir de aportes mínimos de R$ 1,00 e R$ 10,00, respectivamente.

Recentemente, um dos principais bancos digitais do país, o Nubank, e duas das principais plataformas de investimento do mercado nacional, a XP Investimentos e o BTG Pactual, passarem a disputar uma participação neste mercado com grande potencial de expansão.

Embora em um primeiro momento, todos tenham criado plataformas exclusivas para compra e venda de criptomoedas, a Xtage, e a Mynt, nos casos da XP e do BTG Pactual, ou integrado o serviço ao seu aplicativo, no caso do Nubank, o envolvimento das três empresas com a indústria tende a crescer em um futuro próximo.

Menos de um mês depois de o serviço de compra e venda de criptomoedas do Nubank entrar em operação, o banco atingiu a marca de 1 milhão de usuários ativos. Há dias atrás, vazou uma notícia de que o Nubank estaria desenvolvendo uma criptomoeda própria para lançamento no ano que vem.

A relação do BTG Pactual com o mercado de criptomoedas é anterior ao lançamento da Mynt. O banco já oferecia aos seus clientes exposição a ativos digitais através de fundos de investimento e ETFs (fundos de índice negociados em bolsa). Após o lançamento de sua plataforma própria de negociação, um dos próximos alvos do BTG Pactual no mercado de criptomoedas deve ser a mineração de Bitcoin

Conforme revelou o Cointelegraph Brasil recentemente, com exclusividade, o banco avalia montar uma estrutura para mineração de BTC no Texas (EUA), ou Hernandarias (Paraguai) ou na região norte/nordeste do Brasil com o uso de energia eólica ou solar. No entanto, após a queda do mercado ao longo de 2022 e da diminuição da rentabilidade dos mineradores, a compra dos equipamentos que provinham de mineradoras chinesas foram temporariamente adiadas.

Além disso, o head de ativos digitais do BTG Pactual, adiantou alguns recursos que serão adicionados à Mynt em um futuro próximo, com foco em oferecer uma melhor experiência para os usuários:

“A Mynt será integrada com outros aplicativos do banco e outros produtos do BTG. Também teremos uma stabelcoin em breve. Já temos um extenso roadmap de novas moedas, novas funcionalidades e novos desenvolvimentos que vão entrar na plataforma. Porém temos que ser dinâmicos para acompanhar o mercado e atender a demanda de nossos clientes. Se eles demandarem por exemplo uma integração com o MetaMask, iremos estudar como fazer isso. O cliente é nosso foco principal”.

Por fim, a Xtage tem planos ambiciosos de se tornar a maior plataforma de negociação de criptomoedas do Brasil, a partir da base de 3,6 de milhões de clientes da XP. Além disso, a Rico, marca da XP voltada para o público jovem, tem planos de lançar uma exchange de criptomoedas própria já no início do ano que vem como parte de seus planos de expansão.

Para o usuário final, no entanto, o que realmente interessa é a praticidade e os recursos oferecidos por Nubank, Xtage e Mynt. O Cointelegraph Brasil avaliou cada uma das plataformas e agora revela suas vantagens e desvantagens para o usuário final e também se elas são capazes de atender a investidores de criptomoedas que, hoje, não fazem parte de suas bases de clientes.

Cadastro

Clientes que não tem cadastro prévio no Nubank ou na XP Investimentos, precisam passar pelo procedimento de identificação cliente padrão de ambas as instituições. No caso do Nubank, o processo é mais simples e rápido. A Xtage determina um período de até 48 horas para validar o cadastro e autorizar a negociação. Ambas só podem ser acessadas através de dispositivos móveis.

Embora seja associada ao BTG Pactual, a Mynt não está diretamente vinculada aos serviços do banco, embora isso deva acontecer em breve. O cadastro deve ser feito diretamente através da plataforma, que funciona tanto através de desktops quanto de aplicativos móveis. 

Após inserir as informações solicitadas bem como proceder com o reconhecimento facial e o envio da imagem de um documento de identidade, em aproximadamente duas horas a Mynt estava liberada para o uso

Segurança

A infraestura da plataforma do Nubank bem como a custódia dos ativos digitiais do cliente ficam a cargo da Paxos, uma rede blockchain focada na prestação de serviços para insitituições e empresas. No Brasil, a Paxos também presta serviços para o Mercado Livre.

A Xtage desenvolveu sua plataforma em uma parceria com a Nasdaq, enquanto o BTG Pactual criou uma infraestrutura própria para negociação e custódia de criptomoedas.

Neste quesito, independentemente dos parceiros, as três empresas são marcas fortes e consolidadas no mercado. Suas reputações fazem crer que não há risco para os investidores que optarem por utilizar suas plataformas de negociação.

Taxas

A Xtage é clara e direta no que diz respeito às taxas de negociação cobradas para realizar transações na plataforma. O investidor paga uma taxa única e fixa de 0,60% referente à corretagem (0,45%) e a emolumentos (0,15%) tanto para ordens de compra quanto para ordens de venda.

A Mynt não informa nos termos e condições de uso da plataforma as taxas cobradas por transação. Informa apenas que “a Mynt poderá cobrar tarifas específicas para prestação dos serviços, e que serão mostradas a você no momento de realização de uma transação.” Esta tarifa pode variar de 0,30% a 1,5% por ordem de transação, a depender do volume negociado pelo usuário.

Igualmente, o Nubank não informa o valor das taxas de transação cobradas aos clientes. O banco esclarece que “antes de finalizar a sua compra ou a venda de suas criptomoedas, é possível checar quanto você vai pagar de taxa nessas transações. Acrescenta ainda que “essa taxa varia a partir de análises que são feitas diariamente.”

Em uma simulação da compra de R$ 100 em Bitcoin feita pela reportagem do Cointelegraph Brasil, a taxa cobrada foi de R$ 1,59. Portanto, de 1,59%. 

Simulação de compra de Bitcoin no app do Nubank. Fonte: Cointelegraph Brasil

A título de comparação, o MB, a maior exchange brasileira, cobra taxas que variam de 0,3% a 0,7% sobre operações de compra e venda de criptomoedas.

Tipos de ordens de negociação

Traders experientes apreciam a possibilidade de poder criar parâmetros específicos para suas ordens de negociação, como ordens de stop, ou stop móvel, normalmente utilizada para minimizar perdas.

Verdadeiramente fundamental até mesmo para usuários iniciantes é poder estabelecer ordens limites para executar transações de compra ou venda de criptoativos. Esse tipo de ordem permite que o investidor determine o preço exato que deseja pagar ou receber por um determinado ativo.

Esse tipo de ordem exige que a plataforma de negociação tenha um livro de ofertas nos quais os clientes possam determinar os valores de compra e venda dos ativos em questão, que podem ser satisfeitos ou não. Exchanges especializadas na negociação de criptomoedas oferecem esses e outros recursos de negociação em benefício dos usuários.

Nubank, Xtage e Mynt não disponibilizam esta funcionalidade para os seus clientes. As ordens de compra e venda são executadas unilateralmente, diretamente com a plataforma, o que tende a ser uma desvantagem, exceto para traders inciantes que priorizam a facilidade de uso na hora de fazer suas transações.

A Mynt diz ter planos de adicionar os recursos de criação de ordens limite, ordens de stop e até a negociação de contratos futuros.

Referencial de preço

O referencial de preços de compra e venda dos ativos não fica claro em nenhuma das três plataformas. Ou seja, podem haver variações em relação à cotação dos mesmos em relação a outras plataformas ou exchanges.

Custódia e transferência de criptativos para outros endereços ou carteiras externas

Autocustódia costuma ser uma opção apenas para investidores experientes, dada a complexidade dos procedimentos necessários para fazer a autogestão dos próprios criptoativos. Assim, é possível que não se trate de um recurso indispensável para o público alvo das três plataformas. 

A Mynt, no entanto, afirmou que pretende liberar até o final do ano o saque e o depósito de criptomoedas.

Oferta de criptoativos

Nesse quesito, a Mynt está na frente. A plataforma do BTG Pactual oferece a compra e venda de Bitcoin, EthereumPolkadotCardano e Solana. Xtage e Nubank, apenas Bitcoin e Ethereum, as duas principais criptomoedas em termos de capitalização de mercado.

Todas as plataformas prometem aumentar a oferta de criptoativos disponibilizados aos clientes em um futuro próximo.

Regulação

As três plataformas oferecem seus serviços em conformidade com a regulação vigente.

Conclusão

Nubank, Xtage e Mynt oferecem uma boa opção de investimentos em criptomoedas para a sua base de clientes, e também se apresentam como uma boa porta de entrada para investidores que desejam fazer a sua iniciação no mercado, através de plataformas de fácil utilização.

Interface da Mynt. Fonte: Mynt

No entanto, dificilmente usuários que já operam em exchanges dedicadas a criptomoedas serão atraídos por estes novos players, visto que, por enquanto, tanto Nubank quanto Xtage e Mynt oferecem recursos limitados de negociação para os investidores.

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