O Bitcoin é uma reserva de valor? CEO da Binance no Brasil responde

O Bitcoin é uma reserva de valor? CEO da Binance no Brasil responde

Um abismo separa a macroeconomia entre os anos de 2020 e 2023, quando a pandemia trouxe a reboque a impressão de papel-moeda, acompanhada de inflação, sucedida por um movimento contrário, ou seja, a retirada de liquidez dos mercados por meio da elevação das taxas de juros dos bancos centrais. Enquanto o apetite ao risco dominou o primeiro momento, a busca por segurança dominou a segunda etapa e, mais uma vez, provocou a seguinte pergunta: “O Bitcoin (BTC) é uma reserva de valor?”

Para o diretor-geral da Binance no Brasil, Guilherme Nazar, o benchmark do mercado de criptomoedas possui características que permitem incluir o Bitcoin no time do ouro, títulos do Tesouro de economias sólidas como os EUA, os Treasuries, entre outros investimentos considerados “portos seguros”. Foi o que o executivo avaliou em um artigo publicado esta semana na coluna E-Investidor, do jornal O Estado de São Paulo.

Nazar observou que o BTC opera em uma rede descentralizada e é imune à interferência de governos, o que pode ser atraente em tempos de incertezas na economia apesar de períodos de extrema volatilidade e correções acentuadas da criptomoeda. O que ajuda à compreensão de o BTC, que respondia por 51,4% de dominância de mercado nesta quarta-feira (22), frequentemente ser chamado de “ouro digital.”

Em direção oposta, o executivo salientou que o sistema monetário fiduciário, base da economia global, expõe as moedas aos instrumentos de política monetárias dos bancos centrais, justamente o que aconteceu em 2020, com a oferta de dinheiro, e no final de 2021, quanto as instituições começaram a elevar suas taxas de juros.

Sobre as criptomoedas, Nazar enfatizou que elas trabalham sob uma lógica diferente e com uma dinâmica monetária ditada por algoritmos imunes a decisões humanas e, portanto, diversa à política monetária tradicional, centralizada em decisões de bancos centrais, na ampla maioria das jurisdições. Característica que, embora tenha vantagens relacionadas à adaptabilidade, também pode trazer agravamento à economia em caso de escolhas ineficazes.

Foi o que ele argumentou para justificar o surgimento de amplo leque de criptomoedas, que, segundo ele, experimentam mecânicas distintas na tentativa de tentar melhorar as finanças tradicionais. Nessa seara, Nazar destacou a interação entre dinâmicas inflacionárias e deflacionárias das criptomoedas.

No primeiro caso, ele observou uma lógica semelhante às moedas fiduciárias, pelo aumento gradual de suprimento circulante ao longo do tempo através de mecanismos como staking e mineração, como forma de incentivo à segurança da rede pela participação.

No caminho oposto, ele destacou os mecanismos deflacionários por meio de mecanismos como queima (burning) e o halving, vinculado à redução pela metade da recompensa por novos blocos minerados, caso, por exemplo do Bitcoin. Embora o benchmark cripto, acrescentou Nazar, tenha sido projetado para ter um suprimento limitado a 21 milhões de unidades, número previsto para ser alcançado por volta do ano 2140 com a mineração dos últimos blocos, razão pela qual o BTC será escasso e deflacionário, como o ouro.

De olho na mineração de Bitcoin, um passageiro acabou descoberto na última semana no aeroporto de Foz do Iguaçu supostamente transportando máquinas de mineração de Bitcoin importadas e sem recolhimento de imposto, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.   

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