Irã cria criptomoeda com lastro em ouro para combater Estados Unidos

Fora do sistema financeiro global devido a sanções econômicas dos Estados Unidos e Europa, o governo do Irã estava prestes a anunciar uma criptomoeda. O objetivo era anunciar na conferência ‘Revolução Blockchain’, que aconteceu em 29 de janeiro na capital Teerã.

Um dia depois, durante uma reunião realizada pela Ghoghnoos Company onde participaram CEOs de bancos e autoridades judiciais, foi revelada a PayMon, uma criptomoeda apoiada em ouro, segundo o Financial Tribune.

Os bancos privados Bank Mellat, Bank Melli Iran, Bank Pasargad, and Parsian Bank realizaram uma parceria com a startup de blockchain iraniana focada na tokenização de diferentes tipos de ativos, Kuknos Company, para formar o projeto, diz o site.

Inicialmente serão emitidos 1 bilhão de unidades da nova criptomoeda e o foco será na tokenização de ativos e bens das quatro instituições.

A reportagem também revelou que a ‘Fara Bourse’, empresa  de mercado de balcão (OTC) local, já se disponibilizou a negociar a PayMon.

No entanto, a proposta iraniana desde o início era de lançar uma criptomoeda nacional controlada pelo banco central, o que poderia deixar criptolibertários insatisfeitos.

Criptomoeda do Irã

Segundo o Coindesk, em dezembro do ano passado os legisladores dos EUA apresentaram projetos de lei contra os esforços do Irã para criar uma criptomoeda soberana e se ‘igualar’ à Venezuela — ambos países sofrem sanções internacionais.

As propostas dos americanos pedem sanções contra aqueles que conscientemente fornecem ao Irã financiamento, serviços ou suporte tecnológico, usado em conexão com o desenvolvimento da moeda digital iraniana.

A iniciativa partiu do deputado americano Mike Gallagher.

A tentativa de frustrar os iranianos veio após o anúncio de que o governo do Irã poderia desenvolver uma criptomoeda nacional como uma alternativa financeira já que o país encontra-se praticamente isolado, inclusive fora SWIFT.

Sanções motivaram liberdade financeira

O Irã, historicamente, sofre sanções americanas. E isto se intensificou mais duramente a era Obama, quando o país se recusava a deixar de enriquecer urânio, provavelmente para obter armas nucleares.

Recentemente os iranianos receberam o golpe mais severo para a sua economia. Em novembro do ano passado, o país teve seus bancos barrados no SWIFT.

Os países excluídos do SWIFT não podem pagar pelas importações ou receber pagamentos por elas, pois é esta instituição que cria e padroniza canais de comunicação entre centenas de bancos para realização de transações financeiras internacionais.

Irã estuda criptoeconomia há um ano

O Irã tem estudado a criptoeconomia desde o início de 2018, quando se reuniu com a Turquia, outro país interessado na tecnologia que surgiu como o bitcoin.

Desde então, o país resolveu elaborar planos para uma possível moeda digital nacional que, à princípio deveria ser usada para transações internas entre instituições financeiras iranianas. Esta seria a primeira fase, o que sugere que já está em jogo, mesmo que a PayMon tenha sido criada por bancos privados.

A segunda fase consiste em mobilizar a população a usar a nova moeda como um novo meio de troca para adquirir bens e serviços.

Embora isso não facilite diretamente os pagamentos entre o Irã e outros países, a criptomoeda iraniana pode estabelecer as bases para o país se unir a um sistema internacional de pagamentos baseado em blockchain.

Por enquanto, o mais provável seria um sistema parecido com o da Ripple, o RippleNet, criado para exclusivamente alcançar o ecossistema global de pagamentos, como faz o SWIFT.

O que evidenciou que o Irã estaria estudando uma alternativa ao SWIFT foi a declaração do governador do Banco Central do Irã, Abdolnasser Hemmtai, assim que as últimas sanções do governo americano foram impostas em novembro do ano passado.

Ele disse:

“O regulador já começou a trabalhar em uma alternativa em antecipação à desconexão SWIFT”, disse, na ocasião, segundo a reportagem.

País pretende criar sistema próprio para transferências

Em 14 de novembro do ano passado, o Irã assinou um acordo trilateral de cooperação blockchain com a Rússia e a Armênia. Isso aconteceu durante uma conferência em Erevan, capital armênia.

Naquela ocasião, a ideia de uma alternativa ao SWIFT já se encontrava mais elucidada.

“De acordo com nossas informações, um desenvolvimento ativo de uma versão iraniana do SWIFT está em andamento”, disse Yuri Pripachkin, dirigente da Associação Russa de ‘Criptoindústria’ e Blockchain.

Mais tarde, o presidente Vladimir Putin disse que a Rússia está “trabalhando ativamente” com parceiros para estabelecer sistemas financeiros totalmente independentes do SWIFT.

A Rússia também está sob sanções dos Estados Unidos, que acusou o Kremlin de violar leis internacionais de uso de armas químicas, como noticiou o G1.

Irã proibiu Bitcoin

Em abril de 2018, o banco central do Irã (CBI) proibiu a negociação de Bitcoin e outras criptomoedas em todas as instituições financeiras e bancárias do país.

Os argumentos usados para a censura foram preocupações com a lavagem de dinheiro, evasão de divisas e apoio ao terrorismo.

A decisão também foi uma tentativa de parar a queda da moeda oficial iraniana, o Rial, que paralelamente estava sendo trocada por bitcoin.

Por isso, o banco central limitou a quantia permitida de capital estrangeiro em espécie, por cidadão, em US$ 12.500.

Venezuela criou a Petro

O Irã segue um plano semelhante ao governo da Venezuela que criou a criptomoeda Petro em 2017 e a lançou em 2018.

Descentralizada ou não, por ser um projeto muito controverso, a criptomoeda venezuelana foi uma saída que ditador Nicolás Maduro viu para brigar contra sanções americanas e tentar erguer as finanças do país.


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