Tendências de investimentos para 2022 e melhores performances de 2021
‘Inquestionavelmente o mercado de criptomoedas não pode mais ser ignorado e vem consistentemente se tornando cada vez mais institucionalizado’, aponta analista sobre previsões de investimento para 2022
O ano de 2021 não foi fácil para os mercados tradicionais, mas acabou sendo bom para o Bitcoin (BTC) que subiu cerca de 89% no ano levando consigo todo o mercado de criptomoedas que viu criptoativos como o Axie Infinity (AXS) subirem mais de 15.000% ou a memecoin Shiba Inu (SHIB) que despontou com mais de 60.000% de valorização.
Já 2022, chega trazendo uma série de desafios: o maior deles, talvez, seja o debate sobre a transitoriedade da inflação americana e o início do processo de tapering, a redução do programa de recompra de ativos do FED.
É o que avalia Rodrigo Lima, analista de investimentos da Stake, plataforma que conecta pessoas de diferentes países ao mercado de ações americano.
Ainda segundo análise do especialista, em 2013, quando o banco central americano anunciou que iria iniciar o processo de tapering, os mercados sofreram por medo de que a retirada de liquidez fosse causar a estagnação das economias globais, fenômeno que ficou conhecido como “taper tantrum”.
Posteriormente, esse temor se mostrou infundado, com mercados renovando máximas históricas pelos próximos sete anos subsequentes até a pandemia da covid-19.
“Naturalmente, os problemas logísticos causados pela pandemia e a crise energética que se sucedeu devem ser minorados e retornar à relativa normalidade ao longo do ano, o que pressionaria a inflação para baixo, no entanto ainda não é claro que esse fenômeno inflacionário seja explicado somente por estas questões e não pela liberação de uma demanda reprimida por uma população que enfrentava lockdowns e fechamentos da economia ou pela grande injeção de liquidez através de políticas fiscais e monetárias, o que poderia fazer com que a inflação demorasse ainda mais para arrefecer”, pontua Lima.
Para além do mercado de criptomoedas, segundo o analista, pairam também grandes questões sobre o mercado de trabalho. Atualmente os Estados Unidos enfrentam um fenômeno que vem sendo chamado de “a grande resignação”, convivendo simultaneamente com números relativamente altos de desemprego e com grandes números de vagas em aberto.
“As justificativas para tentar explicar porque isso ocorre são várias, desde trabalhadores não-qualificados que teriam sido substituídos por uma automação cada vez maior nas indústrias e setor de serviços e que por isso não conseguem se adequar às vagas, chegando até trabalhadores que optaram por não retornar ao escritório depois de passarem meses trabalhando em home office e perceberem que assim conseguem ter mais tempo livre para outras atividades ou para dedicarem às suas famílias”, avalia o especialista.
De modo geral, ainda não está claro se a sociedade venceu a pandemia da covid-19, principalmente com o surgimento da variante ômicron. Esse talvez seja o problema central que deve ditar o ritmo dos ativos financeiros no ano de 2022, que definitivamente não será um ano fácil para se investir.
“Isso não significa que o investidor deva necessariamente evitar ativos de risco: 2020 e 2021 foram anos muito turbulentos e difíceis, no entanto, ofereceram retornos excepcionais para as bolsas de praticamente todos os países. Basta lembrar que se não houvesse incertezas no cenário macro, os preços das ações certamente seriam mais elevados”, aconselha.
Melhores performances de 2021
Em um ano marcado por grandes problemas nas cadeias logísticas de todo mundo, inclusive com um incidente histórico como o engarrafamento do canal de Suez, não foi de se espantar que a melhor performance do ano fosse do setor de logística.
O BDRY, fundo de índice da gestora ETFMG que investe no setor, sobe mais de 220% no ano, impulsionado pelo aumento no custo dos fretes ao redor do mundo.
Logo em seguida, o ativo de melhor performance foi o gás natural, que sobe quase 100% no ano, graças ao aumento na demanda de combustíveis fósseis causado pela crise energética, enquanto o petróleo sobe cerca de 46%, puxando todo o setor para cima.
O setor financeiro, beneficiado pela alta nas taxas de juros, também teve uma das melhores performances do ano, subindo 31,5%.
“O ano de 2021 também foi muito positivo para as criptomoedas. Naturalmente, há milhares de ativos, alguns que se multiplicaram centenas de vezes e outros que perderam quase todo seu valor, no entanto o Bitcoin, principal ativo do setor, sobe mais de 82% no ano. Não é possível determinar se isso se deve ao temor inflacionário ou à aprovação do primeiro ETF de contratos futuros da criptomoeda, mas inquestionavelmente esse mercado não pode mais ser ignorado e vem consistentemente se tornando cada vez mais institucionalizado”, complementa Lima.
Já como destaque de performances ruins, podemos citar os países emergentes, que em geral, performaram pior do que os mercados desenvolvidos e o setor de utilities, que sobe apenas 6,6%.
Considerado como uma tese altamente defensiva de investimento, o setor foi relativamente penalizado enquanto investidores demonstraram cada vez mais apetite para risco graças a melhoras no cenário econômico e sanitário global.
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