Interessado em ouro? Investidor dá dicas iniciais e cita erros básicos a serem evitados

Sinônimo de riqueza e prosperidade ao longo da história da humanidade, até hoje o ouro é cobiçado. Apesar de não servir mais de lastro para reservas financeiras globais, é apreciado como tipo de investimento e conta com seus entusiastas. E sua procura tende a ser maior em tempos de crise.

Prova desse comportamento é que na semana passada os contratos futuros de ouro atingiram o maior patamar desde 2012, de US$ 1.761,40 por onça.

Foi para se prevenir contra uma possível recessão global que em 2018 o youtuber e dono da OTC Cripto, Avelino Morganti, começou a fazer aportes constantes em ouro. Além de entusiasta do bitcoin, o investidor tem na própria família a proximidade com o precioso metal: seu pai. Mateus Morganti, foi garimpeiro na década de 1980.

Prevenção esta que, assim como qualquer investimento, não é completamente imune a situações de pânico nos mercados. Nem mesmo o precioso metal escapou ileso ao pânico que tomou conta dos mercados globais em 12 de março.

Por onde começar

Mesmo não sendo 100% imune ao humor dos mercados, Morganti recomenda o ouro como forma de investimento e o cita em vários de seus vídeos.

O primeiro passo citado pelo p2p para investir em ouro é algo básico: estudar o ativo e seu mercado:

“Ouro está sujeito a flutuações de mercado, assim como bitcoin, moedas fiduciárias, ações, etc. Então não é bom colocar tudo numa cesta só”.

Há diferentes formas de adquirir o metal para investir, desde a compra de contratos de ouro em Bolsas de Valores e títulos à aquisição física. Cada um tem suas vantagens e desvantagens e o que determina a escolha é a intenção do investidor com o ativo.

“O ouro físico, embora tenha uma liquidez extremamente elevada quando negociado através de DTVMs (Distribuidora de títulos e valores mobiliários), pode ser mais difícil de vender. Já o ouro contratual é super líquido e é possível vender através de um clique na Bolsa de Valores”, explica Morganti.

Erros a evitar

O trader não aponta um erro principal cometido ao se investir em ouro, mas faz recomendações que ajudam a evitar dores de cabeça na hora de colocar capital em ouro.

Uma delas é achar que a compra de joias que levam ouro em sua composição equivale a investir no metal. Isso porque esses artigos, além de terem um custo de cunhagem, são na verdade ligas metálicas que carregam também outros elementos em sua composição. Por ser um elemento maleável, o ouro sozinho não apresenta resistência suficiente para se fazer uma joia.

Outro erro comum é a compra de ouro físico de uma fonte que não tenha certificação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O processo que comprova a pureza do metal é complexo e caro — ou seja, aquela oferta que parece tentadora de um vendedor de procedência desconhecida pode render um belo prejuízo.

Porções de ouro que não contam com essa certificação, inclusive, podem ser fruto de extração ilegal. E o simples porte de ouro dessa procedência acarreta crime ambiental — que é inafiançável e pode render de um a cinco anos de cadeia, além de multa.

“O ‘certificado’ dá mais valor ao ouro. Pois o comprador tem o ‘selo’ de uma instituição que purificou aquele ouro e responde diretamente a CVM e ao Banco Central. Então se for comprar ouro físico é melhor que ele já venha ‘certificado’”, explica Morganti.

O investidor também recorda que a simples compra do metal, seja no formato físico ou em títulos, não vai deixar ninguém rico. “Ouro sempre valoriza ao longo do tempo, mas nada comparado ao Bitcoin. Ele é mais um ativo de proteção contra crises e contra inflação.

Limites do ouro

Morganti também dá uma explicação sobre o que levou até mesmo o ouro a sofrer perdas no último dia 12 de março. Segundo ele, ocorreu uma grande demanda por ouro físico, ao ponto de os fabricantes de barras não conseguirem dar conta da demanda.

A paralisação de atividades econômicas geradas por conta da pandemia de Covid-19 agravou esse cenário e gerou todo um clima de insegurança no mercado.

“Começou a faltar barra de ouro no mercado porque os aviões e transportes estavam parados. Então, o preço da barra de ouro começou a ficar mais caro que o contrato”, resume o investidor.

Essa situação, se levada ao limite, poderia até levar à quebra de corretoras. E, na visão de Morganti, ajudou a revelar uma rara fragilidade em relação ao ouro:

“Este é o risco de se investir no contrato. É raro, dificilmente acontece, mas pode acontecer da Bolsa não conseguir honrá-lo. Essa crise e a pandemia do coronavírus mostraram isto”.

Ouro ou bitcoin?

Constantemente o ouro físico é comparado ao bitcoin, chamado por alguns de “ouro digital”. Morganti admite semelhanças entre os ativos, mas também aponta diferenças fundamentais entre o precioso metal e a mais famosa das criptomoedas.

"Bitcoin precisa de ouro para existir", diz empresa do setor
Ouro e bitcoin são dois ativos constantemente comparados um ao outro.
(Foto: Shutterstock)

Enquanto o bitcoin é de fácil armazenagem e transporte, seu preço é muito mais volátil que o do ouro e também está vulnerável a ataques de hackers:

“Vejo o ouro como um ancião de 6.000 anos, cheio de sabedoria, mas que já é velho. Bitcoin é um menino superdotado de apenas 11 anos de idade. Ainda imaturo, mas cheio de potencial se ele seguir os passos do avô”.

“Em termos de potencial de valorização, o bitcoin ganha do ouro, sem dúvida. Em termos de segurança, ouro ainda é a melhor opção”.

Para sanar a dúvida, o investidor tem sua receita. “Eu considero os dois como ‘dinheiro honesto’, que não pode ser inflacionado, alterado. Eu gosto de ter os dois”.


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