CEO da InspireIP diz que mercado brasileiro de NFTs está crescendo, mas barreiras para compras de tokens ainda são altas

A CEO Caroline Nunes, falou com exclusividade ao Cointelegraph sobre o mercado de tokens não-fungíveis e o futuro do setor no Brasil; disse que um dos grandes problemas é que a maioria da população ainda não sabe o que são NFTs ou Blockchain

O mercado de NFTs, tokens não fungíveis, tem crescido e está alcançando vários setores da sociedade. 

Só para se ter uma ideia, a capitalização de mercado do setor está calculada em R$ 222.650.737.079, segundo o CoinMarketCap.

O Cointelegraph publicou no início de setembro as 5 coleções de NFTs mais valiosas da atualidade que passavam de US$ 1 Bilhão.

Os números são surpreendentes e só no primeiro semestre de 2021, o mercado de NFTs registrou US$ 2,5 bilhões em vendas.

Tamanho potencial do setor tem chamado a atenção, mas o setor tem enfrentando um desafio grande: a falta de conhecimento da população sobre o tema.

Em entrevista exclusiva ao Cointelegraph, Caroline Nunes, CEO da InspireIP, maior marketplace de NFT da América Latina e plataforma que oferece o registro de direitos autorais em Ethereum Blockchain, falou sobre o mercado de NFTs e o futuro do setor no Brasil.

“É um mercado que se mostra promissor, mas que ainda está engatinhando. Vemos uma movimentação interessante no mercado primário, mas pouca ou nenhuma movimentação no mercado secundário, mostrando que o NFT ainda não “virou” no Brasil. No entanto, também vemos que o Brasil é um dos países que mais participa de comunidades de jogos de NFT (play to earn), como o Axie Infinity e o Star Atlas. Acredito que daqui a um ano conseguiremos ver melhor como o Brasil se encaixa no mercado de NFTs,”, disse Caroline Nunes.

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O motivo para o mercado ainda não ter engrenado como o setor gostaria pode estar na falta de envolvimento com o público: 

“Apesar do enorme interesse por parte de marcas e artistas em se engajar com projetos envolvendo NFTs, ainda falta envolvimento com o público, fãs, colecionadores. A maior parte da população brasileira não sabe o que é NFT, nunca fez uma transação em criptomoeda, não entende o que é blockchain. Infelizmente, essa falta de conhecimento acaba sendo uma barreira de entrada enorme no mercado, uma vez que, para comprar um NFT, a pessoa precisa comprar criptomoeda, criar e saber operar uma wallet.”

Cointelegraph – O mercado brasileiro tem alguma característica específica que faz com que vocês tenham que trabalhar de maneira diferente em relação a outros mercados? 

Caroline Nunes – “Sim. Como eu disse anteriormente, as barreiras para a compra de NFTs ainda são altas. Tivemos que reavaliar nosso modelo, abrir mão de parte da descentralização do marketplace para aumentar a usabilidade e experiência do usuário. Atualmente estamos trabalhando em uma rota que viabilizará a venda de NFTs em fiat. Também estamos analisando a possibilidade de criar uma wallet integrada ao sistema. Tudo isso para diminuir as barreiras e tornar o mercado de NFT mais acessível ao público em geral.” 

Cointelegraph – Como os donos de NFTs podem anunciar suas obras na InspireIP? 

Caroline Nunes – “Nosso marketplace é restrito para artistas e empresas convidadas. Temos um formulário na plataforma para pessoas que se interessam em ser artistas em nosso marketplace. Em breve, devemos anunciar uma abertura maior para os artistas brasileiros.”

Cointelegraph – O que vocês esperam e planejam para o futuro dos negócios no Brasil? 

Caroline Nunes – “Estamos com vários projetos interessantes envolvendo NFTs, que vão desde NFTs para o setor de música até NFTs para games e agronegócio. Em paralelo, nosso maior foco é melhorar a experiência e usabilidade do usuário, a fim de deixar o mercado de NFTs mais acessível aos brasileiros.” 

Cointelegraph – O que o público pode esperar sobre o setor de NFTs no futuro? 

Caroline Nunes – “Estamos acompanhando o comecinho da tecnologia. Ela ainda é uma bebê. As pessoas sabem que a tecnologia tem um potencial gigantesco, e estão testando seu uso em diversos setores. Eu vejo projetos que são incríveis, e vejo outros que só querem encaixar a tecnologia puramente pela hype. Os NFTs têm se mostrado particularmente promissores para o setor de games, música, metaverso, artes… Não se admirem se, futuramente, usarmos a tecnologia sem saber que estamos utilizando.”

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Cointelegraph – Falando sobre alguns projetos de vocês, como foi o projeto sobre os NFTs do Silvio Santos, no SBT, e como ele foi realizado? 

Caroline Nunes – “Foi um projeto super importante para a evolução da tecnologia no Brasil. A InspireIP foi procurada pelo time de inovação do SBT com a proposta de fazer uma campanha utilizando NFT, e ajudamos o time a desenhar a estratégia, a criar e colocar a venda os NFTs. O resultado do leilão foi supreendente. Os lances começaram a R$40,00 e terminaram a R$16k. Foram mais de 80 lances, o leilão foi 100% descentralizado e o pagamento foi feito em criptomoedas. Pela relevância da emissora, conseguimos chamar a atenção de grande parte da população para os NFTs, e isso é mais importante do que o próprio resultado do leilão.”

Cointelegraph – Quais as diferenças de NFTs de arte e de música? 

Caroline Nunes – “NFTs de arte costumam ser colecionáveis, mas a tecnologia pode ser uma ótima aliada no processo de autenticação de artes físicas. Já no ramo da música, NFTs estão sendo mais usados para vender experiências, como a oportunidade de encontrar pessoalmente um cantor, adquirir um ingresso que garante o acesso em todos os shows da banda, participar de um grupo VIP de fãs, etc.”

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Cointelegraph – Como é a plataforma para registro de propriedade intelectual que vocês criaram e como a ideia surgiu? 

Caroline Nunes – “A InspireIP hoje tem dois braços, um é o marketplace de NFT, e o outro é a plataforma de registro de propriedade intelectual em blockchain. A ideia surgiu quando eu estava terminando o mestrado em propriedade intelectual na Califórnia, pois tive algumas aulas de blockchain lá e vi o potencial da tecnologia para proteção e registro de propriedade intelectual. Quando retornei ao Brasil, vi que nosso país precisava urgentemente de uma modernização no setor, e foi assim que nasceu a InspireIP.”

Cointelegraph – Há algum novo projeto inovador ou projetos futuros que vocês podem divulgar pra gente? 

Caroline Nunes – “Para não dar muito spoiler: Estamos trabalhando em um projeto super legal junto com uma empresa grande da área de streaming. Vai vir muita novidade por ai, fiquem de olho!”

A CEO da InspireIP finaliza a entrevista de maneira otimista:

“Caroline Nunes – O futuro é descentralizado. Esse é só o começo.”

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