Influencer de pirâmides financeiras tenta apagar perfis no Instagram que revelam seu passado
Com 631 mil seguidores no Instagram, Rafael Oliveira se coloca como um entusiasta do universo das criptomoedas. Ele mescla frases motivacionais com fotos de carros, imóveis e artigos de luxo que diz ter obtido graças aos ganhos com empreendedorismo.
No entanto, essa prosperidade é baseada em um passado recente vinculado a pirâmides financeiras que ele tenta esconder. Já se envolveu com DD Corporation, BinaryBit e TeamMillion.
Uma rápida busca pelo perfil oficial de Oliveira no Instagram traz consigo outros três (orafaeloliveira_estelionatario, orafaeloliveira.estelionatario e orafaeloliveira_golpe171) que resgatam pessoas e empresas ligadas a esquemas financeiros fraudulentos que o influencer já promoveu. No perfil oficial, contudo, não consta nada desse passado recente.
A luta de Rafael Oliveira contra esses “fantasmas” que ameaçam sua prosperidade inclui até ação na Justiça contra o Facebook para tirar do ar os perfis não oficiais. Até agora não teve sucesso.
O influencer foi procurado pela reportagem para falar sobre as acusações e da ação judicial, mas não respondeu até o fechamento deste texto.
Derrota na Justiça
Oliveira reagiu e até já apelou à Justiça para tentar apagar da internet esse lado sombrio de seu passado — sem sucesso.
Na última quinta-feira (27) o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) negou ação liminar de Oliveira contra o Facebook — que também é responsável pelo Instagram — para que esses perfis fossem retirados do ar.
Nos autos, o influencer argumenta que tais publicações ferem sua honra. O juiz Emerson Norio Chinen, no entanto, considerou que o pedido de Oliveira configura censura prévia. Também julgou que a petição é carente em provas de que tais perfis de fato atentem contra o influencer.
“No caso concreto, os fatos parecem retratados de forma relativamente truncada e em alguma medida não contextualizado e até mesmo indireto, logo pela prova até aqui juntada, não se permite maior análise da reprodução, ainda que parcial e tendenciosa, cuja relação transparece mais um desabafo de inconformidade do que propriamente de manifesta intenção ilícita e lesiva”.
O magistrado também argumentou que, sendo Oliveira um influencer e declarado envolvido com o universo cripto, “é pessoa experiente em lidar com o público” e tem ciência da ausência de regulamentação do mercado de criptomoedas no Brasil, bem como de seus riscos.
Passado que condena
Os perfis que denunciam Oliveira elencam os nomes das empresas e esquemas com as quais se envolveu: DD Corporation, BinaryBit e TeamMillion são alguns deles.
A BinaryBit, por exemplo, prometia ganhos de 1,5% ao dia — o que superava 300% ao ano — por meio de operações com criptomoedas. Investigada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a empresa teve a ousadia de usar o nome do órgão regulador para tentar transmitir credibilidade. Em outubro de 2019, clientes da empresa chegaram a cercar a casa de Rodrigo Toro, fundador do esquema, para cobrar pagamento.
Já a DD Corporation/DreamsDigger, de Leonardo Araújo, alegava ser uma plataforma de educação sobre o mercado de criptomoedas. No entanto, usava um suposto robô de arbitragem com bitcoin como principal chamariz e sacramentou calote em dezembro de 2019, afetando cerca de 300 mil clientes.
No caso da DD Corporation, Oliveira seria ligado a outro influenciador digital, o youtuber Gabriel Rodrigues, que captava clientes para a empresa até novembro do ano passado. A exemplo do parceiro, ele também mostra uma vida de luxo e ostentação nas redes sociais.
Já a TeamMillion se define como uma “Escola de Insights criada para inspirar, gerar ideias e oferecer as ferramentas necessárias pra quem sonha em chegar lá”. De acordo com as denúncias, no entanto, ela é uma criação do próprio Oliveira — em associação com outros dois parceiros, Douglas Barros e Leo Faria — e atuou em conjunto com a BinaryBit.
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