Indústria de armazenamento e o objetivo da Web3
Porque na indústria de armazenamento os casos de uso com foco na Web3 ainda são poucos? Este é o tema principal de nosso artigo de hoje.
No armazenamento distribuído, há um fracionamento dos dados em componentes para armazená-los através de uma rede peer-to-peer.
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Mas como a Web3 irá beneficiar os administradores de Data Centers ainda não se sabe.
Embora as tecnologias de armazenamento distribuído façam parte da Web3, parece que os grandes administradores de armazenamento não têm considerado a Web3 como um fator de estratégia em TI, dado que a velocidade e a resiliência dessas redes não estão prontas para a maioria dos usuários.
Web 3 em um futuro ainda não escrito
A Web3 definitivamente ganhou o mainstream, e embora a maioria das pessoas ainda não saiba exatamente o que ela realmente será.
Para ajudar na compreensão deste artigo, um conceito bem simples que podemos usar é:
Web3 é uma pilha de tecnologias que estão unidas entre si pela espinha dorsal da descentralização.
Aos que preferem um conceito mais elaborado, podemos tomar como base a explicação da Web3 Foundation:
“Na Web3, os usuários controlarão seu próprio algoritmo, não sujeito a interpretação. Um algoritmo controlado pelo próprio usuário, que definirá a definição exata do conteúdo exibido e coletado sobre o usuário, o uso de criptoativos via tecnologia blockchain para pagamento, e altos níveis de criptografia.
Aqui, importante notar que nenhuma dessas definições acima se relacionam intrinsecamente com as preocupações e necessidades de armazenamento de dados de uma empresa, muito em razão do fato de que a Web 3 tem o ser humano, e não as empresas, como foco principal.
Aqui, é importante destacarmos que o armazenamento em si continuará sendo um produto subjacente a tecnologias como blockchain.
Isto é, apesar da tecnologia blockchain assegurar ao usuário a propriedade de uma imagem em meio digital, o armazenamento desta imagem (um backup) não necessariamente usará uma tecnologia da Web3.
Mas vamos destrinchar isto melhor.
1 – O problema de todo armazenamento é ser um produto
O fato do armazenamento ser um produto acaba trazendo alguns problemas.
Primeiro, há uma necessidade dos fornecedores de armazenagem se diferenciarem no mercado, principalmente através da publicidade e marketing, o que acaba provocando uma confusão de conceitos.
Usar a palavra Web3 para chamar atenção se tornou um mantra. Mas basta dar uma olhada mais a fundo nos projetos, para ver que a maioria não pretende adotar qualquer tecnologia que passe perto da descentralização proposta pela Web3.
Em segundo lugar, potenciais clientes sentirão falta de outros usuários e informações sobre produtos até que a adoção se concretize, de modo que o risco de investir na Web3, agora, apesar de promissor, ainda é alto.
Claro que existem serviços de armazenamento distribuído disponíveis na embrionária Web3, mas isso não significa que tais serviços tenham maturidade suficiente para uso em larga escala.
Os “early adopters” ainda precisam ser capazes de pegar esses serviços e implementá-los à unha, e geralmente não se está falando aqui de um serviço de ponta a ponta. Isto sem falar no custo atual para um grande volume de armazenamento de dados.
2 – Os serviços distribuídos atuais focam no consumidor individual
Os agregadores das redes de armazenamento distribuído acreditam que existe um futuro empresarial compatível com a Web3, apesar de a maioria oferecer principalmente serviços de qualidade ao consumidor individual.
A Filebase, um desses fornecedores, oferece serviços de armazenamento de objetos compatíveis com Web3 construídos em cima de redes de armazenamento em blockchain, incluindo Sia, Skynet e Storj.
O Filebase atua como um front-end e agregador para as três redes, permitindo aos usuários selecionar suas escolhas específicas de rede e locais de armazenamento através de um console semelhante à criação de um balde Amazon S3 sem a necessidade de configurar conexões ou configurações de rede específicas.
Os usuários do Filebase, todos os quais são atualmente consumidores, podem armazenar até 5 GB de dados gratuitamente. Uma assinatura paga de 1 TB de armazenamento e 1 TB de largura de banda está disponível por US$ 5,99 por mês, com armazenamento adicional disponível a US$ 0,0059 por GB de armazenamento e largura de banda de saída.
Os fornecedores de armazenamento estão todos tentando diferenciar seus produtos porque todo o armazenamento é um produto.
Note que a Web3 possibilita construir uma nuvem de nível exabyte sem ter que construir centros de dados adicionais. Quanto mais redes são adicionadas à determinada plataforma, mais capacidade de acesso ela têm.
A Filebase exige apenas um endereço de e-mail do cliente para acessar o armazenamento distribuído.
Embora as ofertas da Filebase atualmente visem necessidades individuais de armazenamento, a empresa começou a se ramificar com serviços adicionais aplicáveis a desenvolvedores individuais e usuários empresariais.
Pois bem, a Filebase foi integrada ao Flexify.IO, uma empresa de software de virtualização e migração de armazenamento multi-nuvem. Agora, após a parceria, seus usuários podem escolher entre a Sia, a Skynet e Storj além de outros provedores de armazenamento em nuvem, como Wasabi e Backblaze, bem como os três hiper escaladores, AWS, Azure e Google Cloud Platform (GCP).
O Flexify.IO utiliza uma API agnóstica de nuvens para conectar serviços de armazenamento distintos e aplicativos em nuvem juntos, para permitir que seus usuários se conectem aos serviços mais baratos.
Note que o foco, aqui , é o acesso aos dados e disponibilidade de dados dos clientes, de modo que os dados dos usuários não estejam mais “cativos” em um único centro de dados ou região da Internet.
Ora, isto tem total relação com o espírito da Web3 cujo principal objetivo é ser uma pilha de tecnologias descentralizadas que permitem o compartilhamento de ativos (dados) em múltiplas redes de forma não siloada.
Por que muitos administradores de armazenamento operam em oposição ao modelo da Web 3?
A indústria de armazenamento em geral parece ser indiferente ao modelo de armazenamento distribuído de empresas como Filebase para usuários empresariais.
E as razões para isto podem se resumir a:
- a volatilidade inerente às criptomoedas
- o atual estágio de desenvolvimento de redes blockchain
- a imprevisibilidade do serviço oferecido
Basicamente, as empresas querem:
- armazenamento seguro, armazenamento redundante,
- ter escolha e controle sobre onde se encontram seus dados.
De fato, muitas redes distribuídas usam o sharding para dividir arquivos maiores em pedaços menores, mais facilmente armazenados em toda a rede. Estes “pedaços de dados” podem ser criptografados e armazenados através de dispositivos de armazenamento de usuários conectados à rede, criando arquivos redundantes para recuperação e garantindo que nenhum indivíduo tenha acesso completo a um arquivo.
Para alguns players da indústria de armazenamento, esta implementação de dados fragmentados para armazenamento distribuído pode resultar em velocidades de acesso inaceitáveis e um nível de imprevisibilidade para usos empresariais.
Considerações finais
Os vendedores de grandes empresas mantiveram a tecnologia blockchain, a idéia de descentralização e o modelo de armazenamento de dados proposto pela Web3 à distância.
Por volta de 2018, os hiper-calibradores de nuvens e fornecedores de empresas legadas começaram a entrar no jogo da infraestrutura distribuída e anunciaram novos produtos ou parcerias para fornecer redes distribuídas, principalmente em blockchains privados (não em redes públicas).
Atualmente, IBM, SAP e Oracle mantêm soluções DLT, juntamente com AWS e GCP, que vão desde serviços gerenciados até kits iniciais de TI para construir a estrutura Hyperledger Fabric de código aberto, uma infraestrutura permissionada para criar software e aplicativos baseados em um “Distributed Ledger Technology”.
A maioria dos serviços continua disponível, embora a Microsoft Azure tenha retirado seu Azure Blockchain Service em setembro de 2021. Mas nenhuma dessas aplicações empresariais se concentra no armazenamento distribuído.
Como vimos nos parágrafos anteriores, as empresas de armazenamento não se interessam pelo modelo de armazenamento descentralizado, porque desejam ter escolha e controle sobre os dados através de bancos de dados centralizados.
Esta falta de interesse, no entanto, vai de encontro ao espírito da Web3, cujo principal objetivo é empoderar o ser humano, concedendo a ele a privacidade, a propriedade e o controle sobre sua identidade e seus ativos (dados e qualquer outro tipo de valor), através de uma infraestrutura e armazenamento descentralizados.
E você, enxerga o aumento na adoção de criptoativos e o amadurecimento das redes blockchains existentes atraindo as empresas de armazenamento tradicionais para um futuro na Web3? Ou entende que a evolução da Web para um modelo descentralizado no futuro, acabará por obrigar empresas a migrarem para um modelo de armazenamento distribuído?
Ou ainda, você acha que as organizações tradicionais, que permanecerem em desacordo com a Web 3, serão substituídas por DAOs? Ou você acha que o armazenamento não precisa utilizar uma tecnologia da Web3, e haverá espaço tanto para empresas de armazenamento centralizado, quanto de armazenamento descentralizado ?
Conhecimento é poder! Nos vemos em breve.
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