Em carta aberta, ‘Faraó dos Bitcoins’ diz estar com ‘coração quebrado’ por não pagar clientes da GAS Consultoria

Após mais de 100 dia na prisão e três pedidos de habeas corpus negados, Glaidson dos Santos escreve carta em tom de desabafo se dirigindo aos clientes da empresa lamentando estar impossibilitado de pagá-los.

Na quarta-feira, Glaidson do Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”, divulgou um carta aberta no Youtube em que afirma estar com o “coração quebrado” porque a GAS Consultoria Bitcoin teve seus bens bloqueados e está impossibilitada de pagar os seus clientes.

A carta vem a público pouco tempo depois que Glaidson completou 100 dias preso e teve três pedidos de habeas corpus negados em diferentes instâncias judiciais. Acusado de chefiar um esquema de pirâmide financeira baseado em investimentos em criptomoedas, o dono da GAS Consultoria revelou em tom de desabafo que nem em seus “piores pesadelos” imaginaria estar preso e impossibilitado de honrar os compromissos assumidos em contrato com os investidores que confiaram em sua empresa.

A queda de Glaidson teve início em 25 de agosto, quando o ex-garçom foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. No local foram encontrados aproximadamente R$ 150 milhões em criptomoedas, configurando a maior apreensão de ativos digitais da história do Brasil.

Glaidson é acusado por crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e gestão temerária ou fraudulenta. À frente da GAS Consultoria, o “Faraó do Bitcoins” teria movimentado aproximadamente R$ 38 bilhões em seis anos, atraindo clientes de diversas regiões do Brasil sob a promessa de rendimentos fixos de 10% ao mês mediante investimentos em criptomoedas. A empresa sequer tinha registro junto aos órgãos regulatórios para fazer as devidas transações.

Na carta, Glaidson afirma estar sendo vítima de tortura psicológica por estar sendo mantido preso mesmo sem ter cometido crime algum. Reafirmou que a sua missão e a da GAS Consultoria era oferecer “educação financeira e tecnológica” às pessoas, independentemente da condição social, para que elas aprendessem a andar com as próprias pernas.

Disse ainda ter sido sido pioneiro em investimentos em criptoativos em uma época em que a maioria acreditava que o Bitcoin não passava de uma bolha, “mas o tempo provou que os criptoativos é (sic) a realidade da criptoeconomia e quem ainda não entendeu isso, ainda há tempo de aprender”, completou.

Glaidson também revelou que tem recebido visitas diariamente. Segundo ele, algumas pessoas seriam “mal-intencionadas” e estariam tentando extorqui-lo “vendendo ilusões” em troca de promessas de liberdade.

Além de reiterar que jamais cometeu crimes de qualquer natureza em diversos trechos da carta, o “Faraó dos Bitcoins” negou que estivesse em seus planos fugir do país.

A afirmação contradiz uma investigação do Ministério Público Federal que desvendou um plano de fuga. A venezuelana Mirelis Zerpa, mulher de Glaidson e, segundo o relatório final da “Operação Kryptos”, administradora financeira da organização criminosa, está foragida.

Segundo o MPF, já no exterior Mirelis teria conseguido vender R$ 1,06 bilhão em criptomoedas para financiar a sua fuga. A mulher de Glaidson está na lista de procurados da Interpol e tem um pedido de extradição expedido contra ela.

Até o momento em que este texto está sendo escrito, o vídeo já contabiliza pouco mais de 38 mil visualizações e 376 comentários. A maioria absoluta se compadece e se solidariza com o dono da GAS Bitcoin, mesmo aqueles que se dizem clientes da empresa. 

Pedido de desbloqueio dos bens da empresa

A defesa da GAS Consultoria tentou negociar um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) para que os bens da empresa fossem desbloqueados pela Justiça, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Na petição, os advogados alegam que a interrupção das atividades da GAS Consultoria e a ausência dos pagamentos devidos aos clientes estão “acarretando verdadeiro estado de calamidade em todo o território brasileiro, principalmente no estado do Rio”, pois o bloqueio de cerca de R$ 38 bilhões teria exposto “aproximadamente 300.000 famílias à insegurança econômica.”

O pedido solicita a liberação de todos os os bens apreendidos durante a Operação Kryptos, que desvendou e desmontou o esquema criminoso da GAS Consultoria. A desfesa afirma ainda que a empresa se compromete a “realizar a devolução integral dos valores confiados pelos clientes” em 12 parcelas, de forma a “não sobrecarregar o sistema financeiro.”

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o relatório final da ‘Operação Kryptos’ lançou um alerta sobre as facilidades para lavagem de dinheiro e evasão de divisas proporcionadas por cold wallets depois de ter encontrado um desses dispositivos digitais sob posse de um dos detidos pela Polícia Federal durante a operação.

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