Bitcoins ilegais estão sendo ‘lavados’ na exchange LocalBitcoins, aponta relatório da CipherTrace
De acordo com estudo, o principal destino de Bitcoins adquiridos em atividades criminosas é ‘lavado’ na plataforma peer-to-peer LocalBitcoins.
De acordo com um recente relatório publicado pela empresa de segurança em blockchain CipherTrace, a exchange de criptomoedas p2p (peer-to-peer) LocalBitcoins foi o principal destino de ativos digitais “ilegais” em 2019.
Como o Bitcoin possui um livro de registro aberto ao público com todos os saldos e transações, ao se identificar fundos que foram adquiridos de forma ilegal é possível realizar o monitoramento de futuras transferências e acompanham o rastro deste dinheiro ilícito.
Para os analistas da CipherTrade, boa parte dos Bitcoin adquiridos em atividades criminosas em 2019 foram lavados através da exchange p2p LocalBitcoins.
A principal exchange usada no país para lavar criptomoedas ilícitas no mundo em 2019 foi a finlandesa LocalBitcoins, um dos maiores mercados ponto a ponto do mundo – onde indivíduos podem vender Bitcoin diretamente entre si.
Segundo o relatório, a plataforma recebeu mais de 99% desses fundos ilícitos e é a exchange que recebeu a maior quantidade de Bitcoin ilegais pelo terceiro ano consecutivo.
O estudo também faz uma análise geográfica da distribuição destes fundos e a Finlândia liderou a quantidade de criptomoedas ilícitas recebidas – 12,01% de todos os ativos digitais enviados para exchanges finlandesas tiveram origem criminosa.
Em segundo lugar está a Rússia, representando 5,23% de todos os Bitcoins diretamente relacionado a atividades maliciosas, como ransomware, hacks, mercados darknet e outras práticas ilegais:
“Ao examinar as interações de exchanges russas ainda mais, os pesquisadores da CipherTrace descobriram que 86,8% do BTC criminoso recebido diretamente pelas plataformas russas em 2019 vieram do Hydra Market – um mercado negro russo caracterizado no relatório CAM4 Q4 CAML de 2019 da CipherTrace.”
Os próximos na lista são o Reino Unido e a China, com 0,69% e 0,31% de criptomoedas ilícitas recebidas.
Apesar dos dados alarmantes, parece que o número de criptomoedas adquiridas de forma ilegal sendo negociadas em exchanges vem caindo.
Segundo o relatório, a quantidade de fundos ilícitos que entram nas trocas de criptomoedas em todo o mundo caiu pela metade em comparação com o ano anterior:
“Essa tendência marca uma baixa de três anos para as exchanges de criptomoedas em todo o mundo, com uma média de apenas 0,17% dos fundos recebidos pelas trocas em 2019 vindo diretamente de fontes criminosas.”
Segundo especialistas, o surgimento de novos serviços de análise de blockchain e as novas leis financeiras contra lavagem de dinheiro que as exchanges precisam obedecer podem ser os responsáveis pela queda neste índice.
Apesar da queda, os golpes com ativos digitais não diminuiram. O relatório mostra que cerca de US$ 1.36 bilhões em criptomoedas foram adquiridos com atividades criminais em 2020:
“Nos primeiros cinco meses de 2020, roubos, hacks e fraudes em criptomoedas totalizaram US$ 1,36 bilhão, sugerindo que 2020 poderia ver o segundo maior valor em crimes de criptomoedas já registrados. Em uma tendência que continua desde o ano passado, a fraude e a apropriação indébita ainda compõem a maior parte da criptomoeda roubada do ano em comparação com hacks e roubos. Dos US$ 1,36 bilhões roubados, a fraude e a apropriação indevida representam 98% do valor total – quase US $ 1,3 bilhão.”
A CipherTrace também observou que 2020 pode potencialmente estabelecer novos recordes em termos das quantidades de criptomoeda apropriadas pelos invasores.