‘O PIX é extremamente frágil em segurança, eu não vou usar, eu não quero o PIX’, declara ex-diretor do Banco Central do Brasil

“Eu até vou fazer uma tatuagem: ‘Eu não tenho PIX’ porque eu não quero correr o risco de ser assaltado na rua e ter que digitar a senha do celular”, declarou ex-diretor do Banco Central do Brasil

O ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, Beny Parnes, criticou a segurança do novo sistema de pagamentos do BC, o PIX, durante uma live promovida pelo BTG Pactual.

Assim, Parnes destacou que o novo sistema do BC não tem segurança suficiente para atender a demanda por pagamentos digitais e que ele não irá usar o novo sistema.

Embora Parnes tenha dito que o PIX “é uma ideia muito boa”, ele destacou que já trabalhou no Banco Central e sabe como o sistema de pagamentos funciona e as fraudes que podem ser efetuadas e por isso foi muito claro em sua posição “Eu não vou usar”.

“O PIX é extremamente frágil do ponto de vista de segurança, porque o cadastro é muito simples. O Brasil não é um país seguro onde você pode andar na rua tranquilamente com o seu celular. Então você terá tudo salvo neste aparelho. Eu até vou fazer uma tatuagem: ‘Eu não tenho PIX’ porque eu não quero correr o risco de ser assaltado na rua e ter que digitar a senha do celular”, declarou Parnes.

“Eu não quero o PIX”

Parnes destacou que o PIX é necessário para o país contudo a velocidade de seu desenvolvimento no BC tem sido muito rápido e isso não seria suficiente para testar a aplicação antes de seu lançamento ao público.

O ex-diretor do Banco Central ainda criticou a TED dizendo que é um absurdo as taxas cobradas pelo bancos.

“É óbvio que o que estou falando aqui não adianta nada mas (…) nós precisamos de um sistema de pagamentos instantâneos porque, sinceramente, cobrar R$ 8 por uma TED é um açoite. Então o PIX é interessante mas tem preocupações com a segurança que não estão sendo analisadas pelo Banco Central”, declarou.

Parnes declarou que com a pandemia o número de transações digitais no Brasil “explodiu” e o número de fraudes aumentou muito.

Contudo os bancos não estão preparados para esta revolução digital e não tem capacidade para implementar estas transformações tão rapidamente.

Banco Central

O evento também contou com a participação de João Manoel Pinho de Mello atual diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, que rebateu as críticas de Parnes.

Assim, segundo Mello, todas as questões de segurança do PIX foram pensadas pelo BC e, portanto, não haveria “brechas” no sistema.

“O PIX foi construído pelo próprio mercado e não foi imposto pelo BC, e tão importante ou mais, vendo as necessidades do mercado do ponto de vista de segurança. Lembrando que no Fórum PIX o Grupo de Trabalho de Segurança foi liderado pela Febraban. O PIX é muito mais seguro que o sistema que temos hoje e sobre a TED, no PIX o seu banco ou fintech não pode pôr um limite de transação inferior a TED, mas você pode definir seu limite no PIX da sua forma. Assim você pode dizer ‘meu limite para o PIX é R$ 100′”. explicou.

Pinho de Mello disse ainda que não há qualquer justificativa para “temer” o PIX e que, no fundo, o sistema é o mesmo que o da TED só que com outra configuração.

“Se uma pessoa te assaltar na rua ele também pode te obrigar a digitar a senha e fazer uma TED, então qual a diferença? (…) porém se por alguma razão você se sentir inseguro, você pode pedir para diminuir o limite do PIX”, destacou rebatendo o ex-diretor do BC.

De quem é o dinheiro no PIX?

Porém embora tenha abordado questões de segurança no PIX nem Pinho de Mello nem Parnes abordaram um dos assuntos mais polêmicos atualmente com relação ao PIX que é a possibilidade dos bancos e fintechs reverterem as transações sem o consentimento do recebedor.

Assim, segundo o BC, caso as instituições integrantes do PIX classifiquem uma transação como fraudulenta, o sistema irá reembolsar o remetente retirando o dinheiro da conta do recebedor sem sua autorização.

“Com isso, se houver comprovação de fraude, será possível fazer reembolso sem autorização da pessoa que recebeu o depósito, informou ao G1 o chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Carlos Eduardo Brandt.

Em outras palavras, o dinheiro que cair na sua conta, poderá ser “revertido” novamente para o remetente sem que você possa nem ao menos argumentar contra.

“Incrível estava indo tão bem! Até entrar um banqueiro dizer não é bem assim! Se o banco que está enviando o pagamento via PIX é incompetente porque o recebedor tem que ser punido? Agora está explicado porque o PIX não roda em Blockchain! Ficam as perguntas para o BC: Quem julga o que é fraude? Porque usar um sistema instantâneo que pode ser revertido horas depois? Se pode ser revertido então o dinheiro não é meu e chave não é minha?”, criticou o CEO da Stratum, exchange de Bitcoin, Rocelo Lopes.

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