Como dois texanos de 23 anos ganharam US$ 4 milhões em 2021 minerando Bitcoin com sobras de gás de campos de petróleo

O processo reduz as emissões equivalentes de CO2 em cerca de 63% em comparação com a queima contínua, de acordo com pesquisa da Crusoe Energy Systems, com sede em Denver.

Em 2019, dois jovens universitários da Universidade do Texas tiveram a ideia de abrir uma companhia de mineração de Bitcoin (BTC) nos campos de petróleo do Texas. Na época, tratava-se de uma ideia nada óbvia e pouco testada. Mas Brent Whitehead vinha de uma família com um longo histórico na produção de óleo e gás e Matt Lostroh era um estudante de finanças obcecado pelo Bitcoin e assim os dois juntaram todas as suas economias para abrir a Giga Energy Soutions, uma empresa que emite novos Bitcoins através da conversão de gás natural resultante da queima de óleo cru em energia elétrica

Menos de três anos depois, a empresa da dupla de univesitários fechou 2021 com um faturamento de US$ 4 milhões. As metas para 2022 são ainda mais ambiciosas. Independentemente dos rumos do mercado, a Giga projeta arrecadar US$ 20 milhões com a mineração de Bitcoin.

Além dos benefícios financeiros, o empreendimento de Whitehead e Lostroh minimiza o impacto ambiental de duas atividades que costumam estar na mira dos defensores do meio ambiente: a extração de petróleo e a mineração de Bitcoin.

Por muito anos, as empresas de petróleo e gás tinham um sério problema quando acidentalmente atingiam uma formação de gás natural durante a perfuração de poços de petróleo. A solução mais óbvia era queimá-lo. Porém, além do dano ambiental, essa opção implica em um desperdício de recursos que em última instância significa literalmente “queimar dinheiro”, como observou Whitehead:

“Em toda a minha vida, eu sempre vi as chamas do óleo queimado. Depois de entrar para a indústria de petróleo e gás, eu descobri o quanto aquilo era um desperdício. A Giga representa uma nova maneira não apenas de reduzir as emissões, mas de monetizar o gás.”

As operações da Giga funcionam através da instalação de um contêiner com milhares de máquinas de mineração de Bitcoin junto a um poço de petróleo. O gás natural é desviado para os geradores, que o convertem em eletricidade. Então esta é usada para alimentar as máquinas que resolvem os complexos problemas matemáticos que geram novas moedas.

Esse processo reduz as emissões de CO2 em cerca de 63% em comparação com a queima contínua do óleo, de acordo com uma pesquisa da Crusoe Energy Systems, uma empresa com sede em Denver.

Whitehead disse à CNBC que a Giga tem contratos firmados com mais de 20 empresas de petróleo e gás, quatro das quais têm capital aberto na bolsa. Ele também revelou que a empresa está em  fase de expansão. A equipe de 11 funcionários deve crescer este mês com a criação de seis novos postos de trabalho. Além disso, a Giga está negociando aportes de capital com fundos soberanos.

A empresa de Lohstroh e Whitehead faz parte de um movimento crescente de pessoas que apostam fortemente no potencial da mineração de Bitcoin para modernizar o setor de energia, tornando-o mais limpo e eficiente.

Quando o metano é direcionado para os geradores, 100% é convertido em energia elétrica e nada é despejado na atmosfera, enquanto os mineradores de Bitcoin conquistam um bem altamente desejado: eletricidade barata e abundante.

Adicionalmente, as cidades em que a Giga passaram por um surto de revitalização econômica com a criação de novos empregos. Técnicos de campo e operadores de mineração são os empregos diretos mais comuns, mas a atividade também cria ocupações indiretas.

Assim, em algumas das pequenas comunidades onde a Giga montou suas instalações de mineração de Bitcoin, a empresa se tornou a maior fonte de geração de receitas das economias locais, diz Whitehead:

“Uma área que era apenas uma cidade fantasma agora encontrou maneiras de pegar sua energia perdida que eles estavam desperdiçando e monetizá-la, e é isso que me deixa animado, porque é isso que está ajudando a comunidade em geral.”

Na comunidade do Bitcoin, muitos têm dito que o petróleo e gás vão dominar a indústria de mineração de criptomoedas nas próximas décadas, o que é um bom presságio para o modelo de negócios da Giga.

Uma evolução natural do setor seria as empresas de petróleo e gás passarem a operar seus próprios pools de mineração de Bitcoin, afirma Steve Barbour, engenheiro-chefe e fundador da Upstream, empresa canadense que fabrica e fornece soluções portáteis de mineração para instalações de petróleo e gás.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, dois sócios brasileiros abriram uma startup de mineração nos EUA cujo modelo de negócios é similar ao da Giga Energy Solutions.

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