Como está sendo o desempenho da Coinbase desde o lançamento do seu IPO?
Um dado curioso é que a MicroStrategy (MSTR) caiu menos do que o Coinbase desde 14 de abril.
A listagem da Coinbase na Nasdaq aconteceu no dia 14 de abril de 2021 e no mesmo dia o Bitcoin atingiu seu ponto mais alto em algum lugar perto dos US$ 64.900. Também coincide com a COIN, o ticker da ação da Coinbase, atingindo seu ponto mais na marca dos US$ 429 por ação.
Tudo foi uma ladeira abaixo a partir daí.
O Bitcoin esteve preso em uma queda massiva por mais de 3 meses, com um mínimo de -55% abaixo de seu máximo histórico, na qual começou a se recuperar na tarde de domingo (25) e parece ter força para manter esse rali. No que tange à queda, a mesma coisa para Coinbase, com um drawdown -52% abaixo da máxima histórica de seu primeiro dia de negociação, segundo dados da Nasdaq.
O COIN está -31% abaixo de seu preço no dia da IPO.
Fonte: MarketWatch
Claramente, a situação não é boa, mas parece que a Coinbase não é o ativo de pior desempenho de acordo com o Índice do Tesouro Bitcoin no mesmo período.
fonte: Econometrics
Um dado curioso nesse gráfico é que a MicroStrategy (MSTR) caiu menos do que o Coinbase desde 14 de abril.
Como análise geral as ações que mais caíram foram as ligadas ao setor de mineração propriamente, ações de empresas como: MARA, RIOT ou HUT8. Essas tendem a ser ações menores e potencialmente mais voláteis. Além disso, sua receita está diretamente ligada à avaliação do próprio Bitcoin.
Para a Coinbase, sua ação ter passado por quedas não importa muito e mais, para ela também pouco importa o quanto o Bitcoin caia, pois o seu modelo de negócio é diferente da Microstrategy que emite dívida somente para entesourar Bitcoin.
As receitas da Coinbase estão vinculadas ao Bitcoin de uma maneira muito diferente.
O modelo de negócios da Coinbase
A Coinbase possui cerca de 4.500 BTC segundo o balanço divulgado por eles no primeiro semestre, mas como já mencionado, enquanto a Microstrategy entesoura Bitcoins em busca de uma valorização baseada em hold, a Coinbase é uma exchange e para ela o que importa é o volume de negócios e não o preço do ativo diretamente.
Quanto vale o Bitcoin não é o que mais influencia suas receitas. O que realmente importa para eles é quanto volume de negociação está passando por sua plataforma.
E a conta é bem simples. De acordo com os dados financeiros divulgados em seu balanço, a Coinbase mantém cerca de 0,7% do volume negociado como receita. Isso significa que toda vez que a Coinbase está processando cerca de US$ 150 bilhões em volume, eles geram US$ 1 bilhão em receita.
Com o aumento no volume durante o primeiro trimestre deste ano, pode-se imaginar que eles se saíram muito bem.
Portanto, o preço do Bitcoin não está influenciando diretamente o desempenho da Coinbase. O quanto de atividade de negociação que acontece em qualquer trimestre é o que realmente importa.
A grande questão, então, é o quanto a redução de volume das exchanges, – um evento que todas elas sofreram desde o crash dos US$ 60 mil por BTC -, está afetando o volume de negociação visto pela Coinbase?
Mesmo sem acesso a todos os números da Coinbase, podemos inferir que sem aprofundar muito a análise que para a Coinbase o que importa nos seus balanços é o binômio: atividade de negociação e volatilidade. Mas quanto mais volatilidade, mais volume negociado nas exchanges.
Para qualquer exchange, a volatilidade é um aliado e um motor de lucro. No gráfico abaixo, vê-se a correlação entre lucro e volume. Quanto maior o volume, maior o lucro.
fonte: Econometrics
Bem, a volatilidade também parece estar na mesma faixa nos últimos dois trimestres.
Conclusão: é razoável esperar que a Coinbase tenha observado uma quantidade semelhante de volume no primeiro e segundo trimestre, o que deve se traduzir em receitas semelhantes.
O valor da Coinbase tem que ser analisado com base no que importa, ou seja, sua receita, não há razão para a COIN ser mais barata apenas porque o valor do Bitcoin caiu. A Coinbase não precisava listar sua ação em bolsa, ela não lançou um IPO para levantar recursos, isso ela tem de sobra, sua real intenção era dar sinalizar para o mundo das finanças tradicionais que uma empresa de cripto poderia chegar lá. Sua receita advém das operações de cripto na plataforma e não do mercado de ações.
fonte: Econometrics
Assim, se a Coinbase estiver mostrando uma receita sólida em seu próximo relatório trimestral ao mesmo tempo que o Bitcoin esteja se recuperando, poderíamos ver o preço da COIN decolar ou pelo menos alcançar seu nível de listagem direta.
A Coinbase anunciará seus resultados financeiros para o segundo trimestre de 2021 em 10 de agosto.
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