Homem usa auxílio emergencial para comprar Lamborghini e é preso nos EUA
As irregularidades com programas de apoio econômico contra o novo coronavírus (Covid-19) não se restringem ao Brasil. Nos Estados Unidos, um homem foi preso acusado de fraudar em US$ 3,9 milhões — cerca de R$ 20,1 milhões — um benefício federal destinado a ajudar empresas no país em meio à pandemia.
O caso ocorreu no Estado da Flórida, no começo de abril. Segundo informações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o suspeito é David T. Hines, 29, morador da cidade de Miami. Ele fez seguidas solicitações de crédito em nome de diferentes empresas junto a instituições financeiras.
O dinheiro veio de um programa de empréstimos criado pelo governo para ajudar as empresas a manter seus funcionários durante a pandemia de coronavírus.
Lamborghini e sites de namoro
Nos pedidos, segundo reportagem do jornal The New York Times, Hines dizia operar quatro empresas que, juntas, contabilizavam 70 funcionários e tinham despesas mensais da ordem de US$ 4 milhões [cerca de R$ 20,6 milhões].
Ao todo, de acordo com os investigadores, o suspeito realizou três solicitações que levantaram um total de US$ 3,9 milhões junto a instituições financeiras. O dinheiro, no entanto, passou longe de ir para qualquer tipo de empreendimento e bancou uma série de luxos do suspeito.
Entre os artigos de luxo comprados por Hines com o dinheiro ilícito está um Lamborghini Huracán Evo, carro esportivo avaliado em US$ 318 mil — o equivalente a cerca de R$ 1,64 milhão. O dinheiro também foi gasto em joias, resorts de luxo e sites de namoro.
Hines vai responder pelas acusações de fazer declarações falsas a uma instituição financeira, fraude eletrônica, fraude bancária e participação em transações monetárias ilegais.
Caso seja condenado pelos crimes, a pena total de Hines pode chegar a 70 anos de prisão. Além dele, outros três suspeitos foram presos por ligação com o esquema.
Caso isolado?
Hines não está sozinho entre os supostos empresários que tentam burlar os programas de apoio contra o Covid-19 nos Estados Unidos. No último dia 13, Joshua Thomas Arguires foi preso em Houston sob acusação de fraudes de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 5,88 milhões) nesse mesmo sistema.
O suspeito alegava ter um número de funcionários e centenas de milhares de dólares em despesas com folha de pagamento em duas companhias. No entanto, nenhuma delas tinha funcionários — o que não foi impeditivo para ele conseguir obter o empréstimo junto ao governo.
A maior parte do dinheiro desviado por Arguires teve como destino uma carteira de criptomoedas na exchange Coinbase. O nome da moeda digital não foi revelado pelos investigadores.
Argires vai responder por acusações semelhantes às de Hines.
Auxílio emergencial para bitcoin
Embora as aplicações feita por Argires e Hines sejam fruto de operações ilícitas, cidadãos nos Estados Unidos têm usado recursos da versão local do auxílio emergencial para comprar bitcoin e outras criptomoedas.
A ideia por trás da aplicação é buscar uma forma de rentabilizar o recurso de forma mais rápida do que por meios convencionais.
Essa análise foi feita em abril pelo então CEO da Coinbase, Brian Armstrong, em abril passado. Ele notou um aumento repentino no número de compras e de depósitos no valor de US$ 1.200 — equivalente ao benefício pago pelo governo para apoiar pessoas físicas afetadas pela pandemia.
No Brasil há também pessoas que têm adotado estratégia semelhante. O Portal do Bitcoin destacou em maio passado relatos de contemplados pelo auxílio emergencial que decidiram aplicar parcelas do benefício em bitcoin.
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