Há quatro meses sem pagar, Genbit enrola investidores com promessa de criptomoeda própria

Depois de ter retido dinheiro de investidores em sua criptomoeda, a Genbit afirmou que os pagamentos estariam previstos para ocorrerem em março de 2020, prazo que a empresa espera que o Treep Token (TPK) se valorize. A promessa é que o pagamento seja feito em dez vezes.

Um cliente da empresa, que preferiu não se identificar, disse ao Portal do Bitcoin que depois que a empresa “sumiu com os bitcoins de todos os clientes da Zero10 Club e transformou tudo em TPK token”, não houve mais resposta dos diretores sobre quando exatamente os investidores terão seu dinheiro de volta. 

“Eles falaram que era para esperarmos a moeda (TPK) se valorizar. Só depois disso é que vão começar abrir para saques. Isso foi lá para o dia 10 de novembro”.

De acordo com esse cliente da Genbit, a valorização do TPK nunca vai acontecer. Ele explica que os motivos são porque “a empresa está com má reputação, impedida pela CVM e cheia de denúncias. Ninguém acredita mais”.

Problemas na Genbit

Esse investidor relatou que o líder William Chaves, que seria braço direito do presidente da Genbit, Nivaldo Gonzaga, disse que a empresa estaria passando por problemas que vão desde lentidão na Rede até a baixa na venda dos seus pacotes. A empresa, então, pediu prazo até março para “voltar a liberar pagamentos em 10 vezes”.

Chaves também afirmou que Gonzaga foi para a Europa fechar novos contratos para levantar a Genbit, uma vez que ninguém está comprando mais os pacotes no Brasil.

Segundo o investidor, esse líder não teria mencionado o nome de Gabriel Tomaz Barboza, diretor da Gensa (nome da empresa que abriga Genbit e Zero10), que está proibido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de fazer oferta pública de investimentos. Ele, entanto, afirma que assim como os demais da diretoria e como Gonzaga, Barboza também deve estar fora do Brasil.

Investidores lesados

O investidor, em questão, chegou a indicar familiares e amigos, os quais se tornaram clientes da empresa. De acordo com seu relato, há muitas pessoas que foram lesadas pela Genbit. Ele mesmo afirma que perdeu cerca de US$ 700, mas o pior foi o caso de um outro investidor que tinha R$ 18 mil em Bitcoins na Genbit.

 “Na hora do saque, a empresa obrigava trocar por TPK e só depois a pessoa poderia cotar para real. Coisa que até agora não aconteceu”.

O cliente disse que Zero10 Club e Genbit são a mesma coisa e que “a mudança de nome foi para burlar a CVM após a intervenção, garantindo a oferta dos pacotes no mercado e, desta forma, usando a plataforma Genbit na opção de Vantagem”. 

O pior, no entanto, estaria por vir. Sem qualquer consulta aos investidores, a empresa resolveu converter os saldos em Reais ou em Bitcoins na criptomoeda criada pela Genbit e foi a partir daí que veio toda a enrolação.

“Sem aviso prévio fizeram as alterações. Tudo se concentrou na Genbit e com inúmeras promessas obrigaram os usuários a comprarem as moedas TPK deles. Fomos todos lesados por essa pirâmide”, lamentou.

Antes do lançamento do token, a Genbit havia solicitado para que os clientes assinassem um termo de rescisão com firma reconhecida em cartório. Esse investidor contou que não assinou. Ele desistiu depois que um indicado dele havia feito todo o processo e mesmo assim deixou de receber.

Entre as promessas e a realidade

Esse, no entanto, não foi o caso de um outro cliente. Com receio de ser identificado, esse cliente do Pará pediu para não ter o nome revelado. Ele, que vinha investindo desde que a empresa  fazia oferta pública por meio da Zero 10 Club, aplicou R$ 5.400. 

Parte desse valor, ele contou que conseguiu recuperar. No entanto, uma outra parte foi bloqueada, mesmo após assinar em setembro um termo de rescisão pelo qual a Genbit afirmava que em dez dias o pagaria.

“Já faz três meses que pedi o cancelamento. Reconheci minha assinatura em cartório, enviei para eles com a promessa de que dez dias me devolveriam o dinheiro e até agora só mentira”.

 Ao entrar em contato com o suporte da empresa foi surpreendido com a resposta de que  “as transferências de Bitcoin para carteiras externas, de outras exchanges estão vetadas por enquanto” e que todas as solicitações seriam ainda analisadas, mas que não haveria prazo para a solução do problema.

Palavras da Genbit

Nesse meio tempo, Gonzaga fez diversos vídeos em Portugal anunciando o suposto sucesso da Genbit na Europa, o que acaba se contradizendo com um áudio gravado e veiculado pelo próprio presidente da empresa no último dia 27.

Gonzaga prometeu que em até 60 dias a empresa estaria resolvendo os problemas com seus clientes e que todos receberiam. Entretanto, num outro áudio divulgado na última quarta-feira (04), ele anunciou sua saída de um dos grupos de investidores e aquele que tivesse algum problema que relatasse o caso inbox com o nome do patrocinador.

Num dos tantos comunicados feitos pela empresa, o Grupo Tree Part anunciou que não foi fundada com o intuito de fraudar ou “aplicar no mercado qualquer tipo de golpe”. Mas numa comparação feita com empresas como a Mappin, Mesbla e Arapuã levou a investidores crerem que a Genbit quebrou.

Contudo, nesse mesmo comunicado, a empresa faz um jogo de palavras para aduzir que “todos os pacotes Connections foram quitados pelo Programa de Vantagens Treep”. A empresa simplesmente anunciou que essa quitação teria sido antecipada em forma do TreepToken-R, nas respectivas carteiras dos usuários na Genbit.

“Para aqueles que já receberam o saldo em Treep Token-R, portanto, não há a opção de cancelamento de pacote Connection, ou de seu login no Programa de Vantagens, uma vez que seus pacotes já foram quitados antecipadamente”, anunciou a Genbit. 

 Sem resposta

A reportagem procurou a empresa para falar sobre a falta de pagamento de seus investidores e se haveria previsão da devolução do dinheiro deles. Até a publicação desta reportagem não houve resposta.


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