‘Proibição governamental não acabaria com Bitcoin, mas bancos centrais têm uma alternativa para vencê-lo’, diz Fernando Ulrich

Tentativas de proibir o Bitcoin não teriam efeitos práticos, ou até mesmo serviriam como incentivo extra à adoção e ao aumento do preço do BTC no longo prazo, afirmou o economista brasileiro.

Há 12 anos uma pergunta assombra os usuários do Bitcoin (BTC) e gera excitação em seus detratores: existe uma maneira de acabar com a criptomoeda número 1 do mercado? O aperto do cerco regulatório às criptomoedas reacendeu os debates sobre a efetividade de eventuais medidas governamentais para conter o avanço da adoção do Bitcoin entre os cidadãos.

Ao longo de pouco mais de uma década de história, o BTC já foi alvo de políticas restritivas isoladas de governantes e bancos centrais, sendo a proibição à mineração e à negociação de criptoativos decretada pelas autoridades chinesas em 2021 o caso mais eminente – e preocupante para os usuários do Bitcoin.

No entanto, notícias recentes dão conta de que a China recuperou parte da sua participação global sobre a taxa de hash do Bitcoin. Os mineradores chineses respondiam por 21,1% da taxa de hash de mineração do BTC em janeiro de 2022, atrás apenas dos EUA, que eram responsáveis por 37,8% do total da taxa de hash no início do ano, de acordo com dados do CBECI (Cambridge Digital Assets Program).

Segundo a analista da gestora de investimentos em criptoativos CoinShares, Meltem Demirors, há uma estratégia em curso para banir o Bitcoin em algumas jurisdições a partir da proibição da atividade de mineração de criptomoedas baseadas no mecanismo de consenso de Prova-de-Trabalho (PoW).

Com mais de 12 anos de operação ininterrupta e sem falhas, no entanto, a resiliência da rede fala por si só.

A chance dos bancos centrais

Ainda assim, durante uma transmissão ao vivo em seu canal no Youtube realizada esta semana, o economista Fernando Ulrich foi questionado sobre a possibilidade de uma “proibição mundial acabar com o Bitcoin”.

Autor do livro “Bitcoin: A moeda na era digital”, primeiro livro brasileiro dedicado ao criptoativo, Ulrich respondeu que eventuais tentativas de proibir o Bitcoin não teriam efeitos práticos. Pelo contrário, afirmou, possivelmente serviriam como um incentivo adicional à adoção:

““Não, uma proibição mundial não acabaria com o Bitcoin. Poderia trazer uma pressão no preço no curto prazo, mas a longo prazo [o Bitcoin] poderia até se valorizar, como acontece com quase todos os produtos que são criminalizados e que vão para o mercado paralelo.”

A principal fragilidade do Bitcoin, segundo Ulrich, reside na possibilidade de que instituições financeiras adotem o design econômico e tecnológico do criptoativo, tornando-o obsoleto:

“A grande fragilidade do Bitcoin seria os bancos centrais passarem a oferecer tudo o que o bitcoin oferece. Em termos de independência, autonomia descentralização e uma oferta monetária que não sofre pressão política, que não pode ser inflacionada como eles bem entenderem.”

Ulrich conclui sua resposta afirmando que somente se isso acontecer o Bitcoin poderá ter sua soberania técnico-financeira ameaçada. O economista reconhece ainda que não é provável que isso possa acontecer no curto prazo.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, uma pesquisa da firma de pagamentos digitais Block que ouviu 9.500 pessoas revelou que quanto mais conhecimento se tem sobre o Bitcoin, maior o otimismo quanto ao futuro da criptomoeda.

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