Ouro supera Bitcoin no segundo trimestre, mesmo depois de registrar seu pior mês desde 2016
Ativos de proteção rivais se movem inversamente um aos outro em um trimestre atolado por relatórios de inflação mistos, FUD do Elon Musk e um Federal Reserve repentinamente agressivo.
O ouro deve superar o Bitcoin (BTC) no segundo trimestre de 2021.
Uma onça de ouro subiu de US$ 1.707,45 em 1º de abril para mais de US$ 1.750 na sessão ainda em andamento de 30 de junho. Isso marcou um salto de cerca de 3,9% no trimestre. Enquanto isso, o Bitcoin despencou mais de 40%, para menos de US$ 35.000, após atingir a máxima de US$ 65.000 em meados de abril, tudo no mesmo período.
A correlação inversa entre os mercados de Bitcoin e ouro aumentou especificamente em abril e maio de 2021. Analistas do JPMorgan observaram em maio que grandes investidores institucionais giraram seu dinheiro dos mercados sobrevalorizados de criptomoedas para buscar oportunidades de alta no ouro.
Referindo-se aos dados dos futuros de Bitcoin na Bolsa Mercantil de Chicago (CME, na sigla em inglês), analistas do JPMorgan disseram que os investidores estão liquidando suas posições desde outubro de 2020. Enquanto isso, os fluxos de capital para fundos negociados em bolsa habilitados para ouro aumentaram em correspondência com os fluxos de saída do mercado de Bitcoin. Um trecho do relatório diz:
“O quadro do fluxo de bitcoin continua a se deteriorar e aponta para uma retração contínua por parte dos investidores institucionais. No mês passado, os mercados futuros de bitcoin experimentaram sua liquidação mais acentuada e mais sustentada desde a ascensão do bitcoin iniciada em outubro passado.”
O banco observou que os investidores institucionais podem ter tratado o Bitcoin como um ativo sobrecomprado, especialmente porque a principal criptomoeda aumentou de US$ 3.858 em março de 2020 para quase US$ 65.000 em abril de 2021 – um ganho de 1.584%. Enquanto isso, o ouro atingiu o pico de US$ 2.075,82 a onça em agosto de 2020, após o que caiu para US$ 1.676,866 a onça em março.
Luta dos ativos de proteção
A estratégia de investimento rotativo de Bitcoin para ouro também ganhou ímpeto depois que Elon Musk criticou a criptomoeda por sua pegada de carbono, de modo que ele suspendeu aceitá-la como pagamento por sua gama de carros elétricos Tesla.
Em 19 de maio, logo depois de Musk dobrar seu ataque ao mercado de Bitcoin, afirmando que ele poderia fazer a Tesla descarregar todo o seu estoque de BTC de US$ 1,5 bilhão, o Bitcoin caiu cerca de 30%. A tendência de baixa também aumentou depois que a China anunciou uma proibição completa das atividades de criptomoedas, incluindo operações relacionadas à mineração que contribuíram com uma grande parte do poder de computação total da rede Bitcoin.
O Bitcoin fechou a sessão de maio com uma perda de 35,5%. Por outro lado, o ouro foi beneficiado pelos FUDs no mercado de criptomoedas, com alta de 7,6% no mesmo mês.
Os investidores escolheram o ouro em vez do Bitcoin como um ativo de proteção, pois temiam que uma inflação mais alta estivesse próxima. Como resultado, o metal precioso subiu 3,78% em abril, com os preços ao consumidor nos EUA subindo em seu maior momentum em mais de uma década, para 4,2%. No mês seguinte, conforme afirmado acima, o ouro continuou sua alta ao lado de uma marca de alta semelhante no índice de preços ao consumidor, que subiu para 5%.
O PCE de base, a métrica preferida do Banco Central estadunidense (Fed) para medir a inflação, saltou para uma taxa anual de 3,4% em maio, a maior em 29 anos.
Jerome Powell, o presidente do Fed, pareceu inflexível sobre o aumento da inflação ao chamar os aumentos de preços de “transitórios em natureza”. Ele enfatizou ainda que o banco central manteria seus programas fiscais expansionistas para proteger a economia dos EUA contra as consequências econômicas da pandemia do coronavírus.
O Fed vem mantendo as taxas de juros próximas a zero e compra US$ 120 bilhões em títulos do governo e títulos lastreados em hipotecas todos os meses desde março de 2020.
Junho sangrento
Junho apareceu como o único mês no segundo trimestre que viu Bitcoin e ouro tendendo em conjunto.
Os ativos foram negociados estavelmente nos dias próximos à reunião de política de dois dias do Federal Open Market Committee, na segunda semana de junho. As autoridades do Fed anunciaram que podem aumentar as taxas de juros duas vezes até o final de 2023, um ano antes do previsto, para conter as taxas de inflação excessivas.
Tanto o Bitcoin quanto o ouro caíram juntos após o tom agressivo do Fed. O ouro, em particular, olhou para as perspectivas de registrar seu pior desempenho mensal de junho desde 2016. Estava em baixa de 7,42% no momento da publicação.
Enquanto isso, o Bitcoin havia caído mais de 8,5% no mesmo período.
O que vem por aí para Bitcoin e ouro?
Uma pesquisa com economistas importantes conduzida pelo Financial Times descobriu que a maioria deles espera que o Fed aumente as taxas de juros pelo menos duas vezes até o final de 2023, alinhando-se precisamente com o gráfico de pontos dos oficiais do banco central.
Carsten Fritsch, analista do Commerzbank AG, recomendou observar o dólar dos EUA para avaliar a força do ouro nas próximas sessões, observando que o grande obstáculo de junho sobre o metal precioso apareceu devido ao fortalecimento do dólar.
O índice do dólar americano, uma referência para medir a força do dólar em relação a uma cesta de importantes moedas fiduciários, subiu para a maior alta de uma semana em 92,433 na quarta-feira (30).
“O ouro falhou repetidamente em superar a média móvel de 100 dias nos últimos dias, o que foi um sinal de baixa”, Fritsch disse à Bloomberg. “Há um risco agora de que, até então, os pacientes investidores em ETF entrem no movimento e vendam suas participações. Isso amplificaria o movimento de queda.”
Ao mesmo tempo, os touros do Bitcoin receberam avisos semelhantes enquanto a criptomoeda lutava repetidamente com os riscos de cair para menos de US$ 30.000, um nível de suporte psicológico.
Jill Carlson, parceira da Slow Ventures, disse à CNBC que os fluxos de saída institucionais dos mercados de Bitcoin ganharam impulso recentemente, acrescentando que os traders precisam ser “cautelosamente otimistas” quanto à criptomoeda.
Clem Chambers, o CEO do portal de análise financeira ADFVN.com, previu outra queda para o Bitcoin, observando que quebrar abaixo de US$ 30.000 colocaria a criptomoeda no caminho para US$ 20.000.
As visões e opiniões expressas aqui são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as visões do Cointelegraph.com. Cada movimento de investimento e negociação envolve risco, você deve conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.
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