Genbit imita Unick e Minerworld e quer pagar clientes com criptomoeda própria
Em meio a atrasos de pagamentos a investidores, denúncias no Reclame Aqui e bens bloqueados na Justiça, a Genbit lançou uma criptomoeda para tentar pagar as dívidas que tem com o clientes. A estratégia é similar à usada pela Minerworld e Unick.
Não há clareza na informação sobre o projeto desse token. Pelo comunicado divulgado pela Genbit, o que se pode afirmar é que a empresa já deixou de trabalhar com o bitcoin desde o dia 09 do mês passado e passou a atuar unicamente com seu novo ativo digital, o Treep Token.
De acordo com um investidor, que preferiu não se identificar, a Genbit tem convertido os saldos existentes em Reais para os chamados Tree tokens. A empresa, no entanto, teria dado uma opção também dos saques em dinheiro, que no final das contas também serão convertidos no mesmo criptoativo.
A empresa criou duas versões desse mesmo token. O TPK normal que já começaria valendo R$ 3,50 e o TPK-R que poderia ser adquirido pelo cliente da Genbit por R$ 2,45. A diferença não está somente nos valores, mas também no que a empresa prometeu aos seus investidores que estão já sem receber há mais de três meses.
Nenhuma das principais corretoras brasileiras de criptomoedas vão listar o ativo para negociação.
Criador da Genbit
O Portal do Bitcoin teve acesso a vídeos e áudios de pessoas ligadas a Genbit. Dentre elas está o presidente da empresa, Nivaldo Gonzaga dos Santos, falando sobre os chamados Tree tokens.
Num dos vídeos, Nivaldo faz promessas otimistas aos investidores sobre o token que eles teriam nas mãos. Ele que disponibilizaria seus tokens em exchanges como se uma vez listados surgisse uma demanda eficiente para tal.
A promessa é que o TPK seria aceito em redes de farmácia, supermercados e outros estabelecimentos. Contudo, não citou nome de nenhuma empresa que iria aceitar a criptomoeda.
A Genbit anunciou também um POS (maquininha de cartão) que funcionaria em parceria com a Casa do Crédito. Apesar de a empresa parceira ser, de fato, instituição autorizada pelo Banco Central não há como se garantir a aceitação da Tree Token, uma vez que sequer o Bitcoin — a primeira e a principal criptomoeda já com reserva de valor definida — chegou a esse patamar.
Realidade atual da empresa
Enquanto isso, a Genbit segue sem pagar seus investidores e se torna alvo de crescentes denúncias apresentadas no site Reclame Aqui. Apesar de a maioria das 164 queixas terem sido respondidas pela empresa, poucos foram os casos resolvidos.
Dentre os não resolvidos, a maior parte se refere à falta de pagamento, a saques que não foram liberados e até mesmo a bitcoins não transferidos.
A situação dos clientes dessa empresa não é das melhores. Um deles, que sequer teve resposta da empresa, chegou a expor na última sexta-feira (08), que está sem receber desde que as operações eram feitas pela Zero10 Club, proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de atuar no mercado.
Com a nota 3.8, a Genbit possui uma reputação ruim sendo considerada pelo Reclame Aqui uma empresa não recomendada.
Situações semelhantes
Essa não é a primeira vez que uma empresa com problemas para pagar seus investidores criam uma criptomoeda como a solução para todos os males. A última experiência semelhante foi vista pela Unick Forex e o resultado foi nada bom e culminou em centenas de ações só na Justiça de São Paulo.
Bem antes disso ainda, houve os casos emblemáticos sobre a criação de criptomoedas da Minerworld e do Bitcoin Banco. Ambas empresas também tentaram criar uma criptomoeda para resolver problemas de saques. O objetivo, porém, não foi atingido e os clientes seguem sem receber.
Diferentemente do que ocorreu com as duas empresas mencionadas, a Genbit não vem sendo alvo de investigações. Apesar disso ela é uma das empresas controladas pela Gensa Serviços Digitais Ltda, a qual estava por trás da Zero.10 Club.
Assim como a Unick Forex, a Zero10 Club e o sócio-diretor da Gensa, Gabriel Tomaz Barbosa foram proibidos de fazer oferta pública de investimentos pela CVM desde o dia 26 de março.
A Superintendência de Registro de Valores Mobiliários (SRE) da CVM, havia, por meio da Deliberação CVM 813. ordenado a suspensão atuação irregular da empresa sob pena de multa diária de R$ 5 mil.
Mesmo após a emissão desse documento, a empresa que representa a Zero10 Club e a Genbit ainda vinha ofertando publicamente, por meio da página www.zero10.club/index.html, contratos que se enquadram no conceito legal de valor mobiliário. A CVM, então, resolveu expedir um novo alerta e resolveu aumentar o valor da multa a qual poderia chegar a até R$ 300 mil.
Resposta da Genbit
A Genbit, por meio sua assessoria de comunicação, enviou uma nota à reportagem pela qual afirma:
“A GenBit, que atua como Exchange de criptoativos, realizou no início de outubro o pré-lançamento do seu TPK unicamente para toda a equipe interna, no valor promocional de R$ 2,45. A empresa é a única homologada no Brasil para fazer a oferta pública do produto. Quanto ao plano denominado TPK-R, trata-se de uma reserva de ativos digitais, disponibilizada aos participantes do Programa de Vantagens Treep, e que poderá ser negociada a partir de março de 2020 no valor de mercado do momento. Toda a programação do modelo de reserva foi comunicada e acordada entre os envolvidos.
A empresa também informa que, a partir do dia 11 de novembro, disponibilizará no mercado o seu Livro de Ofertas, possibilitando a seus clientes a comercialização pública do TPK, por meio do Programa de Vantagens Treep e a um valor inicial equivalente a US$ 1,00.
Sobre os pagamentos, a Genbit informa que todos os valores devidos estão sendo quitados normalmente.
A Genbit reitera que opera dentro da legalidade com rígidas normas de compliance e transparência junto a seus clientes”.
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