Genbit abandona escritório de luxo em Campinas com toda mobília dentro
“Aluga-se salas comerciais”, diz uma placa na frente de um prédio no condomínio Alphaville Empresarial, em Campinas (SP). O anúncio seria comum se as salas não tivessem sido pela Genbit, empresa que deu calote em milhares de clientes.
A empresa, assim como a Tree Part e Zero10 Club, deixou de pagar seus investidores há pelo menos sete meses. Todas elas pertencem ao mesmo dono, o grupo Gensa, comandado por Nivaldo Gonzaga dos Santos, que deixou o escritório com móveis e tudo. O custo do aluguel era de R$ 100 mil.
Seu negócio, que prometia altos retornos com bitcoin e foi diversas vezes denunciado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), se tornou alvo do Ministério Público, que cobra R$ 1 bilhão referentes a prejuízos gerados a cerca de 45 mil clientes.
Salas da Tree Part/Genbit
Logo que soube do anúncio, o contador Rodrigo Orlando entrou em contato com o proprietário e agendou uma visita para a manhã da quarta-feira (18). Ele e a esposa estão entre as milhares de vítimas do golpe.
“Assim que a gente entrou no prédio ele me levou para o 2º andar, onde ficava a sala do presidente, o Nivaldo Gonzaga”, relatou Rodrigo.
Ele disse que não comentou sobre seu caso na Genbit com o proprietário do imóvel, pois ele queria conhecer os ambientes, como um cliente qualquer.
Segundo Orlando, ele se surpreendeu com o requinte das salas, principalmente com o ambiente usado por Gonzaga. Apesar das salas estarem todas desocupadas, os móveis permaneceram no 1º e 2º andar. Já o subsolo funcionava como um depósito
De acordo com o proprietário, agora as salas estão sendo alugadas separadamente, com valor entre R$ 12 mil e R$ 18 mil mensais. Conforme descobriu Orlando, o chefão da Genbit pagava cerca de R$ 100 mil de aluguel pelos três pavimentos.
No subsolo, disse, era onde eles guardavam os materiais de escritório e de publicidade: “Caderninho de propaganda do Super Meet, brindes etc”, disse.
“Eles também entregaram o térreo parcialmente — ficaram apenas com uma salinha, onde só que não tem ninguém. Está tudo vazio”, descreveu Orlando, acrescentando que a entrega das salas ocorreram na última quinta-feira. Ele e a esposa perderam juntos R$ 50 mil na empresa.
Clientes Genbit pedem dinheiro de volta
No início deste mês, um grupo de 39 clientes cansados das promessas da Genbit e dos seus seus sócios resolveu entrar com uma ação coletiva na Justiça de São Paulo contra a empresa suspeita de fraudes com criptomoedas. Na ação, eles cobram R$ 1.316.892,05 que foram aportados.
Rodrigo mesmo já organizou uma manifestação. Junto com a esposa e demais vítimas, ele promoveu a seguinte mensagem: “Genbit, devolva o meu dinheiro”. Uma faixa com o manifesto foi colocada de frente a sede da empresa.
Segundo Rodrigo, ele não conseguiu realizar nenhum saque sequer na Genbit depois de ter investido R$ 27.500. Sua esposa também aportou R$ 23.350 no negócio.
Na ocasião, a advogada Daniela Constant, que acompanhou o grupo até a delegacia, comentou sobre o caso — que corre em segredo de justiça na 4° vara criminal de Campinas.
“Existe uma resistência da empresa em dizer que trocou os pacotes inicialmente contratados por uma moeda sem qualquer lastro, denominada TPK (treeptoken). Desta forma, não existe qualquer informação da empresa sobre lançamento da respectiva moeda no mercado mundial, descumprindo totalmente o prazo estabelecido, que foi no dia dia 01 de março”, disse.
Gensa disseminou esquemas fraudulentos
Junto com outros braços da Gensa, como a Zero10Club, a Genbit foi denunciada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por oferta irregular de investimentos.
Na prática, esse alerta significa o reconhecimento do negócio como esquema de pirâmide financeira.
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