G44 Brasil não cumpre promessa e clientes acusam empresa de ser pirâmide financeira

Alvo de investigações da Justiça e de alerta da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a G44 Brasil deu mais um motivo para deixar seus investidores preocupados. A empresa sediada em Taguatinga (DF) descumpriu acordos de distrato firmados em novembro passado e gera suspeitas de que um grande calote tenha sido consumado.

Segundo clientes ouvidos pela reportagem, a G44 alega problemas de liquidez para realizar todos os pagamentos —seriam cerca de 10 mil investidores, segundo estimativas extraoficiais de clientes. Por esse motivo, a empresa teria pedido o distrato no final de novembro de 2019.

Em comunicado distribuído à época, a G44 atribuiu os problemas a dificuldades técnicas, ataques cibernéticos e ao que chamou de “fake news em diversas mídias”. Na mesma ocasião, anunciou o fim de contratos firmados sob a modalidade de SCP (Sociedade em Conta de Participação).

“Com o crescimento de nossa empresa alcançamos os nossos objetivos, no entanto, os últimos acontecimentos levaram-nos a decidir pela descontinuação de todos os contratos firmados sob a modalidade de SCP – Sociedade em Conta de Participação, SCP – SPRINT 200 e SPRINT 250”, diz trecho do comunicado.

Em outubro passado, já em meio a denúncias de atrasos nos pagamentos, a G44 promoveu uma festa luxuosa em uma área nobre de Brasília para celebrar o aniversário de dois anos da empresa.

Promessa quebrada

O prazo para realização desse distrato era de 90 dias e expirou na última terça-feira (25). Diversos clientes se queixam do atraso nas redes sociais da empresa, em grupos de WhatsApp e na plataforma Reclame Aqui —na qual a G44 consta com reputação “ruim”.

O anúncio do distrato levou clientes da G44 a se reunirem em grupos no WhatsApp para entender o que estava acontecendo. O não cumprimento da promessa por parte da empresa elevou os temores de um grande calote consumado.

O distrato, no entanto, contrasta com uma nova frente de captação de clientes aberta pela G44. Segundo clientes, quem aderiu a esse plano vem recebendo remuneração, enquanto milhares seguem sem ver a cor do dinheiro investido.

“Tudo isso leva a crer que realmente [os diretores da empresa] estão operando pirâmides e enganando os que se associaram”, disse um cliente que pediu anonimato. Com R$ 20 mil aportados na empresa, ele tem poucas esperanças de reaver o dinheiro, mas afirma que vai acionar a G44 na Justiça.

No entanto, há clientes que aportaram valores bem maiores — o investimento mínimo, segundo eles, era de R$ 10 mil. O tamanho do calote é estimado na casa de milhões de reais.

O que diz a empresa

A G44 se define como uma “holding empresarial que faz gestão de empresas do segmento de tecnologia em criptomoedas, mineração de pedras e metais preciosos e prestação de serviços”. Ela também é responsável pela exchange Inoex.

Procurada pela reportagem para comentar as recentes denúncias, a G44 não se manifestou até o fechamento deste texto.

Quanto às queixas de atrasos no Reclame Aqui, a empresa tem respondido na própria plataforma que está atendendo às solicitações. A G44 diz ainda que envia e-mails informando os clientes sobre a situação de cada distrato.

Sobre as acusações de ser uma pirâmide financeira, a G44 afirmou em novembro passado tratar-se de “boato de difamação”. Quanto ao alerta da CVM, disse que não é regulada pela autarquia, mas apenas pelo Código Civil.

No entanto, já no final da 2019 a empresa reconhecia problemas de liquidez. A G44 afirmou que “sua atividade ‘cresceu em ritmo acelerado’ e que seus limites bancários se tornaram pequenos para a quantidade de transações realizadas”.

Segundo reportagem de novembro de 2019 do jornal Correio Braziliense, a G44 entrou na mira do Ministério Público local e da Polícia Civil, acusada de operar esquema de pirâmide financeira.

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