FBI quer conhecer vítimas da falida exchange de criptomoedas QuadrigaCX
O FBI está procurando vítimas do caso QuadrigaCX, a exchange de criptomoedas canadense que faliu após a morte de seu diretor executivo. Gerald Cotten, supostamente, era o único detentor das chaves privadas das carteiras da empresa.
De acordo com uma nota, publicada pelo FBI na segunda feira (03), as pessoas que se sentem vítimas da empresa podem preencher um questionário específico. O intuito da Agência é identificar o número máximo de pessoas e inserir dados nas investigações.
O FBI escreveu:
“Se você tiver dúvidas ou preocupações sobre sua conta na QuadrigaCX, ou se você acredita que é uma vítima, por favor, preencha o questionário abaixo para identificá-lo como uma vítima em potencial”.
O questionário sonda várias questões sobre a relação cliente-empresa, como nome de usuário e documentação — até mesmo datas de depósitos, saques e em qual moeda os clientes transacionaram podem fazer parte do objetivo da inquirição.
O texto também diz que, com base nas respostas, o solicitante poderá ser contatado pelo FBI para fornecer informações adicionais e, se for o caso, poder dar o apoio necessário.
“O FBI e o IRS-CI são legalmente obrigados a identificar as vítimas de crimes federais que investigam e fornecem informações, serviços de assistência e recursos a essas vítimas”.
As investigações no caso QuadrigaCX estão sendo realizadas por uma força tarefa que compõe o FBI, o Serviço de Investigação da Receita Federal (IRS-CI), o Setor especializado em crimes cibernéticos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) juntamente com a Procuradoria americana para o Distrito de Colúmbia, reportou a Agência.
Caso QuadrigaCX
O fundador e CEO da Quadriga, Gerald Cotten, morreu durante uma viagem à Índia em dezembro do ano passado. Um mês depois, a bolsa entrou com pedido de proteção ao credor.
Logo depois a empresa de consultoria Ernst & Young foi indicada pelo Tribunal para localizar e gerenciar os fundos remanescentes. Depois disso, em abril, foi dado o início a um processo de falência.
A morte de Cotten foi anunciada de forma tardia quando sua esposa, Jennifer Robertson, entrou com pedido de proteção ao credor na Suprema Corte da província de Nova Escócia, no Canadá, no dia 31 de janeiro.
Robertson alegou que somente o marido detinha as chaves privadas das contas da exchange. Ela apresentou uma declaração de morte de uma empresa de funeral — um hospital particular de Jaipur, na Índia, também confirmou o óbito.
A exchange ficou inacessível uma semana após a notícia da morte de Cotten, fundador da empresa com 363.000 usuários registrados.
Testamento dias antes de morrer
Cotten apresentou um testamento 12 dias antes de morrer. Nele, Robertson foi registrada como a única beneficiária e executora de todo o espólio do falecido — eles não tiveram filhos.
Segundo documentos judiciais, a viúva herdou uma grande quantia (não divulgada) de ativos e de dinheiro que mantinha nos bancos Bank of Montreal e no Canadian Tire, carro de luxo de quase meio milhão de reais, iate e até mesmo um avião. É o que mostra o testamento de 27 de novembro de 2018.
Cotten, cuja morte, segundo Robertson, foi repentina, levou consigo o acesso a US$ 180 milhões em Bitcoin, Ethereum, Bitcoin Cash, Litcoin e US$ 70 milhões em fiat, caso as chaves privadas não reapareçam.
O montante totalizou, então, 250 milhões de dólares canadense (cerca de R$ 700 milhões) pertencentes a 115 mil usuários.
Laptop criptografado
No laptop, os endereços de email e o sistema de mensagens que ele usava para administrar a empresa eram todos criptografados.
Nele estavam as chaves privadas e senhas de acesso a tudo que era relacionado às finanças da QuadrigaCX — contas bancárias, fundos de criptomoedas online e offline.
Robertson, que ficou de posse do computador, disse que não conseguiu o acesso ao dispositivo justamente por estar criptografado. Ela não possuía nenhuma chave privada.
Segundo a viúva, o laptop era o único dispositivo que Cotten usava para conduzir tudo a respeito da exchange.
“O computador laptop do qual ‘Gerry’ conduziu os negócios é criptografado e eu não sei a senha ou a chave de recuperação. Apesar de vários esforços em buscas, não consegui encontrá-las em nenhum lugar”, diz o documento assinado pela viúva.
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