Faraó dos bitcoins ataca o judiciário e diz que quem investe em pirâmide é ‘idiota’

O Faraó dos bitcoins mostra sinais de revolta, ao atacar o judiciário brasileiro, principalmente o do Rio de Janeiro, que cuida de analisar as acusações de pirâmide financeira, assassinato e outras que pesam contra ele.

Os clientes da GAS Consultoria são os mais prejudicados no caso, visto que há mais de um ano não recebem seus rendimentos e nem investimentos de volta.

Na última sexta-feira (7), a empresa deveria ter pago um valor para manter aberto um pedido de recuperação judicial, mas tudo indica que a GAS não o fez, deixando acabar o pedido após o fracasso na eleição do faraó dos bitcoins, que chegou a ter 37 mil votos, mas que foram anulados pelo TSE.

Faraó dos bitcoins ataca o judiciário

Nesta segunda-feira (10), o faraó dos bitcoins divulgou uma carta aberta em seu Instagram para novamente atacar o judiciário brasileiro, principalmente do Rio de Janeiro.

Um dos ataques foi dirigido ao TRE-RJ, que colocou sob suspeita sua candidatura a deputado federal, por sete votos a zero. Ele chegou a defender uma reforma no judiciário brasileiro, criticando ainda o Estado do Rio de Janeiro de forma irônica, território este que foi o berço de suas empresas possivelmente fraudulentas.

Faraó dos bitcoins segue com ataques ao judiciário brasileiro
Faraó dos bitcoins segue com ataques ao judiciário brasileiro. Reprodução: Publicação no Instagram público de Glaidson Acácio em 10 de outubro de 2022.

Na carta aberta aos clientes, o faraó não deu nenhum esclarecimento para os clientes, apenas informando que a justiça exigiu que ele pagasse R$ 19 bilhões, dinheiro que ele alega não ter.

Glaidson Acácio chamou investidores de pirâmides de “idiotas”

Quando Glaidson Acácio dos Santos ainda não havia sido preso, mas já sentia a pressão contra seu negócio pesar, em 15 de agosto de 2021, após reportagens públicas vinculadas no Fantástico, ele teve uma ligação com uma jornalista para explicar que clientes de pirâmides eram “incompetentes e idiotas”.

“As pirâmides financeiras que estão vindo para Cabo Frio, as pessoas idiotas, incompetentes, gananciosas, que não conhecem a volatilidade do mercado, elas vão cair em pirâmides e a consequência de cair em pirâmide é um pai de família perder ali sua reserva de 20 anos.”

O áudio completo foi obtido pelo Livecoins com uma fonte anônima que acompanha o caso, mas mostra que o líder da GAS Consultoria tinha total ciência que prometer lucros fixos era coisa de de pirâmides financeiras. A própria GAS prometia 10% ao mês durante seu funcionamento.

 

Glaidson Acácio tinha e tem influencers que o ajudam a convencer clientes

Quando a GAS Consultoria funcionava, antes da Operação Kryptos ser deflagrada pela Polícia Federal e prender seus principais líderes, a empresa mantinha alguns influencers que se diziam traders.

Eles eram responsáveis pelas supostas operações de compra e venda de criptomoedas que justificariam os tais 10% ao mês. Para operar, eles recebiam da GAS, por meio de suas empresas, valores milionários que eram utilizados para criar empresas. Para a PF, de acordo com documentos recebidos de uma fonte, tudo isso faz parte do esquema de lavagem de dinheiro da organização criminosa.

Com o final da empresa, novos influencers chegaram na comunidade da GAS, alguns advogados, que agora tentam convencer clientes da idoneidade de Glaidson e que ele deve cumprir com os acordos, indicando que a justiça que não tem deixado.

Vários desses influencers da GAS Consultoria já estão sendo investigados pelas autoridades, que suspeitam que eles estão recebendo em criptomoedas para manter a defesa pública da empresa.

Advogado Jorge Calazans acredita que recuperação judicial foi apenas parte do golpe

O Livecoins também procurou o advogado Jorge Calazans, que representa um grupo de clientes que move processos individuais. De acordo com ele, a GAS Consultoria tentou ganhar tempo com um pedido de recuperação judicial protocolado na justiça.

Esse mesmo movimento já foi realizado por outros golpes, como Grupo Bitcoin Banco e BWA Brasil, que segundo o advogado foram outras empresas que pediram Recuperação Judicial e acabaram caindo em falência. Essa não é uma situação boa para clientes, segundo Calazans.

Em sua linha de defesa, ele acredita que 27% dos clientes hoje são realistas sobre o caso da GAS, mas 73% ainda acreditam que tudo será resolvido pela própria empresa, o que ele chama de “realidade dos fatos contra a positividade das ilusões”.

Após o não pagamento de R$ 19 bilhões pela GAS, mesmo com a justiça federal autorizando a empresa a fazer o movimento, Calazans acredita que os clientes que ainda tinham alguma ilusão de que a empresa estava em seu lado pode ter diminuído.

“No presente caso, fica claro que pessoas se aproveitam da situação para induzir investidores a erro. O dinheiro que está em poder da justiça é insuficiente para pagar a todos os credores e mesmo assim os que entraram nesse caso para transformá-lo em uma grande novela em troca de engajamento em redes sociais insistem em desviar a atenção do verdadeiro paradeiro do dinheiro.

A recuperação judicial não ir adiante é um grande benefício aos investidores, pois essa prática vem sendo constantemente adotada por empresas fraudulentas que dessa maneira usam esse instituto para transformar o caso em uma falência e o dinheiro não aparecer.

No caso da GAS, se ficar demonstrado que o dinheiro não existe na sua totalidade, ou que a empresa dependia da entrada de novos investidores para pagar os clientes, além dos crimes contra o sistema financeiro, os quais já responde na Vara Federal, demonstrará na Esfera Estadual sérios indícios de ser um Esquema Ponzi.”

Plano de fuga e tentativa de silenciar imprensa

Entre os problemas de não pagamento e evasão de respostas claras, Glaidson Acácio dos Santos, o faraó dos bitcoins ainda tem em seu inquérito uma possível fuga que estava sendo planejada do Brasil. Por isso, ele acabou sendo preso pela PF.

Além disso, ele tentou silenciar a imprensa e até chegou a planejar a morte de uma jornalista da Rede Globo, que investigou sua empresa em Cabo Frio.

Um trecho de documento da investigação obtido pelo Livecoins mostra que Glaidson mandou seus seguranças prenderem jornalistas que fossem até a sede de suas empresas, um sinal de uma pessoa extremamente perigosa.

Glaidson mandou seu segurança prender todos os jornalistas que iam até sua sede cobrar explicações, em clara tentativa de censurar a mídia
Glaidson mandou seu segurança prender todos os jornalistas que iam até sua sede cobrar explicações, em clara tentativa de censurar a imprensa. Trecho de documento obtido com fonte anônima.

Vale lembrar que após um ano, a empresa não honrou com pagamentos aos clientes mesmo não sendo impedida de pagar. O caso segue repercutindo entre os investidores, muitos dos quais não acreditam mais no negócio que prometia 10%.

O Livecoins não encontrou o contato da GAS Consultoria para comentar sobre os ataques ao judiciário e a Recuperação Judicial, o espaço segue em aberto.

Fonte: Livecoins

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