Família que enriqueceu com bitcoin esconde carteiras cripto pelo mundo

A família holandesa que trocou todo o seu patrimônio por bitcoin em 2017, quando a criptomoeda valia 900 dólares, e fez fortuna com a valorização dos anos seguintes, está preocupada com a segurança dos seus ativos digitais, o que deve ter se agravado com o ataque hacker que roubou 600 milhões de dólares em criptoativos nesta semana. Agora, a “Bitcoin Family” tem espalhado carteiras físicas com suas economias pelo mundo.

“Escondi hardware wallets [carteiras de criptoativos semelhantes a um pen drive] em vários continentes, assim eu nunca mais vou precisar voar para longe para acessar minha cold wallet [carteira de criptoativos que não está conectada à internet], caso eu precise pular fora do mercado”, explicou Didi Taihuttu, o patriarca da família, ao canal de TV americano CNBC.

Didi explicou que tem dois esconderijos na Europa, dois na Ásia, um na América do Sul e outro na Austrália, que, juntos, guardam 74% das economias da família. Os outros 26% estão em hot wallets – as carteiras que são conectadas à internet e permitem acesso simples e rápido aos ativos digitais, como aplicativos para celular ou corretoras. “Eu prefiro viver em um mundo descentralizado no qual eu mesmo tenho a responsabilidade de proteger o meu capital”, disse Didi.

Hardware wallets são a maneira mais segura de guardar criptoativos. Trata-se de um dispositivo eletrônico que assina transações por meio de chaves privadas armazenadas fora da internet. Como essas chaves não estão online, não há vazamento de dados ou invasão de servidor que coloque os fundos em risco. Além disso, caso o dispositivo seja danificado ou perdido, é possível recuperar os fundos usando uma chave-semente de backup.

Apesar de mais seguras, elas são mais complexas, dificultando o uso dos ativos digitais no dia a dia – daí a preferência por hot wallets por aqueles que pretendem fazer movimentações com seus criptoativos, seja para negociá-los ou para utilizá-los.

Atualmente, já existem empresas que fazem a custódia de ativos de clientes em cold wallets, o que aumenta a segurança sem comprometer a experiência dos usuários. Nesses casos, as empresas ficam com a parte complexa da operação – manter os ativos a salvo de hackers – enquanto os usuários continuam com acesso relativamente simples aos fundos.

Didi Taihuttu, entretanto, acredita que esse modelo é muito centralizado. “O que acontece se uma dessas empresas falir? Onde estará os meus bitcoins? Eu terei acesso a eles? Mais uma vez, você coloca a confiança no seu capital nas mãos de uma organização centralizada”.

Por outro lado, ele concorda que essas empresas também oferecem vantagens. “Eles têm lindas configurações para herança”, disse. “Quando você morre, essas empresas lidam com isso também, e eu realmente acredito que estão fazendo um ótimo trabalho”. No caso das hardware wallets, apenas a pessoa com as chaves de acesso, sejam as chaves privadas ou semente, terão acesso aos fundos. Em caso de morte, caso esses dados não estejam com mais ninguém, os fundos estarão definitivamente perdidos e inacessíveis.

Depois de fazer fortuna com o bitcoin e se tornar conhecida como a “Bitcoin Family”, Didi Taihuttu, sua esposa Romaine e suas três filhas – Joli, Juna e Jessa – vivem viajando pelo mundo e divulgando a criptomoeda por diferentes países. Por isso, os diferentes esconderijos podem ajudar no acesso rápido aos fundos caso isso seja necessário.

Apesar de altamente seguras, as cold wallets exigem atenção redobrada dos investidores com as chaves de acesso ou a chave-semente, uma vez que, caso sejam perdidas, os fundos serão inacessíveis. É o caso, por exemplo, do britânico que jogou fora um computador cujo disco rígido continha sua desktop wallet (outro tipo de cold wallet). Hoje, o dispositivo tem o equivalente a 1 bilhão de reais em bitcoin e ele tenta autorização para promover uma “varredura” no lixão da cidade onde vive.

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