Especialistas dizem que criptomoedas ‘sofrem’ com a guerra entre Rússia e Ucrânia, mas são ‘proteção contra inflação’

Moeda da Rússia, rublo já caiu em torno de 50% desde o início dos conflitos enquanto Bitcoin experimentou rali de 28% em uma semana

A guerra deflagrada entre e Rússia e a Ucrânia parece exercer forças antagônicas sobre o mercado de criptomoedas. Enquanto a aceleração desenfreada da inflação na Rússia favorece a busca pelos criptoativos como forma de proteção diante da desvalorização do rublo, moeda oficial do país, o prolongamento da guerra se mostra ruim para o setor, uma vez que os investidores tendem a migrar em direção a mercados de baixo risco. Estas são algumas das avaliações feitas por especialistas ouvidos pelo Uol em uma entrevista publicada nesta segunda-feira (14). 

Diante de uma desvalorização em torno de 50% do rublo entre 11 de fevereiro e 11 de março em razão de bloqueios econômicos liderados pelos Estados Unidos e pela União Europeia e uma inflação de mais de 20% que já atinge a Rússia, o mercado de criptomoedas registrou oscilações significativas neste período, algumas positivas. 

O Bitcoin (BTC), por exemplo, chegou a experimentar uma alta de 28,2% em menos de uma semana, já que era negociado a US$ 34.750 mil no último dia 24 de fevereiro e chegou a US$ 44.554 em 1º de março segundo dados da CoinGecko. Em relação ao volume total do mercado, a publicação chama a atenção para o fato de que o montante era US$ 1,7 trilhão no último dia 17 de fevereiro, antes do início do conflito, e que passou para US$ 2 trilhões no dia 2 de março. 

Para o CEO da exchange de criptomoedas Uniera, Caio Villa, a característica de descentralização das criptomoedas confere a elas independência em relação a órgãos reguladores, como bancos centrais, o que poderia justificar a atração pelos criptoativos no atual cenário geopolítico, em especial para investidores russos. 

O vice-presidente sênior da divisão de moedas digitais da mineradora americana CleanSpark, Bernardo Schucman, também segue nesta direção ao frisar que a estratégia utilizada pelos russos não é nova e que ela foi repetida pela Grécia e Argentina em meio a crises econômicas recentes. 

Por outro lado, as criptomoedas ainda possuem uma característica que rema contra a descentralização e a proteção contra a inflação no que diz respeito a novas altas, conforme argumentou outro especialista, o CEO da plataforma Foxbit, João Canhada:

No geral, as criptomoedas são consideradas moedas de risco e, em momentos conturbados da economia, naturalmente os ativos de risco tendem a cair. Em momentos de incerteza, o mercado é avesso a risco, sendo normal essas quedas. Eu adoraria que se descolasse, mas essa ainda não é a realidade.

A publicação também pontuou o crescimento das doações feitas em criptomoedas aos ucranianos, flexibilidade que faz do BTC, por exemplo, um ótimo meio de doação global pelo fato de a criptomoeda não exigir domicílio bancário. 

As doações que beneficiam os ucranianos em decorrência da guerra também já estão salvando milhares de pessoas ao redor do mundo. Entretanto, neste caso, o inimigo é outro: a fome. Oponente que a startup portuguesa ImpactMarket pretende eliminar até 2030 usando a blockchain para gerar renda básica e tentar eliminar pobreza extrema no mundo, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil

 

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