Especialistas apontam fatores ligados à Web3 que podem impactar mercados em um futuro próximo

A Web 3.0 representa a próxima geração da internet, trazendo consigo uma evolução da Web 2.0 com o objetivo de tornar o ciberespaço ainda mais inteligente, descentralizado e seguro para os usuários, apoiada no empoderamento proporcionado pela blockchain

A Web 3 representa a próxima geração da internet, trazendo consigo uma evolução da Web 2 com o objetivo de tornar o ciberespaço ainda mais inteligente, descentralizado e seguro para os usuários, apoiada no empoderamento proporcionado pela blockchain.

Segundo especialistas, uma das principais diferenças entre as duas é que a Web 3.0 proporcionará um ambiente mais democrático, colaborativo e livre, onde não haverá um intermediário de posse das informações. Essa nova tecnologia pode gerar excelentes oportunidades, além de criar novos negócios em diversas áreas do mercado.

Segundo a Cointelegraph Research, mais de US$ 30 bilhões foram investidos em  projetos de Web 3, em 2021, o triplo de 2019. E só no primeiro trimestre de 2022 foram investidos mais de US$ 14 bilhões. Os mercados e as empresas estão mudando de comportamento e um novo mundo está se formando.

Portanto, nos últimos anos, a Web 3.0 vem se tornando um tema cada vez mais relevante e muitos profissionais brasileiros já começaram a se movimentar por esse universo e a atuar na área. É o caso de Bernardo Mendes, Chief Gamer Officer (CGO) da Druid.

“Acredito que estamos diante de uma revolução que tem o potencial de mudar completamente a maneira como fazemos negócios e nos relacionamos com os consumidores. Na Druid Creative, estamos constantemente estudando e pesquisando formas de como nos inserir nesse universo e aproveitar as oportunidades que ele oferece’’ explica Bernardo.

Já Inaiara Florêncio, diretora de Conteúdo e Marketing de Influência do Mercado Bitcoin, relata que vem se aprofundando nessa área há muitos anos, muito antes de a Web 3.0 se tornar um assunto tão comentado.

“Sempre me senti inquieta nos lugares em que trabalhei e busquei promover uma cultura de experimentação e criatividade. Acredito que, independentemente de como cada pessoa escolhe se envolver com a inovação, é fundamental manter uma mentalidade aberta e estar disposta a assumir riscos e aprender com seus erros. Desde que comecei a me aprofundar na Web 3.0, especialmente após ingressar no Mercado Bitcoin em 2022, essa inquietude se intensificou ainda mais, uma vez que a tecnologia extrapolou meus interesses e se tornou algo que respiro diariamente”, explica Inaiara. 

Web 3

Antônia Souza, Chief Operation Officer (COO) da Lumx Studios, startup especializada em soluções que conectam negócios à Web3 por meio de tecnologias proprietárias, também dá ênfase à tecnologia há alguns anos. “A Lumx, tem como objetivo simplificar a criação de aplicações descentralizadas (dApps) e auxiliar marcas na exploração do potencial dos tokens não fungíveis (NFTs)”, explica a executiva

Para Edu Paraske, founder e partner da Deboo, o conceito de Web3 está passando por uma revolução e está exigindo que empresas de todos os setores intensifiquem e busquem inovação em seu modelo de negócio.

‘’Até 2030, a Web3 deverá atingir um tamanho de mercado de cerca de US$ 81,5 bilhões, de acordo com a Emergen Research, isso mostra que já existem diversas marcas e empresas de olho nas oportunidades que a nova fase da internet pode proporcionar’’ destaca o executivo. 

Já o jornalista especializado em inovação, Gustavo Pacete, destaca a importância de buscar esclarecer o tema de uma forma mais ampla e abrangente.

‘’É importante não se limitar a tecnologias específicas, como NFTs, blockchain e criptomoedas, e ampliar a lente para mostrar que a Web 3.0 envolve não apenas tecnologia, mas também comportamento e consumo’’, explica. 

Bernardo Mendes enfatiza também sobre a importância de simplificar o discurso, tornando-o mais compreensível e menos técnico. ‘’A linguagem técnica e os conceitos da Web3 ainda podem ser um pouco complexos para algumas pessoas. Acredito que é importante simplificar o discurso e apresentar os benefícios de forma clara e acessível’’ ressalta.

Para Thammy Marcato, sócia-diretora de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil e cofundadora da KPMG e Distrito Leap, embora seja desafiador, explicar a web 3.0 sob a perspectiva do uso e não da tecnologia é um caminho viável.

‘’No entanto, é fundamental compreender completamente o princípio de propriedade embarcado dentro da web3, e isso precisa ser compreendido totalmente e, esta mudança, quase que de mindset, é o mais difícil de transpor’’ alerta a executiva.

De forma unânime, os especialistas apontam que traduzir o discurso é a melhor saída.

“Acabar com o criptoquês. Quando comecei a estudar com mais profundidade, uma das coisas que mais me incomodavam era como as explicações ainda são densas e feitas para que apenas uma bolha com acesso a mais conhecimento entendesse. Essa linguagem distancia as pessoas. A educação precisa ser uma transversal em todas as comunicações’’ completa Inaiara Florêncio.

De acordo com Edu Paraske, um dos maiores desafios do ecossistema é tornar os conceitos mais tangíveis, acessíveis e aplicáveis, permitindo que marcas e empresas desenvolvam soluções e modelos de negócios com foco estratégico.

Para isso, segundo ele, é necessário entregar estratégia e execução na Web3, oferecendo ações inovadoras que possam impactar a vida real das pessoas. Quem souber aproveitar essas ferramentas estará verdadeiramente fomentando negócios na Web3.

Pacete acredita que a educação é fundamental para contribuir com a construção da revolução na Web3. Ele menciona que é essencial comunicar de forma clara, didática e simples o que é a Web3, criando um discurso para além do que já foi construído pelo público especializado.

‘’É necessário que as pessoas possam compreender essa grande revolução que transformará a forma como consumimos, transacionamos e nos comunicamos, sem se assustar e refletindo sobre as possibilidades oferecidas pela Web3’’.

Explorando as possibilidades 

O potencial de impacto da web3 é significativo em inúmeras áreas, desde a saúde até o varejo e a mobilidade. A utilização da tecnologia blockchain, em mercados como o agro, por exemplo, vai garantir mais segurança, eficiência e privacidade de dados uma vez que poderá permitir o rastreamento da origem de produtos na cadeia de suprimentos.

Na educação, a Web3 pode ajudar a criar um ambiente de aprendizagem mais interativo e personalizado, oferecendo novas possibilidades de ensino e aprendizagem. As melhorias potenciais que a Web3 pode trazer para diferentes áreas são imensas e devem ser exploradas de forma estratégica.

Antônia Souza também destaca que a Web3 tem sido uma ferramenta importante para empresas inovarem. Uma das possibilidades citadas pela executiva é a criação de jornadas gamificadas que engajam e incentivam a interação entre marcas e suas comunidades, ou negócios e seus colaboradores, utilizando as NFTs.

‘’Os colecionáveis digitais permitem a personalização e uma granularidade de insights que só é possível através da web 3.0, tornando a experiência de fidelidade mais relevante e valiosa. Exemplos de sucesso incluem programas de fidelidade em setores como o varejo, turismo e entretenimento, além de ações de endomarketing em empresas de diversos segmentos, que têm utilizado colecionáveis digitais para engajar e recompensar seus colaboradores de forma inovadora’’, ilustra a especialista. 

Para  Edu Paraske, é importante envolver a comunidade para gerar uma adoção em massa da Web3.

‘’O tema é um conceito novo para muitas pessoas e pode parecer complexo e difícil de entender em um primeiro momento. No entanto, há algumas maneiras de tornar a Web3 mais tangível para todos e sustentar uma adoção em massa, um dos caminhos é promover a educação sobre a web3’’ aponta o executivo. 

De acordo com os especialistas ouvidos, a inovação e a potência da Web 3.0 juntas, trarão muitas possibilidades e é fundamental estar preparado para aproveitar tudo o que essa nova realidade trará. E o primeiro passo para explorar o momento e sair na frente nesta corrida é buscar conhecimento com quem sabe e faz negócios em web3.

Em razão disso, os profissionais citados neste artigo, e muitos outros, estarão, ao vivo, no curso Tangibl3, no Cubo Itaú, para tangibilizar os conceitos e dar exemplos de aplicações da web 3.0. Entre os dias 8 a 12 de maio, das 19h às 21h30.

Brasil e Web3

Os especialistas apontam que o Brasil tem um potencial significativo para liderar a nova fase da internet.

“Nosso país já tem um papel de destaque na América Latina e uma cultura de inovação financeira aberta a novas tecnologias. Entendo que temos um grande desafio para nos destacar ainda mais, que é ter uma regulamentação clara, aproximar a tecnologia da solução de problemas reais das pessoas e agir de forma proativa na educação, para que as pessoas entendam todas as possibilidades que a Web3 oferece”, explica Inaiara.

Além disso, ela pontua uma pesquisa que destaca o Brasil nesta corrida: o “Global Crypto Adoption Index 2022” que classifica o país em sétimo lugar entre os países com maior adoção de criptomoedas. 

Antônia Souza também menciona que o país é destaque em iniciativas relacionadas à Web3 na América Latina, enquanto Bernardo Mendes ressalta a forte comunidade de desenvolvedores e criativos, além do potencial do Brasil como mercado consumidor significativo e hub de inovação.

Já Thammy Marcato destaca que, sob a perspectiva mercadológica, o Brasil é um grande mercado consumerista e curioso por inovações, permitindo que as empresas criem experiências envolvendo a Web3 e busquem mais engajamento.

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