Especialistas comentam as diretrizes oficiais do Banco Central sobre o Real Digital

Para debater as diretrizes e o lançamento do Real Digital, conversamos com alguns especialistas do setor das criptomoedas, que compartilharam com o Cointelegraph suas impressões sobre a CBDC brasileira.  

 

O Banco Central do Brasil anunciou oficialmente as diretrizes para o Real Digital, a CBDC brasileira. 

O movimento faz parte de uma tendência mundial, em que diferentes nações estão vendo nas moedas digitais uma forma eficiente de acompanhar o movimento de digitalização de suas economias. 

Alguns países, tais como China e Suécia, estão testando versões dessa ideia. As Bahamas já lançaram uma moeda digital do banco central, o Sand Dollar.  Nos Estados Unidos, tanto o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, quanto a secretária do Tesouro, Janet Yellen, estão debatendo a criação dessa moeda.

Nas redes sociais, inúmeros entusiastas das criptomoedas adotaram uma posição crítica ao lançamento, ressaltando a iniciativa como uma forma de controle dos cidadãos. 

Para debater as diretrizes e o lançamento do Real Digital, conversamos com alguns especialistas do setor das criptomoedas, que compartilharam com o Cointelegraph suas impressões sobre a CBDC brasileira.  

Especialistas comentam sobre Real Digital

Para João Paulo Oliveira, CEO e Fundador da Nox Bitcoin, as CBDCs são uma legitimação da tecnologia descentralizada das criptomoedas que são mais eficientes e seguras que as tecnologias tradicionais. Assim, o fundador entende o lançamento como uma forma de validação da confiança no Bitcoin e pode levar a novas máximas de preço, visto que o preço reflete confiança e expectativas do mercado. Para Oliveira, as CBDCs não concorrem com o Bitcoin em nenhum grau. 

A opinião é compartilhada por  José Artur Ribeiro, economista e CEO da Coinext. Para Ribeiro, que diz “Todas as iniciativas de Bancos Centrais de digitalizar suas moedas são excelentes notícias para o nosso mercado, pois validam e endossam a tecnologia por trás dos criptoativos”. Ribeiro rechaça a visão de que os CDBCs sejam uma ameaça para o segmento de criptoativos. “A Blockchain já é realidade e fará cada vez mais parte do nosso dia a dia nos próximos anos. E claro, a adoção desta tecnologia por parte dos governos impacta positivamente para o preço futuro do Bitcoin, que esta semana, começou novamente a subir após a forte correção”, pontua.

Tatiana Revoredo, membro fundador da Oxford Blockchain Foundation e CSO na theglobalstg.com, faz um regresso histórico e mostra a perspectiva dos governos sobre a tecnologia. 

”As discussões sobre a emissão das CBDCs ganharam grande força depois do alerta de Benoît Couré sobre o crescimento das criptomoedas no Fórum Econômico Mundial em Davos, realizado em janeiro de 2018. Lembro-me que na ocasião ele disse que “o que o Bitcoin nos diz como banqueiros centrais é que nossos sistemas de pagamentos são muito lentos e temos que agir sobre isso e precisamos de melhores pagamentos transfronteiriços porque é bom para o desenvolvimento e isso é bom para a inclusão financeira”.

Revoredo salienta que apesar do principal motivo apontado pelos Bancos Centrais ser a estabilidade monetária, é necessário considerar a questão da privacidade. Revoredo disse ao Cointelegraph: 

”A privacidade dos cidadãos deveria ser uma questão essencial nas CBDCs, mas apenas a Europa e os Estados Unidos parecem dar o devido peso que a privacidade e proteção de dados dos cidadãos merece. Deve-se tomar cuidado para as CBDCs não se tornarem um instrumento de vigilância estatal sobre os cidadãos. E para isto, iniciativas como a do FED de tornar público suas perspectivas sobre o dólar digital, para um debate sobre riscos e desafios me parece um caminho mais acertado que uma corrida desenfreada para ser o primeiro a lançar uma CBDC.” 

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