Especialista faz retrospectiva do mercado financeiro 2020 e o que esperar para 2021

Especialista brasileiro acredita que dólar vai retroceder a R$ 4 reais em 2021 com uma recuperação global na economia

Embora o Bitcoin tenha apresentado uma valorização ‘galopante’ em novembro e dezembro, levando o criptoativo a registrar seu maior valor histórico perto de US$ 29 mil, os dois últimos meses do ano também foram marcados por uma recuperação generalizada nas principais classes de ativos globais.

Assim mesmo com o avanço das ondas secundárias do novo coronavírus, a expectativa quanto ao início da distribuição de vacinas ajudou a sustentar os principais ativos de risco e ajudou a ‘segurar’ uma nova onda pessimista com os mercados de capitais.

Segundo Paulo Cunha é sócio fundador da iHUB Investimentos, outro fator que influenciou a economia global foi o resultado das eleições presidenciais americanas, que serviu como um alívio nas tensões comerciais que marcaram o governo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que pode ser favorável ao comércio global em 2021.

“Além disso, o que trouxe otimismo é a expectativa de que as autoridades mundiais sigam com as políticas fiscais estimulantes no médio prazo”

Cunha destaca ainda que no Brasil, a recuperação vista está em boa parte condicionada à continuidade do bom humor internacional e, no âmbito político, ao andamento positivo da questão fiscal.

Fundos multimercado

Cunha também destaca que a indústria de multimercados, que no Brasil possui 11 fundos com exposição em criptoativos, teve uma recuperação generalizada, com retornos expressivos para os diferentes tipos de estratégias.

“O posicionamento dos gestores em classes de ativos “pró-risco”, como posições compradas em ações locais e internacionais, por exemplo, foram os principais fatores que impulsionaram positivamente a rentabilidade da classe”, destaca o especialista.

Ao longo dos últimos meses, as eleições nos Estados Unidos foram apontadas pelos gestores como um fator relevante de imprevisibilidade do cenário macroeconômico e aumento de volatilidade nos mercados.

Com o resultado das eleições praticamente 100% definidas, a equipe da fundos da XP Investimentos, realizou uma consulta junto a gestores de estratégia macro, a fim de coletar suas perspectivas para as diferentes classes de ativo ao redor do mundo.

De acordo com a XP Investimentos, existe uma opinião majoritária de que, dado o resultado das eleições, há uma tendência de enfraquecimento global do dólar e dos títulos soberanos americanos.

“Além disso, apesar do receio em relação ao possível aumento de impostos corporativos, com a administração de Joe Biden, a bolsa americana (S&P 500) segue como classe de ativo com perspectiva mais favorável”, pontua

Ações

Já para o mercado de ações, Cunha aponta que após três meses seguidos de fortes quedas, atingindo o patamar próximo aos 110 mil pontos, o Ibovespa seguiu com otimismo externo generalizado e subiu forte, em novembro.

O indicador atingiu a alta de 15,90%, maior retorno mensal desde março de 2016. Já em dólar, a alta do Ibovespa em novembro foi de 25,47% ,também desde 2016.

Os destaques positivos do índice ficaram com as ações de empresas que mais haviam sofrido durante a pandemia, como as dos setores aéreo e de turismo. Do lado negativo, empresas que vinham subindo forte, como as de comércio eletrônico, tiveram um mês de correção.

Além disso, vale destacar que o penúltimo mês de 2020, foi marcado pelo recorde da entrada de capital estrangeiro na bolsa, atingindo R$ 33,3 bilhões – valor líquido.

  • CDI: +0,15%
  • Poupança: +0,12%
  • IPCA: +0,89%
  • Ibovespa: +15,90%
  • S&P 500: +10,75%
  • Ouro: -5,63%
  • Dólar: -7,63%

O que esperar para 2021?

Cunha aponta que o ano de 2021 tende a ser muito promissor, com recuperação dos indicadores da economia real e distribuição da vacina nas principais economias do mundo, de acordo com principais gestores e analistas do mercado financeiro.  

“Em um ambiente de fortes estímulos econômicos promovidos pelo Fed, Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos, as commodities devem continuar se valorizando. Com isso, a expectativa por mais ingressos de dólares na economia brasileira deve continuar, uma vez que o Brasil é visto pelo mundo como um grande exportador das principais matérias brutas do planeta.”, disse

Por outro lado, , segundo ele, o risco de um descontrole da inflação deve ficar no radar, pois tanto os estímulos econômicos como o desarranjo fiscal brasileiro colaboram para que haja um aumento de preços ao longo do próximo ano.

“Diante deste motivo, o indicador IPCA deve ser olhado com atenção, pois pode obrigar um aumento dos juros antes do que o mercado espera”, pontua.

Abaixo, as principais projeções do especialista para 2021:

  • PIB Brasil: 3,40%
  • IPCA: 3,50%
  • SELIC: 3,00%
  • Dólar: $4,90
  • Ibovespa: 130.000 pontos

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