Especialista explica porque agora não é hora de vender seus Bitcoins e dá dicas para quem está começando no mercado cripto

Especialistas explicam que agora não é hora de vender e dão dicas sobre como comprar criptomoedas e quanto alocar

Ale Boiani, CEO, fundadora e Sócia do 360iGroup, argumenta que o mercado de baixa não é o melhor momento para os investidores venderem seus ativos. Portanto, ela destaca que os investidores precisam ter um planejamento e estratégia para não deixarem o medo lhes fazer perder dinheiro ‘comprando na alta’ e ‘vendendo na baixa’.

“O cenário ideal seria comprar os ativos quando está tudo negativo, em crise, porque “vai comprar barato”, e aí vender quando estiver em alta, quando os resultados estiverem excelentes, e realizar o lucro. Costumo sempre dizer que esse olhar e estratégia de investimentos está muito ligada a objetivos de retorno muito bem definidos, que ajudam a controlar os ânimos e fazer com que a pessoa saiba diferenciar mudanças táticas de estratégicas – o que para muitos é um desafio enorme”, aponta.

A executiva afirma que ao montar uma carteira de investimentos os investidores precisam estar atentos à sua política de investimentos individual, que serve como guia em seu processo de decisões de investimento a todo momento.

“Nela também consta os seus objetivos de risco e retorno, tem informações específicas como horizonte de tempo, necessidade de liquidez, regulamentações, impostos e suas circunstâncias únicas. Por exemplo, se você tem o objetivo de em 10 anos ir morar no exterior, isso deve fazer parte dessa estratégia”, afirma.

Entre as estratégias de investimento, os especialistas apontam que a diversificação do portfólio é uma das peças fundamentais para evitar perdas. Para Matheus Cavalcanti, especialista no assunto e head de criptomoedas da Atom, o mais importante de tudo isso é lembrar que conhecimento é segurança e ele explica o que acaba deixando os investidores inseguros.

“Uma característica das criptomoedas, por exemplo, que afugenta não só principiantes como até os mais experientes é a volatilidade, ou seja, as quedas e subidas bruscas de valor, o que as classifica como um investimento de alto risco, como as ações nas bolsas de valores. Então, muita gente acredita que um fundo sob gestão de um especialista seja uma forma mais segura de investir”.

Criptomoedas

Ele acrescenta que “volatilidade e risco, no entanto, fazem parte de todo investimento, inclusive dos fundos, dependendo dos ativos que os compõem.

“Não existem mágicas e nem como prever o futuro, por isso, digo que conhecimento é uma forma de se proteger, afinal, ninguém cairia num golpe de um fundo prometendo baixos riscos e lucros elevados com moedas digitais, o que, infelizmente temos acompanhado diversos casos pela mídia”

Ele destaca que atualmente, para quem deseja investir em criptoativos, há opções em exchanges, bancos e também em fundos de investimento ligados à gestoras e até por meio de ETFs na Bolsa.

“Para investir direto em criptomoedas, ou seja, comprar sozinho uma moeda digital, é necessário abrir uma conta nas chamadas exchanges, que são como contas digitais nas quais se faz a compra e armazenamento das moedas digitais. De forma simplificada, é como se você comprasse títulos de uma ação ou moeda estrangeira, mas com características um pouco diferentes de movimentação. É uma transação segura que, apesar da alta volatilidade, oferece chances de altos rendimentos”, explica o especialista.

Sobre os ETFs e fundos de criptomoedas ele explica que estes são compostos por uma carteira selecionada por um gestor que identifica oportunidades de movimentar o dinheiro desse fundo em busca de melhores rendimentos entre as milhares de criptomoedas disponíveis.

“O dinheiro em um fundo tem um pouco menos de liquidez, por exemplo, de até 15 dias para saque, do que em uma exchange, onde pode levar cerca de 24 horas. Também devemos ter atenção às taxas e se a instituição que oferece o fundo é idônea, para evitar cair em golpes”, alerta Cavalcanti.

Eu quero comprar criptomoedas

Para quem seguiu as dicas de Ale Boiani e depois foi convencido por Matheus Cavalcanti de que é preciso diversificar o portfólio e, com isso, ter uma parte dos investimentos em criptomoedas, Edson Teixer, sócio-diretor da IRKO no Rio de Janeiro e professor do IBMEC-RJ dá algumas dicas para quem quer começar no mercado cripto mas que também servem para que já tá no mercado.

Para quem os criptoativos são indicados: Investir em criptoativos é indicado apenas para pessoas com perfil propenso a riscos. “Os ativos virtuais têm bastante liquidez, mas a volatilidade é imensa. Alguns deles podem variar até 30% em apenas um dia, um percentual muito alto para quem tem um perfil mais conservador”, explica Teixer.

Para se ter uma ideia, somente em agosto, o Bitcoin, criptomoeda mais comum e uma das primeiras a ganharem espaço mundialmente, acumulou desvalorização de 14,16%. Menos popular, a Internet Computer contabilizou 30,7% de perdas no mesmo período.

Dicas para investir em cripto

Como investir: Principalmente por se tratar de uma modalidade sem regulamentação, é essencial escolher com sabedoria onde negociar criptoativos. O especialista lembra que, hoje, são comuns golpes envolvendo grandes quantias e a compra de ativos digitais. Portanto, a dica é escolher fundos ou corretoras ligados a grandes empresas, com capital aberto ou com reputação consolidada no mercado financeiro.

“Os EFTs são fundos que replicam os índices das criptomoedas ou de outros ativos, como ouro e commodities. É uma maneira segura de investir porque todo fundo tem um gestor responsável por fazer as aplicações com regras e critérios de acordo com objetivos pré-determinados. Além disso, o próprio fundo diversifica a carteira para dar mais segurança e diminuir perdas. Porém, esse é um serviço com taxas”, detalha Teixer.

A outra opção é a exchange (corretoras), que permite que a pessoa compre diretamente os ativos de seu interesse. No entanto, a modalidade é indicada apenas para quem já tem familiaridade com os criptoativos, já que não há um especialista ou assessoria envolvida. A vantagem aqui, afirma, é que as taxas envolvidas são ínfimas.

Por quanto tempo investir: Determinar o período entre a compra e a venda de criptoativos depende do perfil e da estratégia do investidor. Devido à liquidez e à volatilidade, são ativos que podem ser rapidamente vendidos, se for necessário, mas essa não precisa ser necessariamente a estratégia.

“Atualmente, o investimento em criptoativos têm uma característica muito específica. Muita gente aproveita as oportunidades que surgem conforme novas criptomoedas são lançadas, comprando e vendendo rapidamente — ou seja, tem sido um tipo de investimento de curtíssimo prazo”, analisa o sócio-diretor da IRKO.

Ele afirma, porém, que é possível fazer investimentos de prazo mais longo no universo cripto, como na Bolsa, por meio das ETFs. Para isso, contudo, é necessário entender os riscos e limitar a exposição aos ativos, a depender do perfil de cada investidor.

Como está o cenário das criptomoedas

Para quem decidiu investir em criptoatios, estar sempre atento ao mercado é fundamental e, em busca de oferecer um breve panorama sobre os criptoativos, Rubens Neistein, business manager da CoinPayments, conversou com o Cointelegraph e destacou o potencial dos criptoativos como meio de pagamento e como isso vem popularizando as criptomoedas.

“A adoção, no ano passado, do BTC como moeda legal pelo governo de El Salvador, país da América Central, junto a outros projetos importantes no ecossistema cripto, fez com que aumentasse o interesse, tanto de grandes quanto de pequenas empresas, em fazer transações financeiras (pagamentos e recebimentos) por meio de moedas digitais”, disse,

Segundo ele, o movimento de El Salvador foi importante porque as pessoas começaram a olhar as criptomoedas como substitutas do dinheiro oficial, das notas impressas em papel moeda representativas do dólar, do euro, do real e de tantas outras emitidas pelos seus respectivos bancos centrais.

“Até 2021, a população em geral via criptomoeda como um ativo para investimento como são as ações na Bolsa de Valores, e não como um meio para as compras do dia a dia. E isso deve impactar bastante o sistema monetário internacional, pois as criptos não são emitidas pelos bancos centrais. São moedas descentralizadas, embora possam estar lastreadas em outros ativos” afirma, 

Ele aponta também que ao analisarmos o uso das cinco principais criptomoedas para pagamentos nos primeiros meses de 2022, já conseguimos perceber como se dá a evolução e as mudanças dentro do próprio segmento. 

“O primeiro ponto a se observar envolve a cultura de pagamentos. Mais pessoas físicas querem gastar suas criptomoedas da mesma forma que usam moedas fiduciárias. De janeiro de 2021 até março de 2022, o número mensal de transações por meio de criptos cresceu 32,52%. Já o volume financeiro transacionado dobrou, considerando o mesmo período. Claro que grandes marcas e até mesmo pequenos comerciantes estão de olho e começam a se preparar para capturar esse novo grupo de clientes”, aponta.

Ainda segundo ele, a escolha do tipo de criptomoeda para fazer o pagamento também chama atenção. Líder desde sempre, o Bitcoin (BTC) mantém a primeira colocação, mas perdeu bastante espaço em 2022. No primeiro trimestre do ano passado, o BTC respondeu por quase três quartos do volume total processado, exatamente 74,1%.

No entanto, nos três primeiros meses de 2022, reduziu sua posição para 35,6%, o que representa quase um terço do volume total. O mesmo acontece quando a análise é baseada no número de transações: o BTC representava 53,6% do total e neste ano o percentual caiu para 30,2%. 

A segunda criptomoeda mais usada foi o Tether (USDT). Entre janeiro e março de 2021, representava 10,4% do volume total e, no mesmo período deste ano, saltou para 46,7%. No ano passado, o USDT representava 4,1% das transações e agora representa 35,3%. 

Por muitos anos, o Ethereum (ETH) foi a segunda moeda mais usada. Porém, em 2021 começou a perder espaço para o Tether como meio de pagamento e caiu para a terceira colocação. No ano passado, representava 10,3% do volume total de pagamentos e 17,1% do total de transações. Neste ano, contudo, apresentou queda, registrando, respectivamente, 7% e 13,3%. 

“Agilidade, segurança e custo operacional menor são algumas razões pelas quais consumidores e empresas comecem a aceitar criptomoedas em suas transações financeiras. Há uma clara disrupção no mercado financeiro e até mesmo a preferência pelo BTC começa a mudar. Talvez porque o público em geral já tenha entendido os objetivos da criação de cada criptoativo.  Enquanto o USDT surgiu para funcionar de forma parecida à moeda tradicional, o BTC, por exemplo, que, devido à sua escassez, pode ser considerado mais como ativo de investimento do que moeda para transação diária. O fato é que não dá mais para ficar fora desse mercado”, finaliza.

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Aviso: Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar uma decisão.

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