Exclusivo: Chineses querem dominar a mineração de Bitcoin no Paraguai

Grupo de chinesas esta em tratativas para comprar 4 galpões de mineração de Bitcoin no Paraguai e pretendem dominar o negócio no país

Grandes mineradores chineses estão de olho nas oportunidades de mineração de Bitcoin no Paraguai e em busca de dominar o setor de mineração no país.

Segundo informações exclusivas compartilhadas com o Cointelegraph dois grandes grupos de mineração da China já estão em conversas com o Governo do Paraguai para iniciar operações no país.

Além de contato com o Governo os chineses também estão negociando a compra de fazendas de mineração, comandada por brasileiros, instaladas no país.

Em uma das tratativas que o Cointelegraph teve acesso os chineses estão negociando a compra de 4 galpões, com dois andares cada, que fazem operação de mineração de BTC.

Além dos galpões também está em estudo a compra de uma fazenda de mineração estruturada com containers e que, portanto, seriam, em tese, escalável.

Os chineses estudam propostas tanto de compra total da operação como de parceria sendo que os brasileiros ficariam com 25% do negócio que seria operado todo pelos chineses.

2018

Desde 2018 chineses têm voltado os olhos para o Paraguai.

Naquele ano a gigante mundial de ASIC, Bitmain, foi uma das primeiras a encomendar um estudo sobre o mercado de mineração na América Latina.

Contudo, assolada em lutas internas por poder, a gigante mundial cancelou os planos de abrir uma fazenda no Paraguai e fez parcerias para distribuir equipamentos na América Latina.

Já em 2019 um grupo de chineses começou a sondar diversas fazendas de mineração no Paraguai.

Outros grupos procuram o Governo paraguaio e fecharam acordos para expansão e implantação de fazendas de Bitcoin no país, contudo, nenhum deles ainda está em operação.

Energia

Embora o Paraguai tenha um clima quente e seco e que portanto requer mais estrutura de resfriamento das fazendas de mineração de Bitcoin o grande atrativo do país é a energia e a enorme oferta de terras planas.

Hernandarias, cidade onde as fazendas de mineração estão instaladas no Paraguai é praticamente um deserto com uma só estrada asfaltada e centenas de condomínios empresariais com pouquissimas industrias.

A ideia do governo paraguaio era que a cidade fosse o grande polo industrial do país devido ao acesso a energia, porém a proposta não vingou e os condomínios empresariais raramente tem mais que 20% de ocupação

Assim mesmo a China sendo ainda o melhor lugar para minerar Bitcoin e domine a mineração de BTC com quase 60% do hashrate gerado no país a mineração acaba sofrendo com uma oferta de energia instavestável, sem contar o terreno que é montanhoso e muito sujeito a desastres naturais.

Há diferentes regiões na China onde a mineração de Bitcoin esta concentrada, porém, a principal delas é Sichuan durante a estação das chuvas.

Contudo, após o período chuvoso, muitos mineradores tem que desligar seus equipamentos ou mudar para outras áreas com outras fontes de energia como as usinas de carvão.

Portanto, segundo os chineses o Paraguai oferece, em termos de energia, um importante atrativo que é a energia barata de fonte renovável, constante e estável

ASIC e Governo

Outro ponto levantado pelos chineses nas negociações é a estabilidade de Governo no Paraguai.

Ao contrário de outras regiões atrativas na América Latina como a Venezuela, o Paraguai oferece uma estabilidade política apesar das alternâncias de poder no país.

Além disso, os chineses revelaram que há um clara intenção do Governo em impulsionar a instalação de fazendas de mineração no país e isso ocorreu graças aos brasileiros que foram os primeiros a ‘explorar’ o local.

Segundo os chineses os paraguaios perceberam com as fazendas de mineração dos brasileiros que poderiam tornar a energia uma ‘commodity’ e vender para os mineradores uma energia ‘mais cara’ que a vendida para o Brasil.

Isso porque, pelo acordo que resultou na implantação da usina bi-nacional de Itaipu o Paraguai é obrigado a vender o excedente de energia ao Brasil, porém, o país não consome nem 20% da energia gerada pela usina.

Desta forma o país acaba vendendo ‘barato’ a energia para o Brasil por um preço muito baixo, segundo o Governo paraguaio.

Um dos pontos que impediu muitas fazendas de mineração de Bitcoin expandir no Paraguai era a logística.

O tempo entre encomendar e receber ASIC fabricados na China no Paraguai chegava, em muitos casos, há 12 meses.

Porém os chineses que estão negociando a compra de operações no Paraguai já tem contato direto com Bitmain e Canaan e uma rota logística que já é usada por chineses que importam eletrônicos e outros itens ‘chingueling’.

OTC na China e compra no Paraguai

Outro ponto levantado pelos chineses para a instalação no Paraguai é a incerteza do cenário de criptoativos na China com a possível massificação do Yuan Digital. 

Alguns mineradores temem que com o governo chinês tendo sua própria moeda digital pode haver uma tendência em proibir as criptomoedas no país.

Além disso destacaram que muitos mineradores hoje estão com dificuldades para vender seus Bitcoins devido ao fechamento de diversas operações de compra e venda de criptoativos via OTC.

Eles relataram investigações envolvendo grandes operadores do mercado cripto na China, além do encerramento de contas bancárias. Há rumores, segundo eles, que as investigações teriam sido responsáveis inclusive pela prisão do fundador da OKex, Xu MingXing (hoje em liberdade). 

Sobre a compra de fazendas de mineração de brasileiros no Paraguai, nas informações compartilhadas com o Cointelegraph os chineses planejam inclusive usar as S9 dos brasileiros.

Porém ainda não é certo se estes equipamentos seriam mantidos no país ou destinado a outros locais onde poderiam ser mais rentáveis.

No entanto, no documento que o Cointelegraph teve acesso, o primeiro ‘passo’ caso o negócio seja fechado é trazer para o Paraguai milhares de S19 Pro, além de equipamentos para mineração de Dash.

As tratativas estão avançadas e a expectativa é que o negócio seja concluído ainda este ano para que os primeiros equipamentos já estejam em operação em fevereiro de 2020.

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