Exchange enviou R$ 1,4 milhão em Bitcoin para carteira perdida de CEO morto

A exchange canadense de criptomoedas QuadrigaCX fez uma transferência de 103 bitcoins (R$ 1,4 milhão) para uma carteira offline do falecido Gerald Cotten no dia 06 de fevereiro. Ele era o dono da empresa e supostamente o único a possuir as chaves privadas de acesso a R$ 700 milhões (250 milhões de dólares canadense).

Segundo um relatório de terça-feira (12) da empresa de auditoria Ernst and Young, a exchange acidentalmente moveu os 103 bitcoins para uma carteira que não pode ser acessada. A empresa de auditoria foi indicada pela própria diretoria da QuadrigaCX na oitiva do dia 05 de fevereiro.

“Em 6 de fevereiro de 2019, a Quadriga, imprudentemente, transferiu 103 bitcoins avaliados em aproximadamente US$ 468.675 (CAD) para carteiras frias Quadriga, que a Companhia atualmente não tem acesso. A chefia e a gerência estão trabalhando para recuperar essas criptomoedas em várias carteiras frias, se assim for possível”, diz um trecho do documento.

A data da transferência ocorreu um dia após a Suprema Corte da província de Nova Escócia ter aceitado o pedido de proteção ao credor realizado pela viúva de Cotten, Jennifer Robertson, atual diretora da exchange.

Robertson havia afirmado que não podia acessar as carteiras frias porque somente o marido detinha as chaves privadas.

Sobrou 51 bitcoins na exchange

De acordo com o documento, a Ernst and Young assumiu o controle de vários dispositivos eletrônicos da QuadrigaCX — laptops, smartphones, USBs —  supostamente de propriedade ou usados ​​pelo por Cotten para operações na exchange. A empresa os mantém em um cofre alugado.

Assumiu também o controle dos fundos remanescentes da bolsa e deve transferi-los para uma carteira offline da instituição para que os valores sejam ajuizados.

Os criptoativos e quantidades remanescentes são os seguintes: 51 BTC (inicialmente eram 154 BTC), 0,013 BSV, 33 BCH, 2032 BTG, 822 LTC e 951 ETH, totalizando 902 mil dólares canadense.

A Coindesk, via email, solicitou à Ernst and Young os endereços das carteiras, mas não obteve resposta.

Na última-sexta-feira (09), o site divulgou uma análise de dados públicos de blockchain, revelando que quase US$ 1 milhão (R$ 3,7 milhões) em ether (ETH) haviam sido enviados da QuadrigaCX para outras exchanges somente em dezembro.

Só para a Binance, 4.550 ETH foram enviados. As outras bolsas que receberam fundos foram a Bitfinex, a Kraken e a Poloniex.

Parte dessas transferências foi feita na semana que antecedeu a morte do fundador e CEO. O total de ETH transferidos foi de 9.000 unidades.

Entenda o caso QuadrigaCX

A morte de Cotten foi anunciada de forma tardia quando sua esposa, Jennifer Robertson, entrou com pedido de proteção ao credor na Suprema Corte da província de Nova Escócia, no Canadá, no dia 31 de janeiro.

O pedido foi acatado no dia 05 de fevereiro e a empresa não pode receber nenhum processo nos próximos 30 dias a partir desta data.

Robertson alegou que somente o marido detinha as chaves privadas das contas da exchange. Ela apresentou uma declaração de morte de uma empresa de funeral — um hospital particular de Jaipur, na Índia, chamado Fortis Escorts, também confirmou o óbito no dia 07 deste mês.

A exchange ficou inacessível uma semana após a notícia da morte de Cotten, fundador da empresa com 363.000 usuários registrados. Dentre eles, 92.000 possuem saldos em conta.

Testamento dias antes de morrer

Cotten apresentou um testamento 12 dias antes de morrer. Nele, Robertson foi registrada como a única beneficiária e executora de todo o espólio do falecido — eles não tiveram filhos.

Segundo documentos judiciais, a viúva herdou uma grande quantia (não divulgada) de ativos e de dinheiro que mantinha nos bancos Bank of Montreal e no Canadian Tire, carro de luxo de quase meio milhão de reais, iate e até mesmo um avião. É o que mostra o testamento de 27 de novembro de 2018.

Cotten, cuja morte, segundo Robertson, foi repentina, levou consigo o acesso a US$ 180 milhões em Bitcoin, Ethereum, Bitcoin Cash, Litcoin e US$ 70 milhões em fiat, caso as chaves privadas não reapareçam.

O montante totalizou, então, 250 milhões de dólares canadense (cerca de R$ 700 milhões) pertencentes a 115 mil usuários.

Laptop criptografado

No laptop, os endereços de email e o sistema de mensagens que ele usava para administrar a empresa eram todos criptografados.

Nele estavam as chaves privadas e senhas de acesso a tudo que era relacionado às finanças da QuadrigaCX — contas bancárias, fundos de criptomoedas online e offline.

Robertson, que ficou de posse do computador, disse que não conseguiu o acesso ao dispositivo justamente por estar criptografado. Ela não possuía nenhuma chave privada.

Segundo a viúva, o laptop era o único dispositivo que Cotten usava para conduzir tudo a respeito da exchange.

“O computador laptop do qual ‘Gerry’ conduziu os negócios é criptografado e eu não sei a senha ou a chave de recuperação. Apesar de vários esforços em buscas, não consegui encontrá-las em nenhum lugar”, diz o documento assinado pela viúva.

Leia mais: Exclusivo: Receita Federal pede histórico de transações de Bitcoin para “peixe grande” do mercado brasileiro


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